Uma das viagens que eu mais queria fazer e de repente tá lá o lugar dos meus sonhos na minha frente.
Quando eu achei que teria que adiar outra vez, o universo moveu a meu favor e tudo foi se encaixando. Me presenteou com tempo bom, tempo, condições e principalmente: pessoas escolhidas a dedo para trazer ensinamentos para o resto minha da vida.
Ainda tô suspirando, tô chapada da Chapada. Calma, vou contar como vim parar aqui e SO-ZI-NHA, porém depende! Hahaha
Prontos para me acompanharem neste rolet?
COMO CHEGUEI AQUI:
A princípio nem ia, mas como já disse, o universo juntou as condições certas e esses paranauês ajudaram muito também.
Lembrando que fui sozinha, sem carro e apertando o cinto:
1. BUSER: A @buser é um app de ônibus compartilhado, que você baixa, marca sua viagem, recebe a confirmação com as informações e paga mega barato (boleto e cartão, amém!) Seguro, prático e morri de amor. Usei na etapa São Paulo x Brasília (ida e volta).
2. COUCHSURFING: Basicamente, @couchsurfing é uma plataforma de hospedagem de viajantes em que você se cadastra e utiliza se hospedando na casa de alguém ou recebendo alguém de qualquer parte do mundo. Uma forma solidária e rica de conhecer pessoas e aprender sobre a cultura do local e fazer grandes amigos para a vida. Amoooo! Usei na etapa Brasília (queria conhecer a capital também né?)
3. FACEBOOK: Existem grupos de caronas, dicas e hospedagens para vários lugares da chapada. Inclusive encontrei a minha por lá (lugar incrível) e uma carona salvadora também. Claro que é legal dar aquela pesquisada para ver se está tudo certo. Ajuda e muito! Usei na Vila de São Jorge, que amor!
4. BLABLACAR: A @blablacar é uma plataforma de caronas que ajuda e muito. Você se cadastra, pesquisa para seu destino e com preço mais barato.
Obs: Os horários de ônibus Brasília x Vila de São Jorge são bem poucos, então a carona é uma ótima opção. Uso horrores para vários lugares e salva mesmo! Usei nas etapas Sorocaba x São Paulo (ida e volta) – Brasília x Vila de São Jorge (ida e volta)
5. CARA E A CORAGEM: Cara sorridente para fazer amigos, me encaixar nos passeios alheios, dividir as despesas e compartilhar histórias lindas que vou levar no coração. Coragem que é Cor=coração + Agem=agir Fui lá e botei o coração pra agir! Eita que tô toda amorzinho! Hahahah
Espero que tenham gostado, na próxima contaremos mais aventuras de como foi visitar as cachoeiras incríveis da chapada dos veadeiros.
Mulheres estão se amando juntas como movimento de fortalecimento e cura”. Com muitas semelhanças, muitas diferenças e muita pluralidade Afron Lab e Casa Ociréma realizam a primeira LesBi Fest que vai muito além de uma festa vem regado de muito amor, praia, músicas e afeto.
A “LesBi Fest — Caminhão de Amor” tem o intuito de fortalecer laços em rede e compartilhar experiências e experimentações artísticas em um ambiente seguro, confortável e o melhor: com a mãe natureza, na praia
O evento acontecerá entre os dias 10 e 11 de Janeiro de 2020 na cidade de São Sebastião – Litoral Norte de São Paulo, a 100 metros da Praia da Boracéia.
Na direção do caminhão só mulher potência a videomaker, produtora cultural, articuladora de espaços, art. vista também parte da idealização do #lesbifest, Domênica Guimarães @domenica.guimaraes promete chega naquele jeitão na presença e na voz trocando altas ideias de estratégia de fortalecimento: “Enquanto artistas independentes lesbi nessa indústria criativa que nós inviabiliza, como isso?! Assim juntas!! O talk rola no domingão, de frente pro mar que é abrir os caminhos firma os encontros e expandir a mente!”
O projeto *CRIA DAS ÁGUAS* formado por Beth Sousa – @bebeth_be, Jhenny Santine – @amoraslivres e Helena Garcia @heleiram em um encontro místico entre três musicistas sapatonas fortalecem e compartilham suas composições! Com músicas autorais, o repertório traz referências das religiosidades de matrizes africanas e das vivências de amor entre mulheres!
O evento também será regado de roda de samba com a presença de Awill – @minadfe_ e Maya – @mayahsousa integrantes do grupo @embalae que além de abrilhantar a festa prometendo abalar todas as estruturas!
O evento irá acontecer na Casa Ociréma é um espaço de acolhimento gerenciado por um casal de mulheres criativas e oferece:
· Área para camping;
· Churrasqueira;
· Sala de jogos;
· PISCINA!
Anota na agenda e vem com a gente, LesBi!
Produção: @afronlab e @casaocirema
Informações:
O evento acontecerá das 22:00h do dia 14 de janeiro até às 18:00h do dia 15.
Ingressos:
R$ 150,00 – Incluso transporte (Ida e Volta) + Café da Manhã e Almoço + Área para Camping (não inclui barraca)
Queridos leitores, é importante que eu diga, é textão! rs
Hoje é mais uns
daqueles dias, que a gente se pergunta por qual motivos aceitamos relações abusivas
e tóxicas na nossa vida. Daqueles dias que ficamos reflexivos sobre vender
nossa alma pro capitalismo na ilusão de conseguir nosso lugar ao sol.
Eis que
bateu uma saudade da minha trip pelo Nordeste e para amenizar as dores da alma,
quero falar de amor! Quero escrever sobre a oportunidade, possibilidade e
privilégio em ressignificar afetos!
Contamos o milagre, mas não o santo, então para vocês, o codinome dele é Leandro.
