Afroturismo, turismo, viajantes e pesquisa acadêmica – por Helen Rose
Olá, em primeiro lugar meu nome é Helen Rose, sou uma viajante Bitonga e o ano é 2023. Em 2021 meu texto foi publicado onde eu contava minha experiência de morar na Cidade do Cabo/Cape Town (África do Sul) durante o período da pandemia 10 coisas que re(descobri) em 2020 atravessando o Atlântico.
Afroturismo, turismo, viajantes e Pesquisa Acadêmica
Agora minha alegria em escrever para vocês é porque estou fazendo mestrado na USP e pesquisando sobre turismo e afroturismo. E o bacana de tudo isso é que também vou entrevistar viajantes que foram ao continente africano, a entrevista será com a metodologia de História Oral, que considero fundamental para que as nossas histórias possam ficar registradas em arquivos e na universidade. O desafio agora é descrever minhas experiências em viagens com a teoria acadêmica.
Viajando para a África do Sul
Em 2016 fiz a minha primeira viagem internacional, o que sempre achei que seria impossível aconteceu, no final de janeiro embarquei para a África do Sul, desembarquei em Joanesburgo e foi uma sensação incrível. Estava viajando com um grupo de dezoito pessoas e ficamos cinco dias em Joanesburgo, onde tive a oportunidade de visitar do Museu Nelson Mandela e conhecer um pouco mais sobre a triste história do regime de segregação racial do Apartheid (que vigorou na África do Sul de 1948 a 1994).
Pelo Mundo
Depois dessa pausa na África do Sul, embarcamos para a Índia, em direção a Nova Déli, mas antes fizemos uma conexão em Dubai, um dos aeroportos mais lindos do mundo e a vista área do deserto é uma das minhas imagens preferidas. (incluir foto do Taj Mahal).
Depois dessa primeira viagem consegui viajar pela América do Sul indo ao Deserto do Atacama, Patagônia e Ushuaia, Irlanda/Dublin, Inglaterra/Londres e Hungria/Budapeste.
Meu desejo/vontade era fazer mestrado e as viagens contribuíram para a definição do tema e foi durante a pandemia da Covid-19, morando em Cape Town, que consegui elaborar o mapa das minhas viagens que chamei de Cartografia Afetiva ou Viagens e Andanças. (incluir foto e referência das geógrafas).
O mapa auxiliou na elaboração do projeto de pesquisa sobre afroturismo, pois enquanto olhava o mapa lembrava de todos os desafios de organizar a viagem, planejar o custo e principalmente as lembranças dos lugares e das pessoas. Ah, sim, sou historiadora e sempre entendi que história e turismo são áreas do conhecimento interconectadas.
Turismo – Ponto de Partida da pesquisa
Afroturismo, turismo, viajantes e pesquisa acadêmica – por Helen Rose
O turismo é meu ponto de partida onde posso pesquisar sobre diversos aspectos utilizando o conceito de interseccionalidade (raça, classe, gênero) e a história oral como um registro importante da/do viajante. Estamos vivendo um momento importante dentro das universidades brasileiras, onde nós mulheres pretas deixamos de ser apenas objeto de pesquisa e nos tornamos pesquisadoras.
No momento estou compartilhando as viagens internacionais em outro momento que partilhar sobre minhas viagens à Salvador/Bahia, Chapada Diamantina, Olinda/Pernambuco, Lençóis Maranhenses e Alcântara/Maranhão, Manaus/Amazônia, Pantanal/Mato Grosso, Curitiba/Paraná, sem esquecer do estado de Minas Gerais, onde conheço bem Ouro Preto, Mariana, Diamantina, São João Del Rei, Tiradentes, Belo Horizonte e a incrível região do Vale do Jequitinhonha/norte de MG.
Por fim…
A teoria feminista negra tem como um dos seus principais pilares a ideia de que a experiência de vida é uma forma de conhecimento que deve ser valorizada na produção científica. Assim, olhando para a minha história de vida e da minha família, sinto-me feliz por ter feito essas andanças pelo Brasil e pelo mundo. O passaporte e visto americano em ordem esperando o próximo check-in.
A Embratur, Agência Brasileira de Promoção do Turismo, anunciou a nomeação de Tania Neres dos Santos para liderar a recém-criada Coordenação de Diversidade, Afroturismo e Povos Originários. Com uma trajetória brilhante no setor e eleita duas vezes entre as 100 pessoas mais influentes do Turismo pela Revista Panrotas, além disso, Tania Neres assume o desafio inédito de promover a diversidade no país.
Perfil e experiência de Tania Neres
Tania Neres – nomeada para Embratur Afroturismo
Tania Neres é graduada em Administração de Empresas e possui pós-graduação em Planejamento, Marketing e Ensino da Cultura Afro. Com uma carreira de 30 anos no Turismo, ela se destacou como palestrante e facilitadora de cursos sobre Turismo Antirracista, Inclusão e Diversidade. Além disso, Tania fez parte do Comitê de Afroturismo de Salvador, participou do projeto de Destinos Turísticos Inteligentes (DTIs) e ocupou o cargo de Gerente Comercial da Bahiatravel.
A missão da Coordenação de Diversidade, Afroturismo e Povos Originários
Sob a supervisão da Gerência de Experiências e Competitividade Internacional da Embratur, Tania Neres liderará a valorização da diversidade nas ações promocionais. Além disso, a coordenação busca garantir atendimento inclusivo e, simultaneamente, promover o afroturismo como movimento antirracista, dando voz aos povos originários.
A importância da diversidade
A diversidade representa o respeito, a empatia e a inclusão em todos os espaços. É fundamental, portanto, criar um ambiente acolhedor, onde as pessoas se sintam bem-vindas e possam desfrutar de hotéis, aeroportos e demais locais turísticos sem sofrer qualquer forma de preconceito. Nesse sentido, a coordenação concentra-se na promoção da inclusão, da segurança e do respeito, abrangendo todas as dimensões da diversidade.
Afroturismo e seu significado
O afroturismo revela a história que muitas vezes é omitida. Trata-se de um movimento que combate o racismo e se destaca no cenário turístico mundial. Busca-se, portanto, promover um turismo inclusivo e antirracista, no qual todos os atores do setor reconheçam e valorizem a presença e a cultura negra. O afroturismo abrange aspectos como gastronomia, música, dança e manifestações culturais, convidando tanto pessoas negras quanto brancas a se engajarem nesse movimento.
