Keyti Souza - cabelo afro feminino milita

Quando descobri que meu cabelo afro feminino milita?

Antes de tudo, quando descobri que meu cabelo afro milita e em uma perspectiva de gênero feminino, é de extrema importância começar esse texto com uma definição do que é ‘cabelo’. Afinal, é apenas um artifício de beleza?  Me frustrei na pesquisa do Google, pois só apareceram imagens de cabelos longos e lisos de pessoas brancas. A pesquisa foi uma furada, mas descobri que meu cabelo afro milita.

É fato que por muitos anos fomos reféns de uma beleza padrão que não existe e muito menos se adequa aos diferentes tipos de identidade. Nos Estados Unidos, Madam C. J. Walker, lá pelos anos 1880, já empreendia técnicas e criava químicos que as mulheres negras pudessem usar pra ter um cabelo mais “bem apresentável” ou ao menos parecido com o de mulheres brancas. E ao longo dos anos essa ideia e tipo de empreendimento permaneceu. A indústria de cosméticos continuou criando produtos para alisamento dos cabelos crespos e cacheados. Os cabelos fora do padrão que precisavam ser domados.

A infância

Como muitas mulheres negras, eu já usei cabelos alisados. Aliás, da minha infância (12 anos) até a vida adulta (30 anos), eu não conhecia meu cabelo original, não sabia como era meu fio, meu tipo de cabelo. Morava no interior da Bahia, em Feira de Santana, e pouco discutimos raça e muito menos nos sentíamos à vontade pra usar o cabelo natural. Já não conhecia meu fio, morria de medo do que podia me esperar se abandonasse todos os artifícios possíveis para deixar meus cabelos lisos e ‘bonitos’ como o das pessoas brancas e como era esperado de mulheres negras.

Comecei usando um tipo de relaxamento que prometia deixar meus cabelos soltos, mesmo sendo um produto agressivo, que ardia meus olhos e às vezes feria minha cabeça, era melhor que ser natural e ‘feia’. Feia, foi assim que fomos descritos durante muito tempo, ser negro é feio. Levou muito tempo para descobrirmos nossa beleza e assumir nossa identidade.

Passei por vários produtos químicos nessa jornada pelo cabelo “perfeito”, inclusive, por muito tempo alisei como nossos ancestrais, no ferro aquecido no fogão. O problema do cabelo de ‘ferro’ era a chuva. Cheiro de cabelo queimado que deixava era terrível e ainda mais humilhante, então, permaneci na química. 

Guanidina, amônia, relaxamento, alisa e tinge e tantos outros fizeram parte da minha vida até 2017, quando mesmo escovava meus cabelos. Já não usava química, mas escovar e pranchar era minha rotina de final de semana. Trabalhava nele até ficar lisinho no estilo Kardashians.

Meu cabelo minhas regras

Então, foi em 2017, que resolvi me conhecer, tomar conta do meu cabelo. Fiz um post na rede social com o cabelo natural, dizendo que usaria meu cabelo como quisesse, fosse alisado ou natural. O post era um recado aos amigos que não paravam de fazer pressão pra que eu naturalizasse o cabelo. Depois de muito tempo, após esses posts de ‘cala a boca’, como a gente diz por aqui, resolvi cortar o cabelo.

Cortei curtinho e adorei, mas sabia que ali ainda não era meu cabelo, ainda tinha química. Foram precisos mais três cortes pra realmente conhecer meu fio. Não foi difícil aceitar. Amava aquilo, fazer carinho na minha própria cabeça e reconhecer quem eu era ali e pensar porque me neguei por tanto tempo.

Cabelo afro feminino no mercado de trabalho

Já ouvi dizer que mulher de cabelo afro não consegue emprego, e a gente sabe que em muitos lugares isso é verdade. Assim como também é verdade sobre o preconceito com cabelos trançados, dreads e outros modelos de afro hair. Sim, estou na cidade com a maior quantidade de negros do Brasil – Salvador, conhecemos nossa história desde o Daomé. Conseguimos nossa libertação com armas na mão, e não com a pena da Princesa Isabel, mas ainda assim, a cor da pele e o cabelo ganham mais destaque que nossa inteligência e articulação. 

Atuo com negócios e administração, trabalho como liderança. Lido com clientes do país inteiro, viajo e faço reuniões com pessoas de fora do país. Participo de eventos no Brasil inteiro, onde muitas vezes olho para o lado e não vejo um semelhante. Não tenho motivos pra me orgulhar disso, pelo contrário, queria ver mais gente preta ocupando esses espaços. Mas não me abato, seguro firme e penso que preciso guardar lugar pra que novos negros possam chegar ali.

