Idealizadora e Correspondente da Bitonga Travel. Amante de histórias reais, da simplicidade da vida e aventuras, tem como lema de vida a Sankofa – “voltando ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro”.
Em primeiro lugar, feliz Ano Novo! Seja bem vinda, bem vindo e bem vindes de volta para o nosso último dia de celebração da Kwanzaa. Na data de hoje iremos refletir sobre princípio da Kwanzaa, IMANI que significa fé.
Antes de mais nada, caso ainda não saiba o que é a Kwanzaa. É uma celebração criada pelo Professor Dr. Maulana Karenga, realizada por algumas comunidades afro-americanas da Diáspora Africana desde 1966. Sem nenhuma ligação religiosa e muito menos vem como substituição ao Natal.
“Kwanzaa oferece um novo diálogo sobre a cultura negra, sobre nossas contribuições positivas para o mundo, e não apenas o estigma negativo da raça“
Dr. Adam Clark
No dia anterior da nossa celebração da Kwanzaa, falamos sobre a KUUMBA, que é sobre a criatividade. Caso não tenha lido, deixo o link para que possa fazer essa leitura.
Sétimo princípio da Kwanzaa – IMANI – fé
No contexto da espiritualidade africana, ela começa com uma crença no Criador, ou seja, na positividade da criação e logicamente leva a uma crença na bondade e possibilidade essenciais da personalidade humana.
Pois, em todas as tradições espirituais africanas do Egito em diante, é ensinado que somos a imagem do Criador, portanto capazes de retidão e criatividade através de autodomínio e desenvolvimento. Portanto, a fé em nós mesmos é a chave aqui: fé em nossa capacidade como humanos de viver em retidão, autocorreção, apoiar, cuidar e ser responsáveis uns pelos outros e, eventualmente, criar uma sociedade justa e boa.
Frantz Fanon disse que devemos inventar, inovar, chegar dentro de nós mesmos e ousar “pôr em marcha um novo homem e mulher”. O mundo e nosso povo estão esperando por algo novo, mais belo e benéfico de nós do que o que um passado de opressão ofereceu.
É neste contexto que podemos certamente falar nossa própria verdade especial ao mundo e dar nossa contribuição única para o avanço da história humana.
Então entenda IMANI: “Para acreditar, de todo o coração, em nosso Criador, nosso povo, nossos pais, nossos professores, nossos líderes e na justiça e vitória de nossa luta.”
Exercício e reflexão do dia
Por fim, chegamos ao último princípio, FÉ! Não é sobre religião é sobre acreditar! A fé move montanhas não será possível praticar a Unidade, Autodeterminação Trabalho Coletivo e Responsabilidade, Economia Cooperativa, Propósito, Criatividade sem a Fé.
A Fé, também é luta! Sendo assim, 365 dias para colocar em ação todos os princípios e acreditar em você e que todas as forças desse universo culminam para o seu, o nosso sucesso. Como dizem: acredite no seu Asé, todos os dias são novos recomeços.
Deixo a música do dia para vocês:
Enfim, terminamos quer dizer, iniciamos aqui um ano imersos nos princípios da Kwanzaa que 2021 possa ser um ano em que todos os princípios possam ser vividos.
Agradeço e me despeço na certeza que foi transformador para mim, assim como para você.
Desde já, bem vinda, bem vindo, bem vindes em nossa celebração da Kwanzaa. No quarto dia da Kwanzaa temos como princípio a NIA que significa Propósito.
Kwanzaa é uma celebração da família, comunidade e cultura, é realizada por algumas comunidades afro-americanas da Diáspora Africana desde 1966.
Caso tenha perdido o texto de ontem, compartilho por aqui, ou seja, confira lá.
Quinto príncipio da Kwanzaa – Nia Propósito
“Fazer de nossa vocação coletiva a construção e o desenvolvimento de nossa comunidade, a fim de restaurar nosso povo à sua grandeza tradicional”.
Saiba que todas as pessoas deste ao mundo tem um propósito, somos mensageiros.
No exercício de hoje vamos pensar além, pergunte em voz alta, qual o meu propósito, gosto muito do vídeo da doméstica que diz amar o que faz e ela faz com tanto amor que tudo se transforma.
Talvez você esteja cansado assumindo problemas que não são seus, sonhos interrompidos, porém lembre-se: SONHOS NUNCA MORTOS! É o tempo de reerguer, de olhar para si e dizer: EU SOU UM PROPÓSITO! Não desista de você…
Caiu, levante, não deu certo volte ao início, errou, corrija, nunca foi fácil e não podemos massager, mas saiba que quem nasceu pra ser vencer não pode recuar.
Exercício e reflexão do dia
Uma vida com propósitos requer pessoas que pensem aqui agora e no futuro, onde e como você se vê em 5 anos?
Como e onde você se vê daqui a 10 anos? Em tempos pandêmicos “aprendemos” a viver o presente, mas vou dizer à você que nós pretas e pretos sempre foi assim, vivendo o presente, não por escolha de vida mais consequências dela. Mas na linha dos demais princípios, olhar para o futuro ter um proposito individual, familiar e coletivo é para visionários.
Mesmo que iremos viver o hoje, mire mais adiante, planejar futuro faz parte do plano de sucesso, mas lembre-se você não está só e os planejamentos coletivos são necessários. Sendo assim, qual é mesmo o seu plano familiar?
E por fim, para tirar aquele projeto de viagem dos sonhos do papel, esta é a hora, aprenda a fazer planos à longo prazo, assim como investir nisso, uma vida com propósito requer ações e as ações precisam ser como podemos arcar, assim vivem as viajantes, através de planejamento.
Música do dia:
Por fim, saiba que este texto foi escrito por Rebecca Aletheia.
Em primeiro lugar, bem-vinda, bem-vindo, bem vindes de volta em nossa celebração da Kwnzaa. No terceiro dia da Kwanzaa temos como princípio a UJAMAA que significa Economia Colaborativa.
Gostaria de agradecer imensamente pela leitura desses textos, foi através da Kujichagulia – autodeterminação que eu tenho escrito sobre os 7 princípios após estudá-los no decorrer do ano.
Antes de mais nada, caso ainda não saiba o que é a Kwanzaa. É uma celebração criada pelo Professor Dr. Maulana Karenga, realizada por algumas comunidades afro-americanas da Diáspora Africana desde 1966. Sem nenhuma ligação religiosa e muito menos vem como substituição ao Natal.
“Kwanzaa oferece um novo diálogo sobre a cultura negra, sobre nossas contribuições positivas para o mundo, e não apenas o estigma negativo da raça“
Dr. Adam Clark
No dia anterior da nossa celebração da Kwanzaa, falamos sobre a UJIMA, que é sobre o trabalho coletivo e responsabilidade. Caso não tenha lido, deixo o link para que possa fazer essa leitura.
O quarto princípio da Kwanzaa – UJAMAA – Economia colaborativa
O quarto princípio da Kwanzaa – UJAMAA significa economia cooperativa. É a base do que vimos ser concretizado nas redes sociais com a popularidade do famoso Black Money.
Como resultado a Ujamaa nos ensina a apoiar uns aos outros e construir negócios que beneficiem toda a comunidade e a ajudem a prosperar.
A ideia por trás dos movimentos Black Money é trocar o dinheiro dentro da comunidade primeiro, ou seja, fornecendo empregos para a nossa comunidade. Ao passo que estaremos aumentando a renda média, trazendo mais oportunidades para mais empreendimentos e expansão de negócios em nossa comunidade.
Quando falamos sobre a UMOJA (unidade) UJIMA (trabalho coletivo e responsabilidade), é