Escute o episódio do Podcast Bitonga Travel com Tânia Neres e o Afroturismo
Povos originários e sua importância
Os povos originários fazem parte da nossa história e herança ancestral. Eles merecem não apenas respeito, mas também cuidado, e é fundamental.
Brilhe muito Tânia Neres
A nomeação de Tania Neres para liderar a Coordenação de Diversidade, Afroturismo e Povos Originários da Embratur marca um avanço significativo no setor do turismo. Além disso, como uma mulher negra e experiente, Tania traz consigo uma bagagem única, possibilitando uma abordagem autêntica e sensível em relação à diversidade cultural e étnica do Brasil.
Ao reconhecer a importância dos povos originários e promover o afroturismo, a Embratur demonstra um compromisso real em valorizar e respeitar as raízes e a história do país. Nesse sentido, o turismo se revela como uma força transformadora, ao abraçar a diversidade e oferecer oportunidades para todas as comunidades.
O novo departamento beneficia tanto a população negra quanto os povos originários, amplificando suas vozes e valorizando suas culturas na indústria do turismo. Ademais, a representatividade de uma mulher negra em posição de liderança inspira outros a perseguirem seus sonhos, cientes de que há espaço e reconhecimento para suas contribuições.
Se você está planejando conhecer Afroturismo em Ouro Preto – MG, nesse texto queremos te contar nos mínimos detalhes quanto custou essa viagem de 3 dias.
Em primeiro lugar, Ouro Preto é considerada Patrimonio Cultural da Humanidade pela UNESCO! Um outro ponto importante é que faz parte da rota do ouro. capitania de MG, cidade que faz parte da rota do ouro. compreender a formação do Brasil.
Essa viagem aconteceu em grupo com 5 mulheres no primeiro final de semana de 2023. E vale lembrar que foi uma viagem incrível regada de muitas emoções e imersão.
Quando ir?
Vista da igreja matriz de Santa Efigencia com uma ferragem com o simbolo Sankofa – foto arquivo pessoal de Rebecca ALetheia Museu da Inconfidência Mineira – Ouro Preto – MG foto arquivo pessoal de Rebecca AletheiaMina Chico Rei – Ouro Preto MGVista das montanhas ao redor de Ouro Preto – foto arquivo pessoa de Rebecca Aletheiaredor de Ouro Preto – foto arquivo pessoa de Rebecca AletheiaIgreja Santa Efigênia – Ouro Preto MGNegras Viajantes – Ouro Preto – MG
Ouro preto é um destino para o ano todo e a única recomendação evite época de chuvas, dezembro e janeiro.
Portanto, todavia, entretanto… no primeiro final de semana de janeiro acontece a festa do Reinado da Guarda de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigência e São Benedito, ou seja, faça chuva ou faça sol tem celebração. Essa festividade faz parte das atividades de Afroturismo de Ouro Preto e sinceramente, é uma festa magnífica que vale cada minuto.
Bem como, rola alguns festivais imperdíveis como Carnaval de rua, Festival de Inverno, Festival de Cinema entre outros…
Como ir?
Saindo de Belo Horizonte é possível alugar carro, ônibus da rodoviária, ou buser à partir de R$27,00, menos de 2 horas de viagem!
Não recomendo ir de carro, motivo? Muita ladeiras, a cidade é bem estreita e é mais fácil fazer tudo andando mesmo que tenha muitas ladeiras mas é mais fácil se locomover.
Congado e Moçambiques
De origem Africana celebra-se em diversos povos em favor do Rei Congo. Uma dança que começou com o nascimento de crianças em palácios e aldeias, com saudações à primavera e à colheita.
O Congado, ou reinado, é uma importante festa afro-brasileira, é abordado dentro de um contexto social, religioso e cultural, que por meio de dança, música e muitas cores, representa passagens históricas em homenagem a São Benedito, Santa Efigênia e especialmente à Nossa Senhora do Rosário. Exercendo um papel importante dentro do universo religioso, a função identitária dentro e fora das guardas, a importância da resistência e o empoderamento da cultura afro-brasileira.
Na festa de coroação tem também a guarda de Moçambique é considerada a mais importante nos festejos; sua presença é indispensável por fazerem a guarda da coroa da rainha.
Então já anote aí, 1º final de semana de janeiro acontece a festa do Reinado e é primordial participar!
O que fazer?
Afroturismo – Festa do Reinado Nossa senhora do Rosario, Santa Efigênia e São Benedito – Ouro Preto MG foto arquivo pessoal de Rebecca Aletheia
No Dia 1, conhecer a cidade e tenha o seu primeiro encontro, afinal de contas existe amor à primeira vista!
Dia 2 – Faça um tour de Afroturismo com Dim Neguinho, um dos melhores guias na minha opinião, tenha tempo pois ele irá andar e mostrar todos os pontos sem pressa.
Por fim, no dia 3, vá a cidade de Mariana – cidade que também faz parte do circuito do Ouro.
O que fazer em Mariana
Como ir pra Mariana de Ouro Preto – MG de transporte público – foto arquivo pessoal de Rebecca AletheiaO que fazer em Mariana 1 dia – MG – foto arquivo pessoa de Rebecca Aletheia Museu da Musica de Mariana – MG
Mas e aí, como chegar e o que fazer em Mariana? Bom cidades vizinhas com 20 minutos de distância em Mariana você poderá dar continuidade à rota do ouro. Uma outra super dica é possível ir com transporte público pagando R$6,75. Assim como, conhecer outras atividades, são elas:
O Museu da Música fundado em 1973, que tem um grande acervo de músicas sacras e músicos da cidade.
Após o museu da música visite a recém restaurada a catedral da Sé de Mariana local onde possui o orgão Arp Schinitger que foi instalado desde 1753. Dessa forma, irá fazer muito sentido entender o porque do orgão está na catefral da Sé de Mariana.
Dessa forma, não deixa de conhecer o centro histórico, suas igrejas, a arte e história.
Visite a dona Efigênia e receba uma bendição através de uma reza. Assim como, conhecer o artista e vizinho Mestre Paiva, grande artista referencia do Neo Barroco no Brasil.