Cabelo afro milita

Descobri que meu cabelo afro quem milita, especialmente quando vejo e ouço pessoas pretas querendo ocupar aquele lugar quando me veem ali com meu black ou minhas tranças.

Em Salvador, o cabelo das mulheres fala por elas e a riqueza de cortes, penteados, tranças e toda a infinidade de possibilidades é um encantamento. Mas não, nem toda mulher negra é obrigada a deixar o cabelo natural. Nem toda mulher negra de Salvador usa o cabelo afro. Mas entenda, nosso cabelo milita.

Recentemente resolvi experimentar usar tranças, as Box Braids, ou seja, ovamente me apaixonei por mim e pela cabeleira que tô carregando. Desde que descobri que meu cabelo afro milita, continuo deixando meu cabelo militar. Continuo mudando ele como um camaleão, ou seja, vou continuar tentando inspirar outros pretos e pretas a ocupar o espaço.

Agora me diz, o seu cabelo afro na versão feminino ou masculino, milita?

Keyti Souza

Keyti Souza

Formada em jornalismo, mas atuando na área de negócios em audiovisual, sou nascida no interior da Bahia, mas resido em Salvador. Um dia ouvi dizer que eu moro onde as pessoas tiram férias, e é a mais pura verdade. Viver em Salvador é ter sempre um ponto turístico na palma da mão, uma cultura pra celebrar e uma boa praia pra pegar um sol. Mas gosto de ir além, de conhecer novos lugares, novas culturas e novas identidades. Quando a gente viaja, sempre traz na mala e no coração um pedaço daquele lugar.

É por isso que viajo. Da Bahia pra conhecer o mundo.

Instagram @keytissouza

Twitter @keytisouza

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Helen Rose ano sabático em África do Sul

Um ano sabático na África do Sul durante a pandemia de 2020

Da série Negras Viajantes Presentes! Histórias que inspiram vamos compartilhar a história de Helen Rose em um ano Sabático pela África do Sul durante a pandemia de 2020.

O ano era 2019, quando finalmente resolvi realizar o sonho de morar fora do Brasil, unindo a experiência de moradora, estudante intercambista e turista. Morar na África e ainda aprender inglês? Maravilha! Uma mulher negra, pobre e aos 50 anos ir para um sabático, rompendo as barreiras do preconceito racial.

Mas antes de contar a viagem de 2020, quero dizer que a minha primeira viagem internacional ou o carimbo no passaporte, foi em 2016, para a África do Sul (Joanesburgo), Dubai e Índia (Nova Déli, Agra e Rishikesh). Foram 30 dias intensos e maravilhosos com um grupo de 18 pessoas. Como sou praticante de yoga e meditação há mais de 15 anos, ir para a Índia também era um sonho para conhecer as práticas de yoga disseminadas mundo afora.

Voltando para 2019/2020, foram alguns meses organizando, fazendo orçamentos, conversando com pessoas via web, busca em milhares de sites de viagens, renovar passaporte, cuidar de todas as burocracias e eis que chega o grande dia, fevereiro de 2020. Hora de partir, fazer o check in.

Lembro que em dezembro de 2019, tivemos as primeiras notícias sobre um vírus contaminado as pessoas na China, e que alguns turistas europeus também começavam a ter alguns sintomas. O tempo vai passando, até que em fevereiro a imprensa noticia o aumento de casos, mostrando pessoas em algumas cidades chinesas intensificando o uso de máscaras. Ainda não tínhamos muitos dados detalhados, até que um grupo de brasileiros que estavam na cidade de Wuhan, na China, são trazidos ao Brasil em um avião fretado pelo governo brasileiro e precisam ficar isolados, de quarentena para evitar a transmissão. Mas você que está lendo essa postagem deve também ter acompanhado o noticiário, a ideia era apenas contextualizar a organização da minha aventura.

Enfim, com as malas prontas cheguei ao aeroporto de Guarulhos, vi várias pessoas já usando máscaras, algumas até com luvas. Mas eu estava sem, apenas com álcool em gel na mala e bagagem de mão. Isso foi em um sábado, meu voo era via Angola com previsão de chegada na Cidade do Cabo no domingo à tarde.