Conhecemos-nos em Salvador, fomos apresentados por uma amiga em comum, na fila do teatro. De longe quando o vi, pensei: “ credo, que menino nada a ver “ e cheguei a comentar com nossos amigos … Mas a vida nos surpreende, e as vezes, faz a gente comer no prato que cuspimos rapidamente – como diria minha avó rsrs
No momento
que nos aproximamos e ficamos cara a cara – pensei – “ eu quero esse homem pra mim “ !
rsrsrsrs
Em tempo, assistimos a peça “ Pele Preta Mascaras brancas, se baseia em tese homônima de Frantz Fanon e é uma obra de ficção que se vale de quase todas teorias e ainda traz personagens analisadas pelo psiquiatra e filósofo. A obra fanônica se constitui numa leitura obrigatória para aqueles que discutem, estudam e lutam contra o racismo.
Pós teatro fomos jantar e para minha sorte, Leandro sentou ao meu lado, o que facilitou o contato visual, algumas trocas de olhares e uma boa conversa. De lá, fomos para a praia, ficamos no calçadão no Rio Vermelho. Em algum momento no restaurante, eu avisei meus amigos que estava interessada, que era para eles facilitarem e deixarem a gente em paz hahahaha
Assim foi feito, enquanto estávamos olhando
pro mar e conversando sobre “N’’ coisas, nossos amigos nos deixaram a sós. É
importante que eu diga: não criem ilusões haha pensem em duas pessoas tímidas e
inseguras – o primeiro beijo demorou umas três horas para acontecer – foi uma
longa noite, confesso que já estava entediada.
Mas o moço que estava ao nosso lado, paquerando outro cara, também sem sucesso, chamou a gente e perguntou o que tava faltando pro beijo acontecer – JURO, FOI BEM ASSIM E A GENTE FICOU DE CARA. Eu bem afrontosa respondi: “ Também não sei o que ta faltando, tá difícil aqui amigo “
Foi engraçado, Leandro ficou SUPER tímido e respondeu “ eu não sei se posso fazer isso “ . Entendi que naquele momento, as cartas estavam na mesa e foi quando o beijei ! Oh sorte !
Que homem carinhoso. Quanta simplicidade e humildade em uma pessoa só.
Nossa historinha de amor, durou os três meses que fiquei por Salvador.
Pela primeira vez na vida, me senti
respeitada e desejada ao mesmo tempo. Pela primeira vez na vida que não me senti
objetificada.
Depois de 10 anos aceitando relações destrutivas, abusivas e tóxicas, tive o privilégio em conhecer um homem – preto – em constante construção de uma masculinidade não tóxica e disposto a ouvir e dividir questões tão cruciais quanto as que nós temos.
Se nosso encontro foi agradável, eu diria que
a nossa primeira noite juntos, foi uma das noites mais incríveis que eu vivi em
toda minha vida sexual e afetiva. Acredito que tenha sido espiritual e faço
votos para que todas as mulheres tenham a possibilidade de viver isso uma vez
na vida.
Desde o momento que chegamos na casa de Leandro, ele foi super atencioso e solícito. Não foi aquele cara escroto, que já chega tirando sua roupa e querendo partir para os finalmente, como se fosse um objeto que ele pega na instante a hora que bem entender. TUDO com ele funciona a base do diálogo e eu nunca tinha vivido isso antes – foi incrível conhecer e desvendar os mistérios dia após dia.
Menino Leandro é um homem intelectual, academicista, e isso desde o primeiro momento me travou muito, pois eu não acreditava estar no mesmo patamar de conhecimento e ficava me auto sabotando sobre não ser uma mulher boa o suficiente para estar ao seu lado.
Acredito fielmente que isso foi o que me fez apaixonar:
A todo instante fazia questão de dizer o quanto gostava de estar na minha Cia. Sempre que estávamos juntos dizia o quanto era especial, e o quanto me admirava pelas minhas vivencias e não por ter um diploma, um canudo para ficar ostentando status. Em momento algum me tratou com indiferença ou se sentia melhor ou superior, por seus diplomas, pelo contrario, esse assunto deu pano para manga em muitas das nossas conversas e curamos diversos traumas e medos através do diálogo acerca desse assunto.
Sensibilidade deveria ser o seu sobrenome, desde o jeito de olhar, o tato ao toque até o momento de fazer amor, talvez eu esteja exagerando, porque é isso, quando a gente recebe algo que nunca teve antes, fica meio boba e tende a criar um mundo de ilusão – mas realmente foi incrível, calmo, carinhoso.
Sempre disposto, muito cuidadoso e à todo momento perguntava se estava bom, se eu queria, o que eu queria e como queria – sem contar nas mãos de fada, no toque e no jeito de olhar singular que deixa qualquer pessoa envolvida!
Super atento a TUDO o que eu dizia, a todos os movimentos e o melhor ouvinte que eu já pude ter ao lado, interessado ao diálogo e a troca de afeto. Preocupado em agradar e em saber se estava confortável para ambos.
Em Fevereiro eu estava careca, meu cabelo tava crescendo – me sentia péssima, não conseguia ver beleza, mal olhava no espelho – ele beijava minha cabeça, fazia cafuné e dizia que também estava linda careca – foi muito importante na minha aceitação em ser uma mulher sem cabelo e em conseguir enxergar beleza para além dos cabelos longos…
Confesso, que todas as vezes que estávamos juntos, eu pedia pra Deus deixar esse homem na minha vida – e olha que eu nem sou religiosa, tão pouco, acredito num Deus, mas em algum momento, cheguei a clamar pelas forças do Universo me deixar viver mais um pouco tudo aquilo, pois tava difícil acreditar que era realidade.
Leandro é muito admirável:
Daquele que abre a porta, daquele que te busca e leva no ponto, que paga o uber para voltar para casa, daquele que manda mensagem no outro dia, que para o ônibus, deixa você subir primeiro e te aperta na cintura para você se sentir segura, que vai pro rolê com você e te deixa livre para dançar e arrastar a raba no chão sem dar piti, que enquanto você dorme, faz o café (sem açúcar porque faz mal a saúde) e trás na cama – com direito a tapioca e ovos mexidos.
E falando em cozinhar, ele fez um dos melhores feijão que já comi na vida – insistia que eu deveria comer bem porque estava viajando.
