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Você conhece as águas cristalinas de Nobres -MT?

Já pensou em conhecer as águas cristalinas de Nobres no Mato Grosso – MT no Brasil? Pareço urbana, mas na verdade eu sou uma mulher do mato. A maioria das minhas viagens é pra lugares de mata. Quanto mais natureza e mais fraco for o sinal do celular e da internet, maior é minha vontade de ir.

Depois da Chapada dos Guimarães (MT), decidi ir para Nobres (há 174 km de Chapada) e logo após eu iria para Poconé para conhecer o Pantanal. E essa foi uma das viagens mais arriscadas que já fiz. 

Tive uma semana incrível em Chapada dos Guimarães e parti pra Nobres com o guia. Foram quase três horas de distância, mas a estrada é muito tranquila, com asfalto novo. Mas não tem sinal de celular e o fluxo de carros é pequeno.  

Me instalei num hotel super bacana na vila Bom Jardim, distrito de Nobres, que também funciona como agência. Lá mesmo decidi os passeios que faria, pois ficaria apenas dois dias em Nobres. Foi tempo suficiente pra conhecer bastante coisa, pelo menos aquilo que eu mais gostaria de fazer. E é incrível como toda água naquele lugar é cristalina. Eu disse “toda”, mesmo o menor córrego tem água cristalina. 

Reino Encantado

Decidi fazer três passeios no tempo que teria na região, pois estava muito animada pra ir ao Pantanal. Escolhi ir ao Reino Encantado, onde você pode fazer tirolesa, flutuação ou ficar apenas tomando banho no rio. Vale dizer que o rio tem centenas de piraputangas (peixes) nadando lado a lado com você. A tirolesa é bem pequena, tem 15 m, mas você pode fazer mais de uma volta. A entrada no Reino custa R$90 reais e a tirolesa custa R$30 reais. 

Incrivelmente, eu sempre viajo pra lugares com mar e rios, mas não sei nadar. Mas isso não tira minha diversão de maneira alguma, no entanto, reduz minhas possibilidades de passeio, algumas vezes por medo mesmo. Então, não fiz flutuação. Mas e aí, gostou de conhecer as águas cristalinas de Nobres MT?

reino encantado
Keyti Souza nas águas cristalinas de Nobres MT

Lagoa das Araras

Depois do Reino Encantado, seguimos para a Lagoa das Araras, e talvez esse seja um dos lugares mais lindos que já vi na vida. É um local para contemplação, é morada das araras e de vários outros pássaros como garças, maritacas, canarinhos, etc. A lagoa é cercada de buritis, que são árvores ideais para os pássaros fazerem seus ninhos, porque elas ficam ocas e possibilita espaço para eles se protegerem dos predadores, como cobras. O ideal é visitar no final do dia, a partir das 17h, pois além de contemplar o pôr do sol, é o horário em que os pássaros começam a retornar ao ninho. É tão lindo, que dá pra ver o reflexo do céu na água. A entrada custa R$25 reais e não precisa de guia turístico. 

A Pousada Bom Jardim tem vários atrativos, como piscina e uma área pra contemplar animais selvagens, mas não deu tempo de aproveitar muito. 

lagoa das araras águas cristalinas de nobres MT
A Lagoa das Araras é o recanto de diversas aves.

Cachoeira Serra Azul

No dia seguinte fomos para a Cachoeira Serra Azul, que fica na  Fazenda Refúgio Sesc Serra Azul, administrada pelo SESC. A entrada custa R$80 reais se for apenas para banho e R$130 se incluir a tirolesa. Como adoro tirolesa e essa era maior, 600 metros de descida e 50 metros de altura por cima das árvores, incluí no meu pacote. E tem arvorismo por mais R$50 reais.

Para acessar a cachoeira, que só pode entrar com colete, mesmo quem sabe nadar, percorri uma trilha de 700 metros, sendo uma subida de 460 degraus bem irregulares. Assim como no Reino Encantado, também há piraputangas (peixes) nas águas totalmente cristalinas da cachoeira. Esse é mais um lugar com belas águas cristalinas em Nobres no MT.

