Poesia de Sara Sacramento - EU, FILHA DAS ÁGUAS

Poesia de Sara Sacramento – EU, FILHA DAS ÁGUAS

Poesia de Sara Sacramento – EU, FILHA DAS ÁGUAS

Escrevi esse texto no final do ano, sentia que precisava me encontrar com as águas doces e via nas águas esse encontro de equilíbrio, limpeza e cuidado. Estava vindo de uma dinâmica de excesso de trabalho e meu corpo pedia pausa e calma. E esse sentimento transbordou de mim com o texto “Eu, filha das águas”

Sou uma flor que caiu da jangada
Com o balançar das ondas
Que acalmam
Puxam
Afundam
A mesma água
Força que me acolhe em seu ventre
Molha a minha negra pela em dias de sol
e em dias de chuva
me engole
me quebra
me transforma
Transmuta
A mesma água
Aquela que com força explode represas e em sua intensidade destrói tudo pelo caminho
Não deixa pedra sobre pedra
Água
Água que quando passa tudo transforma
Tudo contorna
Seu sorriso é calma
é doce
alegria
e contorno, entorno da tristeza
A mesma água
que é mar revolto
que sufoca
Afoga
rebentos em sentimentos
Cura
é vida
Renascimento
Cuidado
Afeto
Daqui de dentro
De perto-longe
Imersa
Observo
Sou a flor que caiu da jangada
Que é tudo
nada
imensidão
da vida o mistério
envolta nessas águas quentes do mar-maré
Afundei num lamacento rio
De cura e fé
Onde eu era tudo e nada
Onde eu era imensidão-vazio e aprendi a ser como água
Flutuar e viajar
por correntes diversas
fluir
em dias quentes e outros frias
Por vezes calmas e em outras intensa como furacão
Alguns dias contornando e em outras apenas insistente
Me vi água
Me reconheci água
Sempre fui
Só anos depois entendi que precisei
Realmente precisei
Cair daquela jangada
Para me ver
me perder
entender
me encontrar

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