Do tipo que escolhe a playlist na hora de fazer amor, que acende vela para deixar um climão bão como diz os mineiro rs – SIM, EU FIQUEI CHOCADA A PRIMEIRA VEZ. Que faz massagem, que pede desculpa pela casa não estar organizada e por não ter chuveiro quente. Daquele que após o sexo, adora conversar, cantar, fazer palhaçada e ainda se propôs a fazer comida ou preparar algo pra comer.
Na ultima vez que nos vimos, ele abriu um vinho e não foi aquele de R$ 7 reais – sim, pontuo esse fato, porque geralmente os homens pagam um chocolate e acham que estão fazendo muito e que é o suficiente – é importante quando o homem se propõe a fazer diferente nos pequenos detalhes, é muito gostoso sentir que o outro te trata como prioridade – a gente se sente viva. Leandroo brindou a minha viagem, a minha vida, ao nosso encontro e eu não sei se consegui agradecer à altura, na verdade, eu não consegui dizer a ele metade do que escrevo agora nesse texto.
Ele é daquelas Cia de conversa fácil, riso encantador, respeitoso, muito charmoso e sedutor, um verdadeiro homem de Wakanda. Pela primeira vez na vida, me senti contemplada, parecia que eu tinha ganhado na mega cena, eu arrisco dizer, que ganhei na mega cena do amor. Me senti realizada em entregar meu corpo, em compartilhar minha vida com alguém tão especial.
Menino Angelo ressignificou tudo e todos os relacionamentos que eu vivi nos últimos anos e me faz pensar porque nós, mulheres, aceitamos tantas migalhas, se podemos ser tratadas como Rainhas – sim, eu sei que essa história é exceção, principalmente para Mulheres Pretas e por isso, sou muito grata. Já perdi a conta de quantas vezes agradeci pela possibilidade e privilégio em viver essa história.
Se eu pudesse escolher uma trilha sonora para essa história, seria Mel Duarte – das letras mais bonitas que já ouvi e que traduz todo meu sentimento .
Ainda há muito para ser dito sobre esse
romance de carnaval, ele realmente é incrível, porém, por hoje chega e sobre a
pergunta que não quer calar…
Eu vim embora para SP, ele continua em
Salvador, ou seja, não ficamos juntos. Hoje ele namora e eu preferi não manter
mais contato, para não viver um amor platônico hahaha
No mais, eu gostaria de deixar registrado
nessa rede e para o mundo, que por um pequeno
intervalo de tempo, eu fui feliz e tive o privilégio de viver uma relação saudável
e que não me permito mais viver relações abusivas.
Fui convidada para uma conversa via Instagram pela Flaviana Alves – @viagenseumcaffe para podemos dialogar sobre o tema – Mulher preta viajante e a solidão na estrada, sendo assim resolvi organizar meus pensamentos e traduzi-los em palavras escritas, então vamos lá.
Acredito que a primeira coisa que precisamos fazer é conseguir entender um pouco mais do significado da palavra SOLIDÃO.
Em uma busca rápida pelo Google encontro a definição que considero muito perspicaz – “A solidão não requer a falta de outras pessoas e geralmente é sentida mesmo em lugares densamente ocupados. Pode ser descrita como a falta de identificação, compreensão ou compaixão.
Quando falamos de viagem acredito permear pela AUSÊNCIA da identificação de alguém igual a mim, da compreensão do outro de mim enquanto mulher e negra e compaixão em compreender o outro, neste caso eu/nós sem invadir, no entanto, o meu/nosso espaço.
Na psicologia podemos encontrar a definição de solidão – superficialmente falando principalmente porque eu não sou psicóloga – como o sentimento de não pertencer ao mundo que nos cerca. Não conseguimos criar vínculos ou nos identificar com os outros. Entre as causas da solidão, estão a dificuldade para se relacionar com outras pessoas, medo de ser julgado e o vazio existencial.
Fazer a escolha de viajar é você quebrar uma barreira do universo que vivemos como uma forma de afrontamento de que o nosso corpo dos quais o sistema capitalista fará questão de trazer à tona a solidão, o que é diferente de um(a) viajante branco/a que viaja em busca da solitude – é o estado de se estar sozinho e afastado das outras pessoas, e geralmente implica numa escolha.
Trazendo todos esses conceitos ou parte deles, porque acredito que os conceitos são bem mais profundos do que eu mencionei acima, compartilhar a minha história que eu tenho certeza de que não é só minha, ela é muito parecida com a de muitas outras mulheres negras.
Eu sou uma viajante desde pequeninha e para nós negras e negros volto a repetir que esse prazer que nos é privado pelo sistema do qual vivemos – O capitalismo. É esse tal capitalismo que faz com que a burguesia nos aprisione dentro de nossas casas, comunidades, do nosso gueto. O trecho da música do RAP 2000 é emblemático em retratar o nosso rompimento de barreiras em descobrir o mundo – “Fui pra zona sul pra conhecer água de coco”, o nome disso é emancipação, e sinceramente? Isso incomoda muita gente.
Eu não acordo todo dia em pensar em incomodar eu saio ao mundo para pertencer, eu sou parte dele, eu sou o mundo, cruzar as fronteiras, atravessar, permear, dançar se sentir solta da zona leste à zona sul, por quaisquer zona e me sentir livre é poder quebrar todos os paradigmas da solidão.
O turismo tem sido mal e uma armadilha para conosco, ele vem vestido de traiçoeiro, e eu posso te explicar o porquê eu penso isso. O turismo nas comunidades tem aumentado absurdamente, porque é chic estar na comunidade só de passagem, porque morar quero ver quem quer morar por lá. É bonito de se ver, mas de se viver deixo à vocês pobres e mortais. Quando começamos a pertencer os lugares que nos foi tirado, ao glamour da zona sul, aos passeios e viagens glamurosos nos é questionado quem somos e de onde viemos. Nos atribuindo todos os estereótipos desse mundo maléfico, está certo isso?