O limite de permanência na cachoeira é de 60 minutos, mas como cheguei num dia vazio, consegui ficar um pouco mais. Não havia ninguém além de mim e do guia.

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A Cachoeira Serra Azul tem visitação diária e controlada pelo SESC.

Saindo da Cachoeira Serra Azul, o destino seria Poconé (há 225 km) para ver o Pantanal. Pegamos a estrada e no meio do caminho começou uma tempestade de raios, uma das poucas coisas que me dá um medo absurdo. Passada a tempestade, o carro quebrou a primeira vez e tudo bem, porque logo voltou a funcionar. Mas depois disso, o carro quebrou outras quatro vezes na estrada, que como eu disse, não tem fluxo de carros e nem sinal de celular.

Nem tudo são flores…

Quando chegamos numa estrada movimentada, resolvi descer do carro, abandonar o guia e pegar meu dinheiro de volta (claro que ele não tinha mais o valor integral). E acho que na verdade, não sei se eu o abandonei ou ele me abandonou na estrada. 

Fiquei num lugar totalmente desconhecido, mas tinha um posto policial perto. Sinceramente, um misto de proteção e perigo tomaram conta de mim. Fiquei no posto policial, mas estava mesmo era com medo, afinal, os casos sobre estupro cometidos por policiais era recente na epoca. Até pra usar o banheiro do local eu tive medo, mas fui. Como o posto ficava numa rodovia estadual, de um lado poderia ir pra Cuiabá e ficar num hotel até o dia do meu voo pra casa, do outro lado eu poderia retornar pra Chapada dos Guimarães, onde eu já conhecia pessoas. 

Aguardei por mais de 3 horas e nada de passar ônibus pra nenhum dos lados. Os primeiros policiais que estavam no posto trocaram de turno e tive que contar toda minha história novamente, mas falando ao telefone com pessoas conhecidas o tempo inteiro, pra demonstrar que sabiam onde eu estava.

Até que percebi que um policial estava dando em cima de mim, aí o medo aumentou, mas acabei dando meu telefone por receio que a rejeição o fizesse fazer algo comigo. Pouco antes do posto policial fechar, faltavam 20 minutos, eles pararam um carro numa blitz e o motorista estava indo para Chapada dos Guimarães e pediram pra o rapaz me dar carona. Nem pensei e entrei no carro sem nem saber o nome do motorista, mas parecia ser mais seguro que ficar ali.

Mesmo depois de toda essa aventura, valeu a pena conhecer as águas cristalinas de Nobres no MT.

Um pouco sobre mim

Keyti Souza

Keyti Souza

Formada em jornalismo, mas atuando na área de negócios em audiovisual, sou nascida no interior da Bahia, mas resido em Salvador. Um dia ouvi dizer que eu moro onde as pessoas tiram férias, e é a mais pura verdade. Viver em Salvador é ter sempre um ponto turístico na palma da mão, uma cultura pra celebrar e uma boa praia pra pegar um sol. Mas gosto de ir além, de conhecer novos lugares, novas culturas e novas identidades. Quando a gente viaja, sempre traz na mala e no coração um pedaço daquele lugar.

É por isso que viajo. Da Bahia pra conhecer o mundo.

Instagram @keytissouza

Twitter @keytisouza

Trilhar é preciso. Conheça a Chapada dos Guimarães no Mato Grosso – Brasil.

Trilhar é preciso! Chapada dos Guimarães por Keyti Souza

Venha trilhar pela Chapada dos Guimarães com Keyti Souza.

Li algumas vezes que coragem não é a ausência de medo, mas enfrentar o seu medo. Essa frase de Nelson Mandela me guia toda vez que escolho meu próximo destino e toda vez que alguém me chama de corajosa (ou de louca) por viajar sozinha. E quantas de nós já não foi chamada de louca por escolher seu próprio destino? 