Custo da viagem por pessoa
Roteiro 3 dias – Ouro Preto – MG Foto arquivo pessoal Rebecca Aletheia
Muito interessante com uma proposta pós colonial com a sabedoria dos escravizados para a construção da mina e de como fazer a exploração do ouro com técnica de engenharia, geologia. Dando a dimensão do conhecimento das pessoas africanas escravizadas.
Tour com Dim Neguinho R$60,00 fez a apresentação da cidade com o olhar afroturismo, aliás tem muito à se aprender com as igrejas, assim como com a sua arquitetura barroca no seu rigor de detalhes.
Turismo – Ouro Preto – Guia Dim Neguinnho
Colocando tudo na ponta do lápis, a viagem saindo de BH foi em torno de R$750,00 por pessoa com comida, passeios, hospedagem, transporte e bebidas.
Culinária Mineira
Falar de Minas Gerais – Ouro Preto, Afroturismo é impossível não falar sobre comidas. Deixo aqui 4 restaurantes para comer bem e preço justo.
Restaurante Vovó Chica – Rua Conde de Bobadela, 139 – Ouro Preto, MG – Restaurante com ótimo ambiente e com comida mineira para matar toda a vontade.
Quê cê Qué é um ótimo restaurante além de ter ótimos e lindos drinks para saborear.
Para noite em Ouro Preto indico Taberna Music Bar, é um bom restaurante gerido por uma quilombola de família Moçambicana, vale a ida, tem almoço também e pela noite é possível curtir o Espaço.
Para Almoço como à vontade e baixo preço indico o- Restaurante Tiradentes situado na R. Amália Bernhaus – Ouro Preto, MG. Não espere um restaurante sofisticado mas esse restaurante serve comidas populares e do dia à dia mineiro, com bom preço. Então se quer bater um bom prato para poder caminhar, aqui é o lugar.
Para um café recomendo – Café esquina da Realeza, com direito a vestir-se como rainha e rei e tomar um café.
Onde se hospedar?
Vista de Ouro Preto do topo com imagem da igreja Nossa Senhora do Carmo – Foto arquivo pessoal de Rebecca Aletheia
Vou deixar aqui 3 indicações de lugares para se hospedar, mas deixo livre para que possa encontrar um lugar, são elas:
Viagem solo – Uai Hostel – O local é familiar, Rodney o done é muito gente boa e o espaço é bem acolhedor.
Viajando de casal – Kit Net Solar do Rosário, tem uma vista linda do Pico Itacolomi tanto ao amanhecer e ao entardecer.
Viajando em grupo indico a hospedagem do Sr. Rodolfo – Alquimia House – sua casa em Ouro Preto, que além de ser muito grande, também tem vista da rua do centro, assim como no quintal é só subir a escada sem medo até o fim tem uma vista inacreditável da cidade de Ouro Preto.
Curiosidades sobre Ouro Preto
O primeiro nome da cidade foi vila Rica por conta da grande quantidade de ouro que tinha na região.
A cidade não tem UBER, nem 99, ou seja, use os aplicativos locais como 2V, Ubiz Car Brasil e OP Expert.
Aleijadinho nasceu em Ouro Preto e é um dos artistas negros de grande nome no Brasil.
A igreja do Pilar tem 400kg de ouro. a segunda igreja do Brasil com mais quantidade de ouros.
No museu da Inconfidência é possível encontrar uma Santa do Pau Oco.
A rua Conde de Bobadela é considerada uma das mais bonitas do Brasil, na minha opinião sim, exceto se não tivesse carros.
Ouro Preto tem um parque lindíssimo e vale muito à pena visitar, sendo assim, não vá embora sem visitar o Parque Horto dos Contos.
A bebida tradicional do local é a Ouro Pretana, vale a pena experimentar.
A primeira faculdade de Farmácia foi em Ouro Preto.
Por fim, Afroturismo em Ouro Preto,
Conta pra gente se você gostou dessa matéria, você imergiu no Afroturismo em Ouro Preto? Já visitou a cidade, tem vountade? Espero que essas dicas tenha te ajudado muito a imergir no que há de melhor pela cidade.
Podcast Bitonga Travel destino Ouro Preto – Maria Teresa
Se viajar para você é sinônimo de mergulhar na história, assim como dar possibilidades ao afroturismo, te convido a conhecer 5 ilhas importantíssimas para se conhecer em África.
Me chamo Rebecca Aletheia, uma viajante, não sou historiadora mas percorrendo África é notório perceber e compreender como as ilhas e suas funções no período do tráfico de pessoas africanas, assim como pós abolição servirão de espaços para o tráfico ilegal.
Sendo assim, apresento à vocês algumas das ilhas em África que merece visitação, assim como reflexão além da diversão e curtição.
Robben Island – Cape Town – África do Sul
Robben Island – Cape Town – África do Sul
Conhecida popularmente por ter sido prisão de ativistas que lutaram contra o Apartheid, entre eles ex-presidente da África do Sul – Nelson Mandela. Assim como, já foi colônia de leprosos, hospital psiquiátrico e base de treinamento da defesa. As ilhas de afroturismo e nesse caso a de Robben, é parada obrigatória para quem visita Cape Town – África do Sul. Afinal de contas foram quase 2 séculos (18 anos), onde Nelson Mandela ficou preso e nunca deixou de lugar pela libertação do seu povo. Atualmente, o local é inclusive considerado Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Ilha de Moçambique – Nampula – Moçambique
Ilha de Moçambique – Jardim da Memória – foto arquivo pessoal de Rebecca Aletheia
A Ilha de Moçambique, que fica na província de Nampula. A ilha é pequena e é possível conhecê-la andando.
De uma riqueza cultural indescritível, você encontrará mulheres moçambicanas, conhecidas como “macuas”, andando com “mussiro”, um pó como uma máscara de origem natural para cobrir todo o rosto, que além de ser uma espécie de ritual com conotação cultural e identitária, também tem efeito rejuvenescedor.
Lá você poderá ver a dança das mulheres macuas, chamada de Tufu, a coisa mais linda de se ver. Aliás, nessa região a mulher é o centro da cultura. E também não se assuste se encontrar por lá mulheres muçulmanas, cristãs, hindus e até mesmo protestantes. Trata-se de uma fusão das religiões advinda do processo colonizador.
Ao mesmo tempo, um lugar que vale a pena visitar na ilha é o Jardim da Memória, construído em homenagem às pessoas negras da região e arredores que foram retiradas de seu continente e enviadas como escravos para diferentes partes do mundo.]
