Por Yara Sereya – Chacina Jacare…
Todo dia passo por vielas e de repente um pipoco soa o meu ouvido,
Então eu ouço gritos
Uma criança metralhada em minha frente, policial me xingando um monte de nomes, quando eu olho para trás, eu tomo soco, chute e outro pipoco
Corro para casa, achando estar salva, pé na porta arrombada ele disse
Arma na cabeça, porque eu disse invasão?
Qual esperança, tiramos para alimentar a própria fé, para ficar de pé,
Querem apagar, invisibilizar
Tá faltando nomes, mais de trinta
A Chacina Jacare …
Cadê? Como assim vocês não estão vendo? Olha pro lado, tá passando em sua timeline e você acha normal, sente, tem do, da notícia da vez, que passa logo quando será próxima vê-z?
Essa é a estrutura, não me venha com “policiais presos ou dispensados” porque é a estrutura que precisa ser reparada. É máquina de matar gente,
Sapatos juntos, sete palmos,
Que quem escuta já apavora
Mas não pensa, como é voltar para casa, nas favelas desses cantos, de cada canto, nem tão de canto assim, central.
É necropolitica, pensado, arquitetado pelo estado. Acham que é só dizer “abolição da escravatura” como uma palavra mágica para desaparecer com toda a gestão, pseudo do sistema de então, que era a escravidão? Oh
Me poupe, isso já é cinismo
Mas eu te digo, você só vem até aqui
Não me fale de pessoas,
Que eu digo que os nomes de quem mata é o racismo.
E aí? Julgue, criminalize e ressocialize se quiser continuar com “estrutura”.
Qual termômetro, qual parâmetro, quem te disse que não temos direito,
Não somente com a saúde em tomar vacina
Direito a vida, em plena pandemia
Economia fodida
Faltando comida na mesa, de favela
Sentimentos e emoções para o dia das mães
Em Jacarezinho e nas favelas, vocês operando uma chacina?
Nossa voz ecoa
Não está só nos becos, mas também nas passarelas.
Somos e estamos de ponta a ponta
E essa conta não tá batendo.
Mulher negra retinta, indígena
Mulherista Candace
Filha de Yansã
Pan africanista artista irreverente
Artivista
Yara Sereya