A primeira vez que viajei sozinha foi em 2013, e não foi uma decisão fácil, nem era algo que tivesse sido planejado ou desejado, mas viver essa experiência foi uma das melhores coisas da minha vida e de lá pra cá, passou a ser opção.

De acordo com o Ministério do Turismo, mais de 17% das mulheres brasileiras desejam e planejam viajar sozinhas, enquanto apenas 11% dos homens têm a mesma intenção. O número ainda é baixo, se comparado com outros lugares no mundo, onde o percentual pode chegar a 50%. O medo da violência, do assédio e até da solidão são entraves para que mais mulheres possam viajar sozinhas. São medos que eu mesma já compartilhei e compartilho ainda, afinal, muitas vezes, ser mulher não é seguro. Mas sempre penso que esse perigo pode nos alcançar em qualquer lugar, até mesmo dentro de casa.

Chapada dos Guimarães (MT)

Em 2019 vivi uma das experiências mais incríveis da vida. Decidi conhecer todas as Chapadas do Brasil e estava em viagem pela terceira da minha lista, Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. O Parque Nacional tem o mesmo nome da cidade que o abriga, Chapada dos Guimarães, e fica há 69 km da capital Cuiabá. Não há voo direto de Salvador para o Mato Grosso, então, foram algumas longas horas até chegar lá. De Salvador para Recife (PE), de Recife para o Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. 

Bem, como não dirijo, peguei um ônibus da rodoviária de Cuiabá e em uma hora eu estava na Chapada. Lembrando que no Mato Grosso o fuso horário é diferente do horário de Brasília. Lá, tem uma hora a menos.

Ainda no caminho até lá, fiquei encantada com os paredões de arenito do entorno da cidade. Fiquei hospedada no hostel de uma pessoa preta, o que foi muito bom. Uma pena o hostel ter fechado as portas por conta da pandemia. Também faço votos pra que volte a se reerguer.

Viajar sozinha não significa estar sozinha, a não ser que você opte por isso e não tem problema nenhum. Mas chegando lá eu conheci tanta gente que hoje está no meu coração e faço votos pra sempre ter notícias sobre eles. Pessoas amigas, divertidas, animadíssimas, preocupadas com a natureza, preocupadas com as pessoas.

Mas viajar sozinha nos dá oportunidade para estar aberto a conhecer novas pessoas, novos lugares e a buscar mais sobre a cultura do lugar. Conheci pessoas tão diversas, identidades realmente distintas. Sim, quando a gente viaja, a gente carrega um pouco do lugar, da cultura e das pessoas conosco e deixa um pouco de nós nos que ficaram.

Foram dias incríveis na Chapada dos Guimarães e ainda assim foi pouco pra conhecer tudo de bacana que tem por lá, mas aqui seguem algumas dicas de passeios.

Circuito de Cavernas

São três cavernas para visitação e uma gruta, que ficam dentro de uma fazenda. A visitação custou R$100 (cem reais por pessoa) e só é permitida a entrada com a presença de um guia. Na verdade, na maioria dos locais só é possível visitar com guia, então, pesquise muito seu guia antes de contratar. Veja referências, modelo do carro, se ele tem instagram ou alguma rede social que você possa ver outras viagens feitas por ele. É preciso confiar no guia. 

Para acessar as cavernas é preciso fazer uma trilha de mais ou menos 10 km, mas no retorno é possível voltar de trator pagando a diferença. Independente do valor, achei a trilha tão curta e como gosto de caminhar, optei por voltar andando pela trilha.

A primeira caverna é Aroe Jari que tem mais de 1.500 metros de extensão. Dependendo da época, é possível fazer a travessia entre as duas bocas da caverna, mas quando fui, estava cheia de água e não deu pra atravessar. Não dá pra enxergar nada lá dentro, apenas com uso de lanternas. 

Logo após fica a Gruta Lagoa Azul, que é apenas para contemplação, o que acho super correto. É preciso preservar o local, que tem a água totalmente azul. A próxima caverna é a Kiogo Brado, seguida pela Pobe Jari. 