Solidão? Sim! Me sinto solitária quando viajar me é negado, quando a minha cor vem primeiro, meu gênero em segundo e o que o meu conhecimento subestimado. Como se sentir acolhida meio à tantos preconceitos e discriminação. Vista a minha pele por algumas horas, por alguns dias, por algumas viagens que tu irás ver o quão doloso é ser uma mulher negra brasileira pelo mundo.
Na estrada deste mundo e obviamente Brasil, me senti e muitas vezes sinto falta de identificação, compreensão ou compaixão, me sinto solitária! Nem sempre viajo sozinha, mas obviamente a maioria das vezes á faço, por ser mais prática de planejar e ter mais autonomia nas escolhas pré e durante a viagem. Quando éramos pequenas/os e viajávamos para a casa de praia do meu tio e tia, ambos negros, em um condomínio fechado no litoral norte. Éramos os negros do condomínio, os farofeiros a tradicional e literal família negra cheia de crianças e todas as idades a literalmente desfrutar do nosso direito, do nosso poder de pertencimento deste espaço.
Tentavam nos intimidar, mas éramos muitas e muitos não estávamos sós. Mas lembro perfeitamente a nossa felicidade ao ver e ter outra(s) famílias negras pelo condomínio. Era o assunto por dias entre nós, estávamos nos reconhecendo nunca perdendo o medo e muito menos nos sentindo intimidados por estamos lá. Trazíamos conosco nossa história e nossas raízes, nossos pais sempre traziam a discussão racial e a discussão de classe além das salas de aula, o mundo nos ensinava na prática e nossos pais nos davam a munição para enfrentar a vida.
Não éramos chamados para festinhas do condomínio assim como não fazíamos parte do hall de amigos da pracinha, principalmente eu e minhas primas negras, eles/elas não queriam ser nossas/os amigas/os. Nem preciso dizer o porquê, aliás vou dizer: porque somos negras, sim sofríamos racismo, era nós por nós. Nosso quarto, a sala, a varanda era nosso espaço para nossas brincadeiras os olhares matavam mais do que bala de revolver.
Viajar e não encontrar outro viajante igual a mim tem muito significado, porque é encontrar-se literalmente só, é não poder compartilhar felicidades e angústias, é saber que aquela sua piada não fará sentido algum ao não negro. Desde ter a imensa felicidade em poder tomar um banho em uma banheira, desde a primeira vez que tomei um vinho ou na primeira vez que andei de helicóptero enquanto já era a segunda/terceira vez das pessoas que estavam comigo e eu ser a única negra do grupo. Com quem eu vou conversar? Quem veio da mesma realidade que eu? Quem me entende os prazeres da vida que me foram negados?
Vos escrevo como uma expatriada vivendo em outro país, este é o meu terceiro ano vivendo fora do país, meu conhecimento e minhas habilidades são sempre questionadas pelos expatriados, assim como dificilmente consigo ter uma relação de amizade profunda, o nome disso é Solidão.
Desde sempre imperceptivelmente viajo para lugares afro centrado, onde há negros, mas isso não quer dizer que os negros estão viajando, mas são lugares onde a população negra está/vive. Como foi o caso de Salvador, Maranhão, Piaui, Rio de Janeiro, Pernambuco, Trinidad e Tobago onde eu morei por quase 6 meses, Moçambqiue, África do Sul, Swazilandia/Eswatini, Zimbabwe, Zambia, Botswana, Peru, Cuba, Panamá, Bolívia… Onde eu fui literalmente abraçada pela comunidade, não foram os viajantes porque na sua maioria os negros não estavam nessa posição de viajante eles são os locais os que fazem e abrilhantam o turismo, foi onde eu fui abraçada/acolhida. O reconhecimento em verem uma mulher negra viajando é fazer com que elas/eles sintam-se representados pela ocupação deste espaço. Recebo tanto afeto, carinho, presentes físicos que eu só tenho a agradecer.
Mediante a tudo isso preciso . Por todos os lugares do mundo me oferecem orações eu nunca nego, é por esse motivo que estou em pé, por esse motivo que tenho chegado com os meus pés e corpo por todos os lugares do mundo.
Finalizo aqui esse texto com um trecho para poder ilustrar melhor o nosso diálogo – Não mexe comigo – na voz de Maria Bethânia.
“Eu tenho zumbi, besouro o chefe dos tupis
Sou tupinambá, tenho erês, caboclo boiadeiro
Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curarês, flechas e altares.
A velocidade da luz no escuro da mata escura
O breu o silêncio a espera. Eu tenho jesus,
Maria e josé, todos os pajés em minha companhia
O menino deus brinca e dorme nos meus sonhos
O poeta me contou
Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não”
As maravilhas de viajar já são conhecidas e relatadas por
muitos. Os desafios e glórias de viajar sozinha, também, já tem ganhado mais
fãs – (graças a Deus).
Por isso, gostaria de te convidar para conversar sobre
viajar com sua mãe.
Você lembra a última vez que viajaram juntas? Era ela quem
tinha que te arrumar para viajar?
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a terceira idade
começa aos 60 anos em países em desenvolvimento e em países desenvolvidos aos
65.
E é notável, como as pessoas têm chegado a essas idades com
disposição para aproveitar e muito.
Só esse ano fiz 3 viagens com minha mãe, Ana Maria Marciano, jovem senhora, aposentada, de 63 anos. Fomos a Santiago do Chile, Manaus e Salvador.
Quando se viaja com a mãe na idade adulta, conseguimos
resgatar a rotina do cuidado, aprofundar a descoberta dos gostos e estreitar
laços.
O planejamento do roteiro precisa ser feito com alguns cuidados como: quantidades de escadas e grau de dificuldade para acessar os lugares.
Rota de banheiros e a pousada/hotel/hostel, ou seja, a
hospedagem, tem que ter boa acessibilidade, seja de localização na cidade
visitada, assim como para os quartos.
Roteiro feito e hospedagem escolhida, se prepare para a
aventura e perceber as mudanças. Agora, pode ser, que algumas vezes você tenha
mais experiências que sua mãe em determinas coisas. E a troca vai ser incrível,
pois afinal, ela já te ensinou muito, se não tudo até aqui.