Dessa forma, também vale à pena lembrar, que este espaço também é considerado Patrímonio Cultural de Moçambique.
Zanzibar – Old Town – Tanzânia
Old slavery Market – Ilhas Afroturismo – Zanzibar – foto arquivo pessoal de Rebecca Aletheia
Além do Azul de Zanzibar que encanta os poetas, músicos e viajantes. Em primeiro lugar, vale lembrar que Zanzibar foi uma das ilhas com maior tráfico de pessoas africanas da África Oriental.
Hoje é possível descobrir um pouco dessa história de barbárie no Old Slave Market, museu localizado na catedral Anglicana que retrata o período e o processo de escravidão em Zanzibar.
Predominantemente muçumana, Zanzibar tem uma ligação forte com a cultura árabe, o que fica evidente na comida e na arquitetura, por exemplo.
Banana Island – Freetown – Serra Leoa
Afroturismo Ilha África- Banana Island – Freetown Serra Leoa
Por fim e não menos importante, indo mais para a África Ocidental, vamos falar da Ilha da Banana em Freetown – Serra Leoa, uma ilha de parada obrigatória por quem passa por este país.
Ilha da Banana foi uma das ilhas onde muitas pessoas africanas da região ocidental eram deixadas antes de atravessarem o Oceano Atlantico. A ilha além de ser paradísiaca tem moradores locais com amplo conhecimento da história que aconteceu, dando um show de afroturismo. Assim como, ressignificam o espaço de dor, lutas e sangue.
Por diversos momentos pensei estar na Jamaica, pois os habitos e práticas são muito comum, ou seria a Jamaica a Ilha da Banana. Ligando os fatos foi dessa região onde muitas pessoas africanos foram involuntariamente sequestrados ao Caribe.
Tive a oportunidade de produzir um conteúdo sobre no canal do Youtube onde é possível ver e conhecer a ilha mais de perto.
Aforturismo Ilhas em África – Ilha da Banana
Dessa forma,
Diz aí, você conhece algumas dessas ilhas em África voltada ao Afroturismo? Se sim, compartilha sua opinião. Se ainda não conhece, conta pra gente qual dessas ilhas você quer visitar?
Com muito prazer irei apresentar 6 roteiros incríveis de afroturismo realizados por mulheres negras no Brasil. Aperte o sinto e vamos…
Em celebração ao Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha – 25 de julho – quero apresentar 6 roteiros que são comandados por mulheres negras que são imperdíveis e devem ser realizado no mínimo uma vez na vida.
25 de Julho – Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha
Em primeiro lugar, gostaria de falar um pouco sobre a importância dessa data e qual o motivo da sua celebração.
No dia 25 de julho celebra-se o dia da Mulher Negra Latina Americana e Carinhenha que surgiu no ano de 1992 com o intuito de dar visibilidade à luta das mulheres negras contra a opressão de raça, gênero e a exploração. Assim como, na mesma data se homenageia no Brasil Tereza Benguela, símbolo de luta e resistência da comunidade negra e indígena no Brasil.
O que é Afroturismo?
Antes de mais nada, precisamos falar que Afroturismo, ou turismo afrocentrado, é a valorização do turismo cultural através de patrimônio cultural e/ou imaterialde um determinado grupo étnico, neste caso a população negra.
Para ouvir sobre esse tema, o coletivo de mulheres negras viajantes Bitonga Travel convidou Tânia Neves, do Coletivo pelo Afroturismo, para um episódio de podcast sobre o tema. Disponível em todas as plataformas digitais.
Conhecido anteriormente como turismo étnico à partir de 2018 utilizamos o termo “Afroturismo”. Que nada mais é que englobar não só as Experiências Afrocentradas. Assim como também destacar a presença dos profissionais negros que comandam Agências de Viagens, Comunidades Quilombolas e Periféricas majoritariamente negras construindo roteiros, além de profissionais de Transporte e Guias Negros atuando na área.
Mulheres Negras no turismo
Muitas mulheres negras atuam no setor turismo, como empreendedoras, empresárias, guias de turismo … E não é à toa que dessa forma, recentemente 3 mulheres negras foram eleitas como a mais poderosas do Turismo no Brasil pela PANROTAS, são elas: Solange Barbosa, Bia Moretti e Tania Neres.
Jalapão – Foto arquivo Pessoal de Rebecca Aletheia
Já pensou imergir em um turismo de base comunitária em uma comunidade Quilombola, neste caso no Quilombo Mumbuca. Além de imergir na experiência todo mês de setembro tem a festa da colheita, onde fazem a colheita de Capim dourado. Uma celebração imperdível que vale cada minuto dessa experiência.
O quilombo Mumbuca está localizado em Mateiros – Jalapão – TO/Brasil e tem como responsável por este lindo passeio pela Rota Nativa comandado pela Illana, vale à pena. Aliás, convidamos você para imergir na festa da colheita que acontece em setembro – VENHA VIVER TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA NO JALAPÃO TOCANTINS.
Quilombo dos Palmares – Alagoas – Dandara
Realizar turismo no Parque Memorial Quilombo dos Palmares juntamente com a guia de turismo Dandara –Visita Quilombo dos Palmares é obrigatório e fundamental! A sua expertise de Dandara do território regado de muito conhecimento, ancestralidade e vivência fazem desse tour mais que especial.
Assim como a importância de conhecer subir a Serra da Barriga, compreender a história de uma maneira única e muito além de Zumbi. Deixo aqui o filme Quilombo de 1984 como indicação de obrigatoriedade para compreender a história mais à fundo.
Assim como, esse roteiro faz com que o visitante possa imergir na história de Ganga Zumba, Akotirene dentre outras e personalidades negras que fizeram e fazem parte da nossa história como Abdias Nascimento dentre outros.
O Parque Memorial Quilombo dos Palmares, fica no estado de Alagoas, à 80km de Maceió. Deixo aqui um vídeo da visita que realizei ao Memorial.