A viagem foi tranquila, nenhum atraso, no aeroporto de Angola fui convidada para ir à “salinha”, fui revistada, questionada sobre o motivo da viagem e apresentei todos os documentos. Detalhe, em um voo lotado fui a única pessoa que a ir para a burocracia da imigração. Tudo pronto, liberado o voo para a África do Sul.

Ansiedade, alegria e expectativas, afinal seriam seis meses em uma cidade nova, morando com uma família sul-africana e depois moraria sozinha. Isso estava no planejamento.

Ano sabático na África do Sul

Trilha table moutain Africa do Sul Helen ROse
Trilha Table Mountain Africa do Sul por Helen Rose

Já era domingo, fui recebida por Rosie e Lionel no aeroporto, minha nova família na Cidade do Cabo, na segunda-feira, era a minha primeira aula na escola de inglês. Até agora tudo lindo, divino e maravilhoso.

Como fiz meu diário de bordo, sei que após duas semanas recebo a notícia de que a África do Sul começará um lockdown de vinte dias para evitar o avanço do Corona vírus, e as aulas de inglês que eram presenciais a partir de agora serão online. Todas as fronteiras fechadas, voos turísticos suspensos, permissão apenas para repatriação e comercial. Meu paraíso durou pouco, tive que recalcular a rota e me preparar emocionalmente para aproveitar a experiência dos meus sonhos.

E assim foi, fiquei quatro meses de lockdown morando com Rosie e Lionel, mais dois cachorros e com acesso limitado à internet porque na casa não tinha banda larga (fibra ótica), então eu colocava crédito no celular para acompanhar as aulas de inglês. O que era para ser um lockdown de vinte dias durou meses.

Quando foi em junho, na fase 3 do lockdown resolvi que era o momento de ampliar minha experiência indo morar sozinha e ter a possibilidade de conhecer outros bairros (mudei do Brooklin para Tamboerskloof) e outras pessoas. Através do Airbnb fui para um apartamento perto da Long Street, famosa rua turística em Cape Town.

Ano sabático na África do Sul Helen Rose
Helen Rose em Waterfront – Cape Town – Africa do Sul

A partir desse momento minha rotina era estudar com as aulas online, agora tinha uma boa conexão, com a fase 3 do lockdown já podia sair para fazer caminhadas, ir ao supermercado, shopping, seguindo todos os protocolos de segurança (máscara, álcool em gel e distanciamento social).

Aproveitei também esse momento para ser voluntária em dois projetos, um de horta comunitária e outro para moradores de rua, e, assim praticar a fluência em inglês e ter mais contato com os sul-africanos. Aos poucos as coisas foram se ajeitando, consegui sozinha me adaptar a nova rotina, conheci alguns brasileiros e fazíamos os passeios que eram permitidos. Fiz também contato com pessoas do Congo, Zimbábue, Senegal, Moçambique, Angola, Alemanha, França, Arábia Saudita.

A Cidade do Cabo (Cape Town) tem muitas praias, turismo de aventura, ecoturismo, então aproveitei para fazer muitas trilhas e caminhadas no principal ponto turístico, a Table Mountain (Montanha da Mesa). Uma formação rochosa linda, patrimônio natural da humanidade e é possível avistá-la de vários pontos da cidade. E com o coração acelerado, fui a Robben Island, ilha onde Madiba, Nelson Mandela, ficou preso por 27 anos, na luta contra o regime segregacionista do Apartheid.

Ainda não consegui ser fluente em inglês, mas já melhorei muito, tive algumas dificuldades em me adaptar as aulas online, pois confesso que prefiro presencial. Se não fosse a pandemia com certeza meu aproveitamento na aprendizagem da gramática teria sido muito melhor. Mas não posso reclamar, afinal, não fui a única a ser afetada pela Covid-19. Seri que fram os oitos meses mais importantes e incrveis da minha vida.

A resiliência faz parte da minha vida desde criança com a superação de muitos desafios, talvez essas características tenham sido fundamentais para que conseguisse aproveitar da melhor maneira possível o intercâmbio atravessado pela pandemia. Sou de uma família grande, meus pais não são alfabetizados, criaram oito filhos, minha mãe empregada doméstica e meu pai segurança de porta de fábrica (falecido há 30 anos). Comecei a trabalhar oficialmente aos 12 anos, como babá, empregada doméstica, balconista de padaria e cuidadora de idosos. Até que aos 18 anos fui aprovada em concurso público, para trabalhar como agente de saúde, a partir daí, pude começar a sonhar com um futuro melhor.