Depois do passeio, tem um almoço delicioso no restaurante do local. Comida totalmente regional.

Importante: É preciso usar a perneira anti picada de cobras, pois tem muitas na região. 

Circuito Águas do Cerrado

O circuito Águas do Cerrado fica na Fazenda Buriti e paguei R$75 reais pra entrar. São oito cachoeiras, sendo permitido banho em cinco delas. E ainda tem o Poço do Amor, que tem formato de coração. 

Na Cachoeira Almas Gêmeas, Pedra Encantada e Mistério não é permitido banho. Mas você pode se encantar na Cachoeira das Orquídeas, que tem várias quedas (e dá pra fazer um book de fotos),  Sossego, Coração, Cambará e Escadarias.

Circuito Cachoeiras

  • Cachoeira das Orquídeas - Keyti Souza
  • Cachoeira Almas Gemeas

Apesar de também ter cachoeiras, o Circuito Águas do Cerrado e o Circuito Cachoeiras são totalmente diferentes e ficam em lados opostos. 

Nesse circuito está a famosa Cachoeira Véu de Noiva, que é cartão-postal da Chapada dos Guimarães. A cachoeira também é apenas pra contemplação, mas vale a pena, porque é muito linda.

Depois do Mirante da Cachoeira Véu de Noiva, seguimos uma caminhada de aproximadamente 6km pra conhecer outras seis cachoeiras, nenhuma com a mesma magnitude da primeira.

Cachoeiras Sorrisal, Pulo, Prainha (parece uma prainha mesmo, com um banco de areia pra tomar sol), Degraus, Piscinas Naturais e Andorinhas. 

Cidade da Pedras e Vale Rio Claro

Chapada Dos Guimarães – Cidade da Pedra por Keyti Souza

De antemão, a Cidade das Pedras é outro cartão-postal da Chapada e descanso  de tela do Windows. É um dos lugares mais incríveis e belos de se ver, porque realmente parece uma cidade de pedras. Grandes paredões de arenito e ao longe dá pra ver Cuiabá.

Depois um passeio pelo Vale do Rio Claro pra ver a Crista do Galo que é uma das formações rochosas mais lindas que já vi.

Trekking no Morro São Jerônimo

Morro São Jerônimo

Amo um trekking. O Morro do São Jerônimo é um dos picos mais altos da região e tem 850 metros de altura e o melhor, dá pra ter uma vista 360º de lá do alto. Pra chegar no pé do morro tem uma trilha e depois inicia a subida. É preciso ter preparo físico, porque a caminhada é longa e a subida é íngreme. 

A vista é linda, é perfeita. Acabou começando a chover enquanto estava lá no alto, e na Chapada tem muitas chuvas e raios, então tivemos que descer logo. O alto do morro é um campo aberto e não tem como se proteger da chuva e dos raios lá.

Noite na Chapada dos Guimarães

A cidade é pequena, mas se você fizer os amigos certos, vai ter noites super animadas. 

No Centro da cidade você pode conhecer o Bar Santos, que fica na praça e geralmente tem música ao vivo. Minha amiga Queilinha toca lá. No Chapada Hostel geralmente tem um luau à noite. O Restaurante Osteria tem vinhos e chopes artesanais muito bons.

Keyti Souza

Keyti Souza

Formada em jornalismo, mas atuando na área de negócios em audiovisual, sou nascida no interior da Bahia, mas resido em Salvador. Um dia ouvi dizer que eu moro onde as pessoas tiram férias, e é a mais pura verdade. Viver em Salvador é ter sempre um ponto turístico na palma da mão, uma cultura pra celebrar e uma boa praia pra pegar um sol. Mas gosto de ir além, de conhecer novos lugares, novas culturas e novas identidades. Quando a gente viaja, sempre traz na mala e no coração um pedaço daquele lugar.

É por isso que viajo. Da Bahia pra conhecer o mundo.

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