Rebecca Aletheia visita Memorial Quilombo dos Pamares
Na cidade do Rio de Janeiro é possível encontrar a Pequena África. Assim como é possível realizar esse tour que conta mais sobre este lar histórico da comunidade afro-brasileira. Recentemente falamos sobre o samba na cidade do Rio de Janeiro e contamos minimamente sobre a pequena África e a Pedra do Sal. Se você não leu, corre aqui e leia – Samba – 8 rodas para curtir no Rio de Janeiro! No tour da pequena África é possível passar pelo vestígios arqueológicos no Cais do Valongo, ou seja, vestigios que marcam o local onde se encontrava o mais ativo mercado de escravos do Rio de Janeiro. Durante sua operação entre 1774 e 1831, um número estimado de 500.000 a 700.000 africanos escravizados e capturados forçadamente à atravessar o oceano Atlântico e desembarcar no Cais do Valongo.
Infelizmente foi o maior porto do Brasil de recebimento de pessoas pretas escravizadas de África, você consegue imaginar isso?
Largo da prainha Rio de Janeiro
Indicamos a empresa Conectando Territórios, com os tours realizado pela Thaís Rosa, que tem uma vasta experiência no destino.
Tour Heroínas Negras – SP
Realizado pelo centro da cidade de São Paulo o tour heroínas negras conta a história de mulheres negras que fizeram e fazem parte do Brasil e da capital paulista.
Caminhada Boipeba Roots – Boipeba – BA – Quase Nativa
Quilombo em Boipeba – Foto arquivo pessoal de Rebecca Aletheia
Quem conhece Boipeba sabe que esse lugar tem encanto, tem magia e é lindo de imergir nessa vivência, e nada mais justo que com locais, ou seja, uma imersão junto com a comunidade.
A caminhada é idealizada pela Manoela Ramos – Escritora viajante – que trás a imersão nessa vivência contagiando os viajantes a interagirem com a comunidade, assim como a divisão de renda entre os locais. Dessa forma bem descontraida, o tour Tour também é realizado em parceria com o Guia Negro.
Caminhada Ancestral Maria Firmina dos Reis – São Luís – MA
Por fim e não menos importante no nosso giro pelo Brasil, não podemos deixar de fora São Luís do Maranhão com o a caminhada Ancestral Maria Firmina dos Reis –Da cor ao Caso . A escritora considerada primeira romancista preta do Brasil tem muito a ser conhecida pelos viajantes.
Esse tour é passagem obrigatória, assim como é possível fazer este tour na modalidade on-line, e está disponível através do link . Dessa forma também indicamos essa caminhada que é realizada pelo Guia Negro, consulte a agenda do mês.
E aí gostou de conhecer esses 6 roteiros de afroturismo dirigidos por mulheres negras no Brasil? Conte pra gente e indique mais para que possamos proporcionar muitas outras possibilidades para mais viajantes. Assim como, promover e fomentar o black money!
Em primeiro lugar é importante destacar que Acupe é um distrito de Santo Amaro da Purificação formado por uma comunidade quilombola banhada pela Baia de Todos os Santos. Nessas terras viviam também povos indígenas e inclusive foram eles que batizaram a região de Acupe – terra quente.
Esse distrito é riquíssimo em manifestações culturais que quero contar. Mas não posso começar sem trazer aqui uma lenda!
Alguns moradores contam que na região vivia um senhor de engenho falido e que para reconquistar o sucesso recorreu a um de seus escravizados famosos por praticas espirituais.
Ficou então combinado que o senhor de engenho sacrificaria a vida de escravizados rebeldes como oferenda a Icu – orixá responsável por tirar o sopro da vida.
Esses corpos eram enterrados atrás do engenho e em cada cova era plantado um pé de bananeiras. Os locais afirmavam que ao cortar qualquer bananeira era possível ver o sangue dos escravizados que foram mortos.
Logo o senhor de engenho ficou sem escravizados para oferecer como sacrifício e então Icu lançou uma grande praga sob o engenho e ordenou a morte de muita gente no mês de agosto.
Com medo, a comunidade pediu aos espíritos bons que saíssem as ruas em julho para afastar os espíritos ruins e assim proteger a comunidade dessa grande tragédia.
Com base nessa história, muitas manifestações culturais nasceram, principalmente no mês de julho. E ai, bora acompanhar esse afroturismo e aprender mais sobre Acupe – Terra quente?
O NEGO FUGIDO
NEGO FUGIDO- Afroturismo Acupe – Terra quente arte de Laynara
Uma das manifestação que ocorrem nos domingos do mês de julho é o Nego Fugido, acredito que seja uma das mais importantes da região, pois se trata de um teatro de rua onde adultos e crianças participam todos os anos.
É uma herança oral, um legado da ancestralidade deixado para a comunidade de Acupe. Algo único de se ver! Que acontece a centenas de anos.
Como contei antes, a cada vida sacrificada pelo senhor de engenho, era plantado um pé de bananeira e caso cortassem essa bananeira, era possível ver o sangue dos escravizados mortos.
Essa manifestação parte daí! Pois as roupas criadas são feitas com as folhas dessas bananeiras e por isso tem um caráter espiritual muito forte.
Nesse teatro de rua, 25 pessoas interpretam: – As “negas” – crianças de calção branco, com o rosto pintado de preto e a boca de vermelho que representam o sangue derramado nas fugas e pedem dinheiro para a plateia para comprar suas cartas de alforria. – O caçador – este com a saia de palha de bananeira, o restante da roupa feita de couro e cabaças e o “sangue” escorrendo pela boca persegue as negas e as captura – O capitão do mato que com o chicote na mão impõe respeito e ordena a venda das negas capturadas – O Rei – que tem a carta de alforria
Toda a interpretação acontece na rua ao som de muitos cantos em ioruba e atabaque.
As Caretas de Acupe
As Caretas de Acupe – Afroturismo
Existe ainda mais uma lenda: As Caretas de Acupe.
Após lançarem a praga por Icu em toda região do engenho, a comunidade com muito medo pediu aos bons espíritos que aparecessem e espantassem os espíritos ruins que trariam a morte ao local.
Então, durante todos os domingos do mês de julho é possível ver grandes caretas passando pelas ruas.
Assim como, outras pessoas contam que a origem dessa manifestação são as antigas festas de máscaras carnavalescas trazidas pelos portugueses para a região.
Com essa influência, as pessoas escravizadas fizeram sua própria festa de máscaras que foi apreciada pelos senhores da “elite”. Que chegou a ser ter a sua permissão justamente com a festa principal.