Atualmente pesquiso sobre história do continente africano, com destaque para o turismo na diáspora e países africanos de língua portuguesa.

Helen Rose ano sabático na África do Sul

Helen Rose

Viajante do tempo, historiadora, pesquisadora independente da história e cultura afro-brasileira.

Podcast Bitonga Travel

Essa foi a história de Hellen Rose e seu ano sabático na África do Sul. E aí gostou? Compartilhe a sua história e textos conosco: bitongatravel@gmail.com

Planejando ida ao museu na viagem

Vamos ao museu? 5 dicas de como se planejar na viagem

Vamos ao museu durante a viagem? Em primeiro lugar gostaria dizer que viajar nem sempre ir à museus…. Vou te contar que é um investimento “caro” e se não colocarmos na ponta do lápis esse rolê, parte do seu orçamento da viagem fica aqui.


Sendo assim, vou dar algumas dicas sobre como ir em museus se planejar para não gastar muito ou ir de graça.

1ª Nem toda viagem você precisa ir ao museu!

Planejando ida ao museu na viagem
Rebecca Aletheia museu Real da África Central – Bélgica


✅A primeira coisa é que nem toda viagem você precisa ir aos museus, tá tudo bem! Vc não vai morrer se não for em todos. Já fui pra Paris e não entrei no Louvre, ou seja, sobrevivi. Motivos tempo e dinheiro 😅

2º Todos os museus têm dia gratuito na semana, mês ou ano!

✅Segunda todos os museus têm um dia gratuito na semana, mês ou no ano, se informe! Brasil, países africanos, europeus e asiáticos super rola. Às vezes tem uma burocracia de enviar e-mail ou uns truques dia do museu(18 de maio) vc pode entrar gratuitamente, foi assim que entrei gratuitamente na maioria os museus de Maputo – Moçambique.

3º Planejamento financeiro antes da viagem

✅ Terceiro se tiver um/dois/três museus que você quer muito visitar, já guarde esse dinheiro antes da viagem e coloque no orçamento.

4º Planeje tempo

Planejando ida ao museu na viagem
Rebecca Aletheia museu do Amanhã – Rio de Janeiro


✅Quarto não vá ao museu com tempo corrido. Se você for ficar 2 dias e quer colocar 1 museu na rota, planeje bem porque obras são para contemplar. Lembro eu e minha prima na África do Sul no museu Hector Pieterson que chegamos 15 minutos antes de fechar. Adivinha? Corríamos por todas as áreas do museu igual doidas e era o museu que mais queríamos ir, adivinha? Não vimos nada direito, lembro pouco e nem inglês eu falava, ou seja, não entendi nada🤷🏾‍♀️🤦🏾‍♀️.

5º Vá em museus menos populares

✅Quinto vá aos museus menos populares, você poderá se surpreender. Foi em museus menos populares como na cidade de Tefé – AM que pude conhecer um historiador que sabia da história da cidade além do museu como ninguém e soube coisas e informações que anos viajando nunca iria saber.


E por fim gostaria muito de saber como é a sua relação de museu e viagem ? Você é do tipo que investe em museus ou nem quer saber sobre…

Ah, eu espero que tenha gostado dessas 5 dicas escrita por Rebecca Aletheia.

Ana torquato poeta e sua poesia

Poesia – O melhor de cada um

Poesia de Ana Torquato

Explore
Explorando
Sem ser
Explorado
Explore

O seu é diferente
Do outro,
Mostre o seu,
Insista com o outro
Compartilhem…

Pode ser dom
Pode ser bom
Com som
Sem som
Consuma…

Cada ser
Sabe ser
O melhor de si
É só deixar
Fluir…

Tem ali,
O que varre
O que costura
O que escreve
O que pensa

E até o que não faz nada
Acaba fazendo
O seu melhor,

As vezes é só
Ser só,
Explore,
Sem ser explorado
Permita-se!

Ana Torquato – Escritora e poeta por amor, com dois livros publicados e participação em antologias, foi premiada com o primeiro lugar em um concurso nacional de poesias no ano de 2019 , é membro da Academia de Letras da Manchester Mineira em Juiz de Fora, formada em Administração de empresas, é bacharela em Ciências Humanas e pós graduada em Gestão de Pessoas.

Apaixonada por viagens, fotografia, aventuras e correspondente da Bitonga Travel.