Na idade adulta, sua mãe, pode ser uma grande parceira de aventuras e vocês se divertindo, podem estar fazendo um super bem a saúde dela. Pois, ao ter os passeios e os destinos agendados durante a viagem, você tira a pessoa da 3º idade da rotina, além de incentivá-la a fazer mais exercícios.
Isso, pode ser um grande estímulo, para que ela passe a ter interesse em praticar atividade física com frequência. Pois, se ela estiver se preparando, terá mais chances de aguentar conhecer diferentes lugares e não ficar limitada para fazes alguns passeios, por falta de preparo físico.
Sem contar, o fato de conhecer culturas, lugares novos e ter
novos aprendizados, serem grandes estímulos para memória e prevenção de doenças
como Alzheimer.
Santiago do Chile para quem tem o gosto por degustar bebidas alcoólicas, pode ser um bom destino, pois as vinícolas fazem degustação de vinho, com explicação, onde há bastante disponibilização de informação e conhecimento, junto com o consumo da bebida. Além dos museus, é uma viagem que proporciona, diversos e consistentes aprendizados.
Manaus é um ótimo destino para os apreciadores de boa
comida, conhecer o Teatro Amazonas é uma aula de história do Brasil. Não
podendo faltar o passeio para conhecer a Aldeia de Índios, mergulhar com o boto
e o Encontro das águas no Rio Negro.
Essa viagem é muito tranquila, não requer muito esforço,
sendo o mais radical, o mergulho com os botos, onde você mergulha de colete e o
boto vem até você.
Agora, Salvador, é viagem de sombra e água fresca e um balde de cultura! Se não quiser, é possível fazer a viagem com grau de dificuldade baixíssimo, tendo muita informação e conhecimento enquanto caminha pelo Pelourinho, almoça no restaurante do Senac e conhece as mais ou menos 365 igrejas, que a cidade tem.
Se existe melhor forma de cuidar da saúde e ainda criar um monte de memória linda com a sua mãe, eu não descobri ainda – por isso, trato de viajar com minha.
Escolheu Cuba como destino das suas próximas férias? Então é importante se atentar a alguns cuidados antes da sua viagem. Nós vamos elencar aqui alguns cuidados que tomamos:
• Cuidado com o site onde você vai comprar a sua passagem! Nós não vimos a reputação de um site de viagens, espanhol, e além de não termos conseguido encontrar a nossa reserva pela Latam Brasil por alguns meses, entramos no overbooking da companhia no dia da nossa viagem. O nome da empresa espanhola é a Bravofly.
• Tome a vacina da febre amarela. Mas, além de ir ao posto tomar a vacina, isto não é suficiente. Para entrar em Cuba é obrigatório a apresentação, no momento do checkin, do certificado internacional da ANVISA atestando que a vacina está em dia. Nós quase não atentamos a isso e descobrimos na semana da viagem! Para conseguir a carteirinha, nós tivemos de comparecer ao Poupatempo de Bauru ( o mais próximo) com as carteiras de vacinação e documentos pessoais. A carteira foi emitida em poucos minutos e não tem validade. É de graça. Procurem verificar no site da ANVISA o lugar credenciado mais próximo de sua residência, pois não todo Poupatempo faz esse tipo de serviço.
• Providencie o visto cubano, que não é nada mais que uma tarjeta com validade de 30 dias a partir do dia da viagem. O visto pode ser emitido pela embaixada, por agências de viagens (nós emitimos a nossa pela Sanchat Tour) ou por algumas cias aéreas como a Copa. O custo, para nós, saiu em R$110,00 pela tarjeta e R$30,00 pelos correios, totalizando R$140,00 por pessoa e chegou a nossa residência em menos de dois dias úteis.
• Leve papel higiênico, lenço umedecido, álcool gel. Em Cuba quase não se vê papel higiênico nos estabelecimentos e quando tem, é de má qualidade e necessário pagar um valor para utilização.
• Nessa mesma linha dos itens de higiene, se você tem cremes, sabonetes, shampoos de preferência, leve-os na mala. Não deixe para comprar depois. A maioria dos produtos internacionais não chega a Cuba, e os que chegam são mais caros.
• Leve euro ou dólar canadense. Nunca dólar americano, pois é cobrada uma taxa de 10% em cima da moeda. Nós levamos euro, mas no dia da troca o dólar canadense estava compensando mais.
• Leve dinheiro! Sim, em Cuba são raríssimos os lugares que aceitam cartão. Só vimos maquininha em uma agência de viagem, em uma loja de Charutos e no aeroporto. Ainda assim, há restrição de horário para a utilização (se você aparecer no final da tarde, por exemplo, sem chance) e um limite mínimo para utilização.
• Faça um seguro-saúde. Em um país onde a cultura alimentar é diferente da nossa, um piriri sempre pode acontecer e não queremos estragar a viagem por isso, né?
• Imprima cópia do passaporte, de todas as reservas possíveis e contatos de emergência. Em Cuba a internet é cara e não tem em todos os lugares, o que dificulta a comunicação.
• Bolsinha de remédios, tem que ter. Um engov antes dos mojitos é sempre bom. Um omeprazol naquele dia que seu estômago não acorda muito bem também. Enfim, leve sua bolsinha com os seus remédios de confiança. • A última e mais importante dica que poderíamos dar a você que pretende visitar Cuba é: Vá de mente e coração abertos! Vá com humildade e disposto a conhecer um país que não tem nada a ver com seu em muitas questões. Se você seguir essa dica, pode ter certeza que a viagem vai ser mais ainda prazerosa. E se for, vem aqui depois contar pra gente como foi. Vamos adorar trocar experiências!
Inicialmente, obrigada pela primeira visita! Obrigada pelo carinho!!! Estou muito feliz em iniciar o blog e compartilhar com você, as minhas vivências de viagens. E nossa!!! Que responsabilidade estrear falando do Chile! Chile, que está praticamente na lista de desejos de todo brasileiro viajante. E não poderia ser diferente! De fato, o país atrai nossa atenção pela diversidade de possibilidades de destinos.