Uma última teoria conta que um único escravizado fez sua máscara para participar as escondidas na festa do seu senhor de engenho. Ele brincou tanto e entreteve os convidados que ninguém chegou a perceber que estava faltando uma pessoa na senzala e assim conseguiu fugiu sem ser reconhecido.
Independente das especulações, essa manifestação ocorre até hoje e é linda! Encantadora! Essas máscaras são feitas de papelão e tendem a ser bem assustadoras!
Conheça Acupe
Grupo experiência de viagem Raizes Salvador e Recôncavo 2022 com Laynara – Afroturismo
Acupe é uma terra incrível e cheia de segredos, esses que contei aqui são só alguns deles. Mas para conhecer de verdade nós precisamos conhecer os verdadeiros protagonistas desse movimento, precisamos conhecer as pessoas que moram nesse lugar e se esforçam durante o ano inteiro para manter a historia viva.
Sendo assim, te convido à essa viagem de Afroturismo, visitando Acupe – Terra Quente e toda a região, garanto que você irá se surpreender!
Assim como fazer parte do nosso grupo de viagem e para conhecer essa cultura mais de perto em 2022, corre para saber mais e me chama no Instagram! (@laynara.afroindigena.tur) Pois, as vagas para a viagem em grupo RAÍZES são muito limitadas.
Compartilho alguns fatos e alguns saberes que acredito que fazem parte da nossa história afro-indígena e que precisam ser aprendidos, relembrados e mantidos vivos.
Em primeiro lugar, gostaria de dizer o Centro Histórico de Salvador é riquíssimo de lugares com história, e o seu maior tesouro é a historia do povo negro presente em vários cantos das ruas deste local.
Ao passear por lá, você poderá ver a expressão da cultura negra acontecendo em seu esplendor: baianas super calorosas prontas para te receber, trancistas em suas barraquinhas, bares que já fazem parte da historia do local, bem como, casas de músicas, centros de capoeira, negócios locais dirigidos por pessoas negras, associações entre outros.
Sendo assim, deixo aqui a dica de 5 lugares que fazem parte da nossa historia, seja no passado assim como nos dias atuais. Sendo de extrema importância enquanto turistas, moradores e viajantes mantê-las viva.
Sociedade Protetora dos Desvalidos – SPD (1832)
Lugares com História Negra Salvador – Sociedade Protetora dos Desvalidos – por Laynara
Antes de mais nada, destaco a obrigatoriedade de conhecer este lugar. Um grupo de homens negros liderados pelo africano livre Manoel Victor Serra fundaram essa associação. Ao mesmo tempo, a entidade possuía carácter religioso e tinha o objetivo de auxiliar a comunidade negra e promover a compra de cartas de alforria, ajudando africanos escravizados e seus parentes, a adquirirem liberdade. A entidade funciona até os dias de hoje em prol do povo negro e é possível realizar visita guiada.
Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (1709)
Lugares com História Negra Salvador – Sociedade Protetora dos Desvalidos – por Laynara
Construída por uma confraria de culto católico, criada para abrigar a religiosidade do povo negro, ou seja, as pessoas pretasque na época da escravidão era impedido de frequentar as mesmas igrejas dos senhores. Além disso, é imperdível assistir a missa que acontecem nas terças-feiras são únicas e misturam o catolicismo e a cultura afro.
Monumento de Zumbi dos Palmares
Estátua Zumbi dos Palmares em Salvador- Arte de Layanara
Monumento ao representante da resistência negra contra a escravidão no Brasil com tem 2,20 metros de altura. Localizado na Praça da Sé.
Dique Tororó
Dique Tororó lugares cultura negra em Salvador – Por Laynara
O Dique é o único manancial natural da cidade de Salvador, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Assim como, conhecido por ter monumento aos orixás Oxum, Ogum, Oxóssi, Xangô, Oxalá, Iemanjá, Nanã e Iansã flutuando no dique.
Feira de São Joaquim
Feira de São Joaquim Salvador – lugares cultura negra em Salvador – Por Laynara
A feira é um ícone da cultura negra e já tem mais de 45 anos de existência. Assim também, é uma chave, ponto de encontro e de abastecimento para as pessoas praticantes de religião de matriz africana.
Existem walking tours especializados em contar a historia do lugar com um olhar afro centrado e valem muito a pena de conhecer!
Me chama que eu te ajudo a encontrar!
Por fim, gostou de conhecer esses 6 lugares com a história do povo negro em Salvador? Então, já salva o post para quando for conhecer a nossa Roma Negra!
Compartilho alguns fatos e alguns saberes que acredito que fazem parte da nossa história afro-indígena e que precisam ser aprendidos, relembrados e mantidos vivos.
Te convido a vir comigo, Laynara Imersões Culturais, que vou te contar um pouco mais sobre esses termos aqui: Mocambo, Quilombo, comunidade remanescentes de Quilombo.
Em primeiro lugar, para nós viajantes ou não é muito importante que saibamos alguns termos técnicos para que não possamos continuar reproduzindo alguns erros assim como conhecer mais da nossa história do Brasil.
Quilombo
Quilombo é genericamente o local para onde pessoas escravizadas (pretas e não pretas, indígenas também) tinham como refugio e forma de sobrevivência, resistência e fuga dos “seus” senhores.
Enquanto durou a escravidão no Brasil, desde a colonização até o final do Império, existiram os quilombos.
Mas é possível e se faz necessário olhar essa definição com um pouquinho mais de profundidade:
Mocambos
O que é um Mocambo, quilombo? Arte de Layanara
🏡 As pequenas aldeias eram também chamadas MOCAMBOS, ou seja, um quilombo, como o Quilombo dos Palmares por exemplo, poderia abraçar muitos mocambos distintos. Mocambos Acotirene, Alquatune …
🏘️ Sendo assim, os maiores QUILOMBOS era formado por vários mocambos.
Quilombolas
As pessoas que habita ou habitavam em quilombos, ou seja, os chamados de QUILOMBOLAS 🧍🏿♀️🧍🏿🧍🏿♂️.
Comunidades remanescentes de quilombo
Quilombo Urbano – O que é Remanescentes de Quilombo por Layanara
Dessa forma, hoje temos as COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBO que são grupos sociais cuja identidade étnica até hoje os distingue do restante da sociedade. Assim como a identidade étnica de um grupo é a base para sua forma de organização, de sua relação com os demais grupos e de sua ação política.
