Poesia de Ana Paula Torquato
Ela faz barulho
quando entro em lojas em bairros centrais
quando caminho por praias
quando sento primeira classe no avião
quando entro em um restaurante pra pedir a la carte
quando me hospedo em hotéis 5 estrelas
quando estou diante de uma platéia
pra mostrar que sim,
Minhas correntes ainda fazem barulho
são para os meus pés que olham, até atingirem os meus olhos
pra perguntar
se sou a faxineira
se sou a garçonete
se sou a cozinheira
Minhas correntes fazem barulho,
ao dizer que sou a proprietária!
São para os meus pés que olham, até atingirem os meus olhos
pra me informar o preço de um suco de laranja, quando eu só quero tomar o suco… poxa!
Vão dizer que é absurdo,
isso que acontece quando as correntes fazem barulho,
e julgam pela cor
não agem de cor(ação)
e sim de (re)ação…
como se nós fossemos a ação
Nós mudamos,
enquanto em outrora as correntes nos matavam
(ah, minha bisa)
outras eram “inofensivas”
(né vó)
abertas nos permitiam ir, pra onde?
(oh, mãe)
Hoje são nossa fonte de resistência pra continuar,
ainda carrego as correntes na minha pele!
Eu…
Ana Paula Torquato – Escritora e poeta por amor, com dois livros publicados e participação em antologias, foi premiada com o primeiro lugar em um concurso nacional de poesias no ano de 2019 , é membro da Academia de Letras da Manchester Mineira em Juiz de Fora, formada em Administração de empresas, é bacharela em Ciências Humanas e pós graduada em Gestão de Pessoas.
Apaixonada por viagens, fotografia, aventuras e correspondente da Bitonga Travel.
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