Bom, assim que eu decidi viajar ao Chile, comecei a pesquisar TUDO sobre o país. Foram horas, dias, meses, pesquisando sobre passagens, documentos, moedas, câmbio, chip de celular, transportes, hospedagens, etc. São muitos detalhes, mas aos poucos eu vou contando tudo.
Em primeiro lugar, você precisa saber que não é necessário visto para viajar ao Chile e os únicos documentos aceitos pela imigração são o Passaporte (caso tenha e opte por levá-lo) ou a Carteira de Identidade (RG) emitida pelas Secretarias de Segurança Pública. O passaporte precisa estar dentro da validade e o RG, para que seja aceito, deve apresentar fotografia atual; recomenda-se que tenha no máximo 10 anos de emissão. No meu caso, levei os dois. Passaporte carimbado é vida!!! Hahaha O RG levei só por precaução. Deu tudo certo! Passei pela imigração e foi bem tranquilo; o máximo que fiz, foi responder qual era a finalidade da minha viagem e o meu endereço de hospedagem. Detalhe: para nossa alegria, ou melhor, para a minha alegria, o país não exige nenhuma vacina para entrada, nem mesmo a vacina contra febre amarela. Ihuuuul!!! Partiu!!!
A moeda oficial do Chile é o Peso Chileno (CLP). Em agosto/19, de acordo com minhas pesquisas, em média, R$ 1 real estava equivalendo a 170 pesos chilenos. Logo pensei: estou rycaaaa! Só que não!!! Hahaha Você vai entender ao longo dos relatos dessa trip. Aproveitando que estamos falando de dinheiro, uma dúvida muito comum é sobre o câmbio. Qual moeda levar para trocar e onde trocar? Eu levei Real (R$) porque vi que era mais vantajoso na hora da conversão. Também é interessante levar uma quantia em Dólar (USD) (falarei sobre em outro post). “Cambiei” (troquei) um dinheirinho em Beagá mesmo, para o caso de alguma questão emergencial e para pagar meu transporte aeroporto Santiago/hospedagem e hospedagem/loja de câmbio chilena. Então, logo que cheguei na minha hospedagem, me informei sobre a loja de câmbio mais vantajosa aberta naquele horário (pós horário comercial). Fui ao Costanera Center (shopping) e a cotação foi 165. Troquei um pouco de dinheiro para minha primeira noite e para o próximo dia, já que era feriado no Chile dia 15/08. Posteriormente fiz o câmbio na Rua Augustinas (centro), famosa rua de Santiago que abriga várias lojas de câmbio. Lá a cotação foi 168 (máximo que consegui no Chile). É chato, mas o negócio é pesquisar e comparar para fazer um câmbio vantajoso. Eu não tive tempo.
Dica: cuidado para não confundir as notas, principalmente as de 1.000 (mil) pesos com as de 10.000 (dez mil) pesos. Preste muita atenção na hora que estiver utilizando a moeda chilena.
Já que nas minhas primeiras horas em Santiago, eu fui logo cambiar dinheiro no Costanera, aproveitei para resolver a pendência do chip de celular. Outro detalhe: a língua oficial do Chile é o espanhol, mas um portunhol bem falado tem seu lugar! Brasileiros e chilenos se entendem super bem! É só falar devagar, que eles entendem; eles fazem o mesmo e fica tudo numa boa! Hahaha Mas voltando ao chip, a verdade é que no Brasil, eu já tinha pesquisado sobre e encontrado alguns como o Easysim4u, que opera em mais ou menos 165 países (incluindo o Chile), contudo não quis investir e preferi procurar por um chip de uma operadora chilena local quando eu chegasse. São várias as operadoras: Claro, Movistar, Entel, Virgin e por aí vai. Eu fui na loja da Claro (Costanera) e fui atendida super bem. Paguei 1.000 pesos (R$6) pelo chip e mais 3.000 pesos (R$17) por um pacote de dados para 10 dias. Apenas me informei se o chip funcionaria em qualquer lugar do país e ali mesmo comecei a usá-lo, depois que a atendente muito gentilmente fez meu cadastro. Simples e rápido! Eu fiquei pensando que na verdade é interessante investir no Easysim4u, principalmente se você pensa em fazer outras viagens ao exterior. Eu vou comprar para a minha próxima viagem. Pesquisei na internet e encontrei esse chip a partir de 37 dólares (R$152); entrega em casa. Você sai do país com o chip já em funcionamento. Então é bem mais prático!
Anteriormente, eu contei que troquei um dinheirinho para pagar meu transporte até a hospedagem e o transporte da hospedagem até a loja de câmbio. Taí uma das grandes dúvidas de quem chega em um país desconhecido: qual a melhor opção de deslocamento para minha hospedagem? Táxi, Uber, transporte coletivo? Existe alguma empresa específica de transfer? Pois é, admiti todas essas possibilidades, mas acabei optando pelo transfer da TRANSVIP em minha chegada. Logo que você sai do desembarque, você avista o balcão da empresa. Eu paguei 7.900 pesos (R$46); o preço é fixo e eles te deixam no endereço. O retorno ao aeroporto também pode ser acordado com a empresa, porém eu não fiz isso. O serviço é de qualidade, mas de antemão já aviso uma coisa: ao contratar, não espere ir direto para o endereço da sua hospedagem. Se der azar como eu, poderá ser o (a) último (a) deixado (a) no endereço. Isso porque eles deixam passageiro por passageiro de forma geográfica. Fazer o que né?! Outras opções como ônibus, não recomendo por conta do deslocamento com bagagem. Uber é interessante, mas você não deve esquecer que provavelmente estará sem internet e vai por mim: comprar chip em aeroporto é furada! Bem mais caro, como tudo em aeroportos. Quanto aos taxistas, esses tem má fama na cidade e você ficará com pé atrás logo de início. Mais tarde verá que não é bem assim e que dependendo da situação, o táxi (contarei em outro post) poderá ser uma boa opção.