Nesse sentido, esses grupos quilombolas podem ser observados em dois contextos: RURAIS E URBANOS 🏙️.
Agora me diz, esse texto te ajudou a entender minimamanete sobre o que é Mocambo, Quilombo, comunidade remanescentes de Quilombo?
Espero que tenha gostado deste conteúdo? Me ajuda compartilhando com alguém que pode gostar de saber disso. 📱📲
Compartilho alguns fatos e alguns saberes que acredito que fazem parte da nossa história afro-indígena e que precisam ser aprendidos, relembrados e mantidos vivos.
Em primeiro lugar, se você vai para o Belo Horizonte – BH, uma parada obrigatória é conhecer a igreja das Santas Pretas, um lindo roteiro de afroturismo. Rebecca Alethéia teve a honra de conhecer o Padre Mauro do qual compartilhou essa história riquíssima que não podemos deixar morrer.
Que tal, conhecer a história dessa igreja e saber por qual motivo se tornou a igreja das Santas Pretas em Belo Horizonte.
Afroturismo – A História das Igreja das Santas Pretas BH
Na periferia da cidade dos brancos – Belo Horizonte – um pequeno grupo de mulheres pretas, pobres e periféricas edificou um templo para, finalmente, “ser aí a Santíssima Senhora Louvada”, assim como foi o desejo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Curral Del Rey.
Inaugurada em 1819 a Capela do Rosário dos Homens Pretos foi demolida em 1897 e do mesmo modo, a Irmandade do Rosário foi expulsa dos templos católicos em 1927, por Dom Cabral.
Nas periferias e favelas os pretos e pobres edificaram seus templos, assim também entre eles a Capela Maria Estrela da Manhã, debaixo de uma majestosa Gameleira.
Em 2008 as Mulheres Pretas da Vila Estrela inauguraram sua Igreja de Verdade. Em 2018 foi concluído o afresco, ou seja, A Igreja das Santas Pretas, dos artistas Cleiton Gos e Marcial Ávila, sendo o projeto iconográfico da autoria do Padre Mauro.
Cleiton Gos – Um dos artista da – Igreja das Santas Pretas – Belo Horizonte – MG – Foto arquivo pessoal de Rebecca Aletheia
“A gente só foi ficando, porquê não tinha pra onde ir.”
(Emerenciana, Grupo de Mulheres Pretas da Vila Estrela, 2019)
Localizada na Região Centro Sul de Belo Horizonte, ou seja, exatamente a 800 metros da Avenida do Contorno, limite entre a cidade dos brancos e as periferias e favelas da capital mineira.
Tanto quanto, na Vila Estrela, está o Muquifu – Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos – e o único templo religioso católico, no Brasil, onde absolutamente todas as representações das personagens sacras são inspiradas em MULHERES: PRETAS, POBRES, PERIFÉRICAS e POUCAS.
14 Santas Pretas
14 santas negras e Padre Mauro na igreja das Santas Pretas – Belo Horizonte – MG (foto de arquivo pessoal de Rebecca Aletheia)
Além disso, o afresco é obra dos artistas Cleiton Gos e Marcial Avila, onde estão registrados fragmentos das histórias de 14 Mulheres que resistiram ao racismo estrutural e permaneceram em um barraco onde elas edificaram a sua IGREJA DE VERDADE.
A obra do afresco é dos artistas Cleiton Gos eMarcial Ávila, assim como um projeto iconográfico da autoria do *Padre Mauro .
As 14 MULHERES: PRETAS, POBRES, PERIFÉRICAS e POUCAS são:
Maria da Conceição Frois (Virgem Anunciada), Terezinha (Santa Isabel),
D. Generosa (Nossa Senhora da Visitação / Maria Estrela da Manhã),
Tia Neném (Nossa Senhora da Natividade),
Emerenciana (Nossa Senhora da Epifania)
Tia Santa (Nossa Senhora das Dores),
Dona Jovem (Nossa Senhora do Desterro),
Maria Rodrigues (Nossa Senhora em busca de Jesus),
Josemeire Alves (Nossa Senhora Doutora no Templo),
Sônia Silva (Nossa Senhora da Consolação),
Marta Maria (Nossa Senhora da Piedade),
Marilda Batista (Nossa Senhora no Santo Sepulcro),
Dona Tina (Santa Maria Madalena),
E por fim, não menos importante a Rainha Maria Marta (Nossa Senhora Gloriosa).
Rainha Maria Marta, símbolo da igreja das Santas Negras -Igreja das 14 Santas Negras – Afroturismo Belo Horizonte – MG – Arte de (foto de arquivo pessoal de Rebecca Aletheia)
As 5 esculturas sacras
Assim também, as 5 esculturas sacras, em terracota policromada, da escultora e ceramista Sônia Toledo, são inspiradas em GENTE PRETA, POBRE, PERIFÉRICA: Maria Estrela (Dona Generosa), Santa Efigênia (Rainha Maria Marta), Santa Bakita de Schio (Sonia Silva), São Benedito e São Martinho.
Quem visita a IGREJA DAS SANTAS PRETAS vivencia a experiência – única no Brasil -, ou seja, de estar em um templo religioso católico DECOLONIAL e ANTIRRACISTA, onde todas as representações das personagens sacras são inspiradas em GENTE PRETA, POBRE e PERIFÉRICA.
E aí, gostou? Conte-nos se você conhecia esse roteiro de Afroturismo em BH das Santas Pretas. Aliás ajude-nos a conhecer mais espaços como este e propagar nossa cultura.
Por fim e não menos importante, agradecemos imensamente ao Pe. Mauro Luiz da Silva que nos organizou essa visita assim como também nos abrilhantou compartilhando esse texto.
*Padre Mauro Luiz da Silva é Mestre e Doutorando em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da PUC Minas; Bolsista da CAPES; Diretor e Curador do Muquifu; Coordenador do Projeto NegriCidade; Pároco da Paróquia Jesus Missionário
Em primeiro lugar, engana-se quem pensa que não existe população negra na Venezuela, neste texto iremos compartilhar um pouco sobre Améfrica e a Cultura Afrovenezuelana.
Antes de tudo, vale lembrar que a população preta venezuelana , autodeclarados negros e afrodescendentes é de aproximadamente 3,6%; segundo o senso de 2011. E a maioria das pessoas escravizadas na Venezuela exerciam a função de pescas de pérolas.
