Em primeiro lugar gostaria de dizer que não sou especialista no assunto amor mas, gostaria de trazer a reflexão dos casais pretos do experimento de amor às cegas no Brasil e EUA.
Preciso dizer que o match entre casais pretos é algo que realmente é possível às cegas, temos os exemplo de que pretas e pretos dão match! Nossas semelhanças, afinidades não negam, a voz, o carisma assim como foi o caso de Diamond Jackson e Carlton Morton, Carol Novaes e Hudson Mendes.
Pretas e pretos se amarem é um ato revolucionário, porém o experimento mostrou explicitamente como que é esta realidade vivenciada diariamente por homens e mulheres negras.
A primeira coisa que podemos notar é a insegurança de homens pretos diante de uma mulher negra, vou exemplificar para ficar mais fácil.
Diamond e Carlton
A pergunta que não quer calar: o que deixou Carlton puto da vida em dizer ser bissexual como algo ruim? Diamond aparenta ser uma pessoa tão aberta, assim como madura para isso. Quando Carlton se abriu, parecia que tinha cometido o maior crime da humanidade.
Tenho a certeza que poderiam, have fun – como se diz em inglês que em português é se divertir juntos sexualmente sem pensar em julgamentos. Mas, infelizmente o auto julgamento, cobrança de masculinidade negra e orgulho falaram mais alto.
O homem negro sofre e falar da sua intimidade em aberto ainda dói, doeu mais ainda por ser televisionada. Será que continuaremos com o tabu em poder falar de relações afetivas, prazeres de homens pretos?
Assim como, em nenhum momento esse rapaz teria o direito de ser mega escroto, agressivo e ofensivo com Diamond e depois com Lauren Speed. O fato de homens pretos terem mil problemas e conflitos internos, não lhe dão o direito de ser ofensivo colocando os seus problemas, orgulho em cima da mulher e neste caso uma mulher preta.
Vale a pergunta, será que ele faria esse show com uma mulher branca? Aposto que não…
Carol e Hudson
Aquele amor pra chipar e querer super ter esse relacionamento dos sonhos, um casal muito lindo mesmo. Mas que, não ia ser diferente dos EUA.
Adivinha quem foi o primeiro casal a ter DR e externalizada aos outros casais? O casal preto!
É notório que Carol está além da idade real, da idade mental e de vida de Hudson. Isso não quer dizer que ele não esteja aberto à aprender ou disposto a se tornar uma pessoa melhor a cada dia.
O problema é o quanto isso o intimida e lhe dá insegurança de se tornar um homem mais seguro de si. Admiro a postura de Hudson no sentido de poder se abrir em dizer sim, estou e estou inseguro no inicio do programa! Considero essa postura muito comum e de se esperar de um homem negro mais novo o que talvez não ouviríamos de um homem preto mais velho.
Enfim, chegou o dia 4 e pudemos saber se eles ainda estão juntos ou não, e como muitas de nós já imaginávamos, eles não estão.
A mulher negra quer amar e ser amada, mas ainda temos muita incompatibilidade com os homens pretos, o conto de fadas dura o tempo do programa, 30 dias e os outros 130 fingimos ter algo sem que os telespectadores de nossas vidas saibam a verdadeira realidade.
O impacto da escravidão no ato de amar
A forma como “acabou” por hora o experimento Amor às cegas no Brasil, assim como o dos EUA, nos deixou de coração partido. Talvez assim como esses casais criamos a expectativas e vale lembrar que junto com elas, vem a decepção. Esperávamos mais, queríamos que eles ao menos conseguissem conversar direito ou ao menos se abrirem, mas que ainda sangra. O reencontro nada cordial, revela que não estamos abertos para abrir realmente nossos sentimentos. Que sinceramente, como diriam as sábias das nossas avós, roupa suja se lava em casa.
Incomodou, frustrou a gente não poder ter visto casais pretos no felizes para sempre desses experimentos, talvez ainda não conseguimos imergir no ato de amar. Temos pontos tão frágeis notório em experimentos e na vida real para poder ter o prazer de viver o conto de fadas com prazo de validade prolongado.
Sentimos muito pelos casais pretos do amor às cegas tanto nos EUA e no Brasil não serem o que sempre sonhamos em programas de relacionamentos televisionado.
Vibramos muito, choramos e acreditamos no amor, mas será que ele ainda é algo distante para casais pretos?