Envie sua poesia para bitongatravel@gmail.com

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Por trás de cada viagem, há uma história de superação

Da série mulher negra viajante que inspira contamos a história da Carina Silva, uma empreendedora que traz consigo a superação por de trás de cada viagem. Proprietária das empresas Destino Afro e Black Travelers .

Para algumas pessoas, viajar é um sonho nem sempre fácil de se realizar. Certa vez, uma colega me disse que queria muito de viajar, mas não tinha coragem devido ao medo de viajar sozinha. Ela dizia que viajar era um risco e que estar longe de casa em um imprevisto era arriscado. Na época eu era funcionária de uma agência de viagens e sugeri viagens em grupos e leituras sobre viagens. Ela até se animou, mas depois hesitou.

Carina Silva - Proprietária da agência de viagem Destino Afro e Black Travelers. Mulher negra viajante que inspira
Carina Silva – Proprietária da agência de viagem Destino Afro e Black Travelers

Quando penso na minha relação com viagens, vejo que desde o início sou uma viajante que sempre teve facilidade de viajar sozinha, seja pelo Brasil ou por exterior.

E faço isso quase que sem pensar em medos e anseios, na verdade, sei que viajar envolve desafios, mas o desejo e agora o hábito de viajar sempre foram mais fortes. E era interessante que esta paixão por viagens influenciava outras pessoas a viajar comigo. Em 2012 convenci minha mãe, irmã e ex namorado a viajar para Salvador juntos – foi a nossa primeira vez de avião. Foi fantástico. Nos próximos anos, isso se repetia – eu pensava em uma viagem, comprava a passagem e em seguida, amigos tomavam a coragem e vinham comigo. E foi assim para Gramado, Fortaleza, Europa e África do Sul. De certa forma, eu conseguia passar segurança para que as pessoas decidissem viajar.

Em 2018, já com minha primeira empresa aberta – a Black Travelers, eu fiz minha primeira viagem à África, e fui sozinha – uma amiga decidiu passar uma semana comigo na Cidade do Cabo :D. O meu plano era passar 3 meses na África do Sul, mas lá inclui Moçambique de última hora. E fui. Em Maputo, pesquisei regiões próximas para visitar e cheguei a praia de Macaneta. Um vilarejo de casas sem muros, sem barulho e caminhos de areia. A praia era enorme, uma longa faixa dourada de areia entre o verde da vegetação e o azul do mar e do céu. A paisagem era linda. E não havia ninguém ali. Devo confessar que está praia me trouxe medo. Sabe por quê? Eu estava sozinha, era deserta. 

Entre o medo e a coragem, decidi ficar. Caminhei por cerca de 30 minutos na presença da vegetação, areias, vento e cheiro do mar. Nenhum rastro de aves, muito menos de outro ser humano. Pensava em voltar, mas qual seria meu medo? Se não havia ninguém ali. Então continuei a caminhar e encontrei uns barcos de pescadores e cabanas onde fiz umas fotos.  Clique para ver a Foto

Esta caminhada na praia sozinha, me fez superar um medo que eu não sabia que tinha: de estar sozinha com a natureza. Foi um momento de entrega, reflexão e acima de tudo superação. Quando vi que não sentia mais medo de estar sozinha, decidi voltar para a Pousada. 

Ali mesmo, caminhando foi que pensei, se posso motivar amigos e familiares a viajar comigo, por que não motivar brasileiros a viajar para África e países da Diáspora? Senti que era um chamado. E dali decidi lançar o Grupo 2019, que me permitiu voltar a Moçambique com pessoas desconhecidas, que simplesmente foram tocadas por minhas histórias e vivências de viagens. O Grupo 2020 aconteceu em março em Cartagena na Colômbia, pouco antes da pandemia alastrar, mesmo em um cenário de futuro incerto, nosso grupo viveu momentos tão maravilhosos, que quase todos os dias compartilhamos fotos e vídeos sobre quão felizes estávamos apesar de as sombras das incertezas estarem na porta. E logo que a viagem encerrou, as janelas do mundo foram fechadas pela quarentena. O que fica? A gratidão em perceber que minha história pode ajudar pessoas a superarem medos e a ver quão belo, complexo e diverso o mundo é. Sejam elas físicas ou mentais, viajar é sobre superar fronteiras. Cruze as tuas!

 Viagem Destino Afro para Cartagena na Colômbia 2020 - Mulher negra viajante que inspira
Viagem Destino Afro para Cartagena na Colômbia 2020

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