Um outro dado importante, é que em um determinado momento da história a quantidade de população africana chegou a quantidade de 406 mil habitantes para 200mil de europeus, ou seja, muito maior a quantidade de negros no país.
Assim como a porcentagem dea auto declarado é de se questionar. Lembrando que falamos de uma geolocalização de Caribe e América Latina, no meio de de 2 países que receberam a maior quantidade de pessoas africanas escravizada do mundo Brasil e Colômbia.
Vamos conhecer algumas terminologias?
Améfrica
Mas para que comecemos a falar sobre Venezuela, queria relembrar o perfeito debate trazido pela Lélia Gonzales nos anos de 1980, quando faz a menção da Améfrica – “América Africana” que sofreu uma forte influência negra na sua formação histórico-cultural.
Améfrica – Geinne Monteiro
Mambises
Assim eram chamados a população escravizada quando fugiam em busca de liberdade. O interessante, é que a a palavra deriva-se Mbi, voz africana, e consolidou-se como expressão de liberdade.
Cimarrones
É o termo usado para o que chamamos de Quilombo no Brasil.
Data da abolição da Escravidão na Venezuela
No ano de 1854, foi oficializada a abolição da escravidão na Venezuela por Nabuco de Araujo.
Antes de mais nada, vale lembrar que leis não impedia de ações ilegais de tal ato, ou seja, após a oficialização a escravidão continuou.
Um outro fato interessante que neste mesmo período o Peru também assinava também a abolição da escravidão em seu país.
José Leonardo Chirino
José Leonardo Chirino El negro primero – Afrovenezuela
Conhecido como Chirino, nascido em 25 de abril de 1754. Filho de mãe indígena livre e pai negro escravizado, bem como, foi uma das pessoas mais importantes pela abolição da escravatura organizando a insurreição negra na Serra de Coro.
Chirino foi morto, em outras palavras, executado no dia 10 de dezembro de 1796, na praça Bolívar de Caracas. Assim como, teve a sua cabeça colocada em uma jaula a caminho de Coro e suas mãos cortadas na montanha.
Consequentemente a sua família também foi punida e a sua esposa e três filhos foram vendidos como escravos.
A comissão Presidencial Contra a Discriminação Racial
Em 2004, foi criada a Comissão Presidencial contra a discriminação racial no país venezuelano.
Dia 10 de Maio dia da Afrovenezolanidad
No ano de 2005, após luta de ativistas por reconhecimento da cultura e história africana na Venezuela, foi proposto o dia 10 de Maio, ou seja, a data da insurreição negra na Serra de Coro de tributo a luta contra a escravatura e liberação de povos africanos e descendentes no país.
A data possui atualmente mais de 225 anos, ou seja, uma luta que foi encabeçada por José Chirino.
Negro Primeiro – Pedro Camejo
Negro Primeiro – Pedro Camejo – Afrovenezolano
De escravo ao exército da nação. Atuou como oficial de cavalaria (tenente) do exército venezuelano na Guerra da Independência.
O apelido de Negro Primero pelo qual é conhecido foi inspirado por sua bravura e habilidade no manejo da lança.
Conselho Nacional para o Desenvolvimento das comunidades Afrodescendentes – Consejo Nacional para el Desarrollo de las Comunidades Afrodescendientes (CONADECAFRO)
Em 2011, assinou-se a lei contra a discriminação racial.
Neste mesmo ano também e criado o Instituto contra a discriminação racial (Incodir)
Procedência de pessoas escravizadas trazidos à Venezuela
Do mesmo modo que no Brasil, pelos poucos documentos que se tem acessíveis, podem se determinar a origem das pessoas escravizadas trazidas de forma involuntária e de maneira forçada à Venezuela vieram da costa do Golfo da Guiné (entre a Costa do Ouro e Benin) e a outra metade da região do Congo-Angola.
Afrovenezuelana – Argélia Laya mulher negra da Venezuela – Améfrica
Argelia Laya – Mulher Afrovenezuelana – Améfrica
Considerada uma das mulheres mais importantes da história da Venezuela. Sobretudo, um dos símbolos mais importante das mulheres Afrovenezolanas.
Argélia Mercedes Laya López (Río Chico, 10 de julho de 1926 – 27 de novembro de 1997) foi uma professora, ativista política, defensora dos direitos das mulheres e filósofa venezuelana. Bem como, trabalhou incansavelmente por seus ideais políticos e sociais.
Nasceu em uma fazenda de cacau, seu pai era um montonero e esteve várias vezes na prisão; assim como, sua mãe, integrante do “Grupo Cultural Feminino”, a ensinou a defender a condição de ser mulher e ser negra.
Além disso, fez parte do Partido Comunista na política de luta armada, ingressou no movimento guerrilheiro e passou à clandestinidade.
Percorreu a serra da Lara, como a “Comandante Jacinta”: durante seis anos preparou bombas molotov e empunhou uma espingarda; ou seja, esta mulher corajosa lutou diariamente contra a injustiça social.
Tambor Venezuelano
É uma expressão musical que tem sua origem de africanos escravizado, principalmente ao longo da costa do país. Dessa forma, práticas religiosas e tradições africanas se fundiram para formar uma mistura de ritmos populares repletos de canções e rituais. Cada zona foi assim desenvolvendo suas próprias cadências e projetando a ampla gama de tambores que conhecemos hoje.
Tambor venezuelano
Por fim: Améfrica Venezuela negra Afrovenezuelana…
Iniciei este texto com Lélia Gonzales, sendo assim, não seria diferente finalizar o trecho de um texto da mesma.
No racismo latino-americano, a alienação é alimentada através da ideologia do branqueamento cuja eficácia está nos efeitos que produz:
“O desejo de embranquecer (de ‘limpar o sangue’ é internalizado, como negação da própria raça e da cultura”.
Lélia Gonzales
Espero que este texto possa ter sidio útil e coloco ele aqui em aberto para que possamos continuar a escrever Améfrica: Venezuela negra – cultura Afrovenezuelana.
Acima de tudo, essas história só foi possível compartilhar após estar duas vezes na Venezuela e ver a necessidade de compartilhar neste blog, o que a mídia não nos conta!
Caso queira saber mais da Venezuela, te convido para povoar o meu Instagram Rebecca Aletheia.