Por fim, a última coisa que eu acredito que você precisa saber antes de viajar, é sobre o seguro viagem, no entanto, eu não contratei. Não, não é obrigatório para entrada no Chile e olha, na verdade eu fiquei postergando, acabei não contratando nenhum. Sabe aquele ditado que diz mais ou menos assim: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço? Então, recomendo fortemente contratar um seguro para evitar ao máximo aquelas situações chatinhas (despesas médicas, extravio de bagagens, cancelamento de voo, etc), porque sim, elas acontecem! Mais pra frente vocês entenderão que eu sou a rainha delas! Hahaha Mas aqui, contratar seguro viagem não tem segredo. Peça indicações à outros viajantes. Pesquise! Eu vou pesquisar para minha próxima viagem ao exterior (sim, eu já estou com alguns destinos em mente!) e em outro momento conto para você.
Bom, acho que falei das coisas principais que você precisa saber antes da sua viagem ao Chile. Outras questões como passagens, hospedagens, passeios, etc, virão nos próximos posts. Tenho muitas coisas legais para compartilhar aqui no blog, então me aguarde!!!
Mais uma vez, obrigada! Espero que tenha gostado. Lembre-se que seu feedback é de extrema importância para mim. Volte sempre.
Primeiramente gostaria de dizer que essa não foi a minha primeira viagem sozinha por países africanos,mas quero contar a minha terceira experiência de um mochilão viajando 6 países da África – Moçambique, Suazilândia, África do Sul, Zimbábue, Botsuana , Zâmbia em 15 dias.
Wow, só de ver já da pra saber o quão aventureira foi esta viagem, preciso confessar que eu estava com medo pelo que muita gente fala e falava sobre o quão perigoso é viajar pela África e sozinha. Atualmente moro em Moçambique e me recusava comentar detalhes porque sabia muito bem o quanto teria retalhações de que seria uma loucura o uso de transportes coletivos e uso de couchingsurfing essas coisas…
Bom engoli o medo e planejei a viagem, comprei as passagens antes, quer dizer a passagem só da Victoria’s fall e a certeza que eu encontraria uma carona até Johanesburgo. Os vôos de volta para onde resido eram absurdos de caro e me restava voltar por terra o que me aguçava a curiosidade em fazer essa viagem. Atravessar o Zimbabue inteiro por terra, assim como eu fiz pela Suazilândia…
Eu fui sempre muito bem acolhida e cuidada em todas às vezes que eu estive perdida ou buscando algo. Isso foi para todos os países, o único problema que tive era que para algumas negociações eu pedia para pessoas locais participar da conversa comigo para decisão de valores, mas sempre que eu estava dentro do ônibus ou táxi ou no restaurante sem essa pessoa que me auxiliava aleatoriamente, eles mudavam o valor da moeda local como dito anteriormente. Não aconteceu muitas vezes, mas aconteceu e eu me sentia vulnerável em continuar negociação ou insistir na discussão. Como quando estava no táxi com dois homens que mudaram drasticamente o valor. E aí vc continua discutindo ou esperar o pior acontecer? Paga e vai, era minha vida em jogo, acho que eles não fariam nada comigo, mas é melhor prevenir do que remediar.
Por diversas vezes, os moradores locais de todos os países do qual eu passava algumas pessoas me colocavam dentro do ônibus, esperava comigo o ônibus sair, me esperava pagar o valor que deveria ser pago, quando o ônibus saia a pessoa pedia pra descer do ônibus, tendo a certeza que eu entrei, paguei o valor correto e estava sentadinha em um lugar seguro e confortável. Tudo isso sem cobrar NADA em troca e nem me sentir assediada, homens e mulheres fizeram essa gentileza comigo.
Outra história boa foi quando cheguei na rodoviária dá Victoria’s fall para pegar o ônibus pra Harare o rapaz disse que o ônibus estava cheio e que não tinha mais vaga, eu implorei tanto ele disse, entra e senta! Obedeci sem me hesitar, no primeiro lugar que eu sentei chegou a dona, me mudei, no segundo lugar que escolhi a dona chegou também. Uma senhora disse: sente ali, se alguém chegar eu resolvo! Hahahaha me diz se não foi uma graça? 13h sentada na janelinha.
Tenho que lembrar a outra história de quando eu fui pra Pretoria, eu já tinha na mente que quando eu saísse do festival precisava de uma carona, viajei já na maldade como diriam. A maioria das pessoas iriam embora na segunda feira, o meu vôo era na segunda-feira para a Victoria’s Fall. Conheci um grupo de Sul africanos muito amáveis que estavam de carro e trabalhando no evento, iam na segunda-feira de manhã. Mas queríamos curtir o último show, os últimos minutos no Festival do Bush Fire. Após eu expor minha situação, eles não hesitaram e era 20h estávamos nós com o pé na estrada correndo para cruzar a fronteira antes de fechar, viajamos a noite toda tudo para que eu não perdesse o vôo. E mais uma vez, sem assédio sem nada em troca, foi bem legal esse apoio mútuo.
Em todos os momentos e todos as passagens sempre houve muito cuidado para comigo, em nenhuma hora eu me senti ameaçada ou insegura, muito pelo contrário, na Swazilandia após andar 45 minutos na estrada um Rastaman me deu carona de 10 minuto na maior camaradagem, conversamos, ficamos mudos e rimos muito.
Assim como no Zimbábue, eu não tinha 1 dólar na carteira apenas um cartão de crédito que não funcionava muito bem no país por conta dos problemas econômicos e o Hostel que eu ia ficar não aceitava o cartão e eu não conseguia sacar, ou seja, estava com um grande problema e comecei a andar pela cidade de Harare com todas as minhas malas a procurar um hotel ou Hostel barato.
Andando sem conseguir pensar o que fazer e como fazer, eis que um rapaz me para e pergunta se estava tudo bem. Explico a história para ele, e ele diz que já tinha me visto andar desde o centro de cidade até esse bairro e estava preocupado por ver alguém está andando tanto com a mala e saco de dormir. Ele me ofereceu ajuda, disse que me levaria a um hotel de confiança que com certeza meu cartão passaria e que eu não deveria ficar a vagar pela cidade de malas. Ele é um médico, não me lembro a especialidade, me apresentou o pai, a filha e o filho; era o horário das rotinas familiares, acompanhei e ele me deixou no hotel recomendado, foi caríssimo, porém entendo o cuidado que ele teve para comigo.
Muitas pessoas me perguntam se eu nao tenho medo e como eu faço para saber em quem confiar, sinceramente ainda não sei, mas eu sei que os Passos tem sido guiado por onde eu ando.
Foram tantos cuidados, tanta proteção que alguns dizem que eu tenho sorte, diga o que você quiser, mas eu digo que é muita prece, orações, devoções e pessoas que me querem o meu bem, assim como eu também às quero. Sempre existirá alguém intercedendo e rogando por mim, gratidão por pedir proteção e condução divina aos meus passos.
Obrigada mãe África por me abraçar enquanto todos diziam não vá, por cuidar de mim e por fazer com que o medo seja traduzida em sabedoria, determinação, mandingas e perspicácia.
A Mulher Negra Latino Americana, Caribenha e Africana viajante Edição Salvador
Após a roda de Conversa em São Paulo Mulheres Negras Latino Americana Caribenha e Africana agora é a nossa vez da edição em Salvador, sendo assim a Bitonga Travel juntamente com a Katuka Africanidades se unem para realizar o encontro em Salvador de Mulheres Negras Latinas Americanas, Caribenhas e Africanas com o objetivo de discutirmos sobre mulheres negras pelo mundo. Mulheres que transformam e são transformada em suas caminhadas por onde passam, mostrar que esse espaço sempre foi nosso é o nosso maior prazer.
Manoela, viajante (@escritoraviajante) juntamente com Domênica Guimarães, Audio Visual da Bitonga Travel e AfronLab (@domenica.guimaraes) em sua viagem pela Bahia estarão abrilhantando a conversa e proporcionando essa troca. Essa atividade tem o objetivo de trazer a visibilidade à nossa história e nossos percursos enquanto mulheres negras, assim como encorajar mulheres negras a viajarem, proporcionar aquela trocar de experiências entre mulheres negras viajantes e não viajantes.
A Programação: 18h00
Abertura do espaço 18h30
Fala de Abertura Domênica Guimarães e Renato Carneiro 18h45
Manoela fala sobre os seus livros viajando sem grana em busca do Norte 19h00
Abertura da Roda de conversa mediação por Paula Papa 20h40
Últimas colocações e perguntas 21h00
Encerramento e agradecimentos.
A proposta do evento que seja uma roda de conversa onde possamos conversar dialogar com o grupo e dar a oportunidade de fala para compartilharmos nossas histórias.
Não fique de fora dessa, o evento irá acontecer no 01 Novembro de 2019 Local: Katuka Africanidades Praça da Sé, 24 – Centro – Salvador – BA Horário: 18h30 às 21h
Fui
convidada para participar de uma homenagem a Sra Ruth de Souza no Sesc
Interlagos.
E o
que isso tem haver com a Bitonga ou com viagem, você deve estar se perguntando,
né?!
Eu
respondo: TUDO
Vou
tentar contextualizar para que vocês possam se familiarizar…
Sou moradora do distrito de Ermelino Matarazzo, zona leste de SP, moro nos arredores do metrô patriarca (linha vermelha).
O
encontro estava marcado para as 10h da manhã em Interlagos, ou seja, uma
verdadeira viagem – saí de casa as 7h45
para chegar na estação Primavera Interlagos às 10h15 – literalmente atravessei a
cidade – como diria Mano Brown:
“ Um
role pelo Capão é fundamental “ não é Capão, mas é quase ali RS
Mas
sem pular etapas, é importante dizer, que fui para o metro Patriarca e retornei
à estação Itaquera, na tentativa de seguir o percurso sentado – doce ilusão
rsrs
Como
não consegui sentar e meu celular está quebrado a função áudio, fique atenta às
pessoas (como de costume) e por um lapso comecei a observar do vidro pra rua e
eis que fui surpreendida por um paredão de grafites.
São 4 quilômetros de muros grafitados – de Itaquera à Patriarca – é o segundo maior muro de grafite a céu aberto da América Latina.
Fiquei
admirando as cores, os desenhos, a perspectiva de cada artista, o traço e ao
mesmo tempo pensando quem são esses Artistas e qual a sensação de colocar essa Arte
na quebrada diretamente para o mundo ou vice e versa.
Como
uma boa admiradora da arte de rua, fui atravessada por um sentimento de amor – aqueles grafites trouxeram alegria para o
meu fds.
Seguindo viagem, continuei com o meu hábito em observar as pessoas e novamente fui surpreendida – quem nunca sorriu com os meninos do shopping metro ?! Parece que aquele sábado, todos estavam muito inspirados, pois segui rindo de Itaquera até o trem da zona sul – eles tem potencialidades e criatividade real e se eu tivesse dinheiro na bolsa, com certeza eu voltaria pra casa falida….rs
Analisando sobre todo esse contexto, deixo um pensamento e quem sabe uma provocação: Temos sonhado e trabalhado para poder viver nossas escolhas e sonhos. Temos sonhado e trabalhado para colocar a mochila nas costas e cair no mundo, mas me sinto tão egoísta … Eu nunca irei saber o que esses homens e mulheres trazem em suas mochilas, nas bagagens de vida.
Parafraseando
Luz Ribeiro:
“ sabem quantos centímetros cabem em um menino? sabe de quantos metros ele despenca quando uma bala perdida o encontra? Ou quantas casas ele volta para trás [ tipo num jogo de tabuleiro ] quando os guardas confiscam toda sua mercadoria? sabe quantos nãos ele ja perdeu a conta? “
” Quanto vale o guri favelado diante do seu cifrão ? “ Indy Naíse, perguntou na música Erê (Menino Prateado)
Que viagem louca essa né irmãs ?! Vocês também tem umas viagens dessa ?