“Gire fundo, que esse mundo é tão maior”

Hello, girls

How are you?

Aqui estou eu, há mais de 30 dias pensando, ensaiando e buscando dentro de mim o que há de melhor para escrever para vocês.

Em um certo momento da minha militância fui silenciada e nunca mais consegui escrever – bloquiei geral – tem sido um processo diário de refletir e tentar colocar pra fora o turbilhão de sentimentos e sensações dos últimos meses.

Gostaria que vocês soubessem e acreditassem que a palavra tem FORÇA.

Como algumas ou muitas de nós , penso que todas entendemos de onde viemos e nosso lugar social diante dessa sociedade classista. E por que to dizendo isso?

Porque nem nos meus sonhos maiores, eu poderia acreditar que estaria fazendo um pequeno mochilao e/ou escrevendo para um blog, sobretudo, um blog de manas Pretas. No meu humilde e simples jeito de viver, passear por lugares que não fosse o centro de SP e seus arredores ate então era algo MUITO FORA DA MINHA REALIDADE.

Eu tenho muitos amigos (brancos) que já viajaram por todo esse BR e todos moraram no exterior e apenas uma amiga/irmã Preta que conseguiu ultrapassar as barreiras e mochilar pela América Latina – ainda assim, não era possível me familiarizar com isso, eu não conseguia me visualizar realizando algo semelhante.

Em 17,  meados de Junho eu estava em casa e comecei a me questionar sobre diversas espaços e lugares que não temos acesso e naquela noite eu disse pra mim mesma: “ Ate Dezembro eu vou conhecer alguma cidade de Minas Gerais “

Fui pro quintal, estiquei um tapete e comecei a conversar com as estrelas e com Deus, disse a ele o quanto eu queria realizar essa vontade e que precisava da ajuda dele. Os dias passaram, continuei a rotina da vida e numa segunda feira do mês de novembro, encontrei uma amiga na rua que me fez o convite pra ir em Santome das Letras. Fiquei um pouco apreensiva , porém no mesmo instante eu disse que iria – não tinha dinheiro e nem pra quem pedir – mas eu sabia que de alguma forma o universo iria conspirar pra conseguir.

No mesmo dia entrei em contato com a Bruninha @ventosdeluz e disse que não tinha grana, mas gostaria muito de ir na excursão, ela em nenhum momento exitou em dizer não, apenas confiou e disse que meu lugar tava reservado, pra eu pagar como pudesse.

E foii lindo. Santome das Letras e uma cidade bem acolhedora, com uma atmosfera e energia surreal. Foi uma trip de quatro dias e foi libertador topar essa viagem e visualizar que novas possibilidades  estavam se abrindo para mim.

Entrei 18 fazendo planos e escrevi no meu diária, que iria conhecer dois estados – não sabia qual, nem quando nem como – mas novamente emanei pro Universo.

O primeiro semestre foi amorosamente lindo, vivi a paixão mais linda e louca de toda minha existência – sabe aquela paixão que arrebata tudo e todos? Que a gente idealiza que vai  subir aos céus com apenas um beijo? Pois é, eu tive essa sorte, oh Glória!

Mas na mesma intensidade que cheguei aos céus, desci ao inferno e essa relação foi um divisor de águas na minha vida, na verdade está sendo.

Em dezembro, estava em casa, curtindo uma bad daquelas de cortar os pulsos – eu estava literalmente na lama e então, deitada, chorando, ouvindo Anna Trea e sua linda poesia que diz mais ou menos assim:

“ Abre as asas!

Não dá mais, ser cores de outros carnavais

Outros panos, panos que não te vestem mais

Pise firme, não há por quê olhar pra trás

Sê inteira, sê a luz que ilumina tua paz

Coragem!

O de sempre, de não haver ponto sem nó

Dança tudo, faz e espera o melhor

Gire fundo, que esse mundo é tão maior

Tê certeza de que não caminha só na viagem

Te veste da tua alma, tua verdade, teu amor

Ta na porta a nova era que chegou

Dê passagem!

E olho o olho dessa era que chegou

Todo um mundo girando com o teu girar

Tua dança, não é vã, tem que dançar!

Novo rio, um (novo) caminho prá correr

Teu pavio se acendeu deixar ferver

Dê passagem

Essa poesia, a melodia dessa música bateu tão forte em mim, dialogou tão diretamente com minha alma e naquela noite, eu decidi que iria embora da cidade cinza e iria mochilar pelo BR.

Pedi a conta do trabalho, tranquei a faculdade e aqui estou eu, no terceiro mês de viagem, no segundo Estado e me planejando para o próximo. Quer saber a continuidade dessa história?

Eu conto no caminho… me acompanha que logo tem texto novo.

E se você chegou ate aqui, eu agradeço e deixo uma pergunta no ar:

Você tem acreditado na força de suas palavras e seus pensamentos???

Um beijo

Carinhosamente, Het Heru

Het Heru

Bárbara, nome de batismo, mas prefiro Het Heru, que é o mesmo que Oshum. Nome é a única coisa que o pobre tem, não é mesmo?! Sendo assim, acredito que quanto mais próximo estivermos de nossa ancestralidade, mais estaremos conectados com nossa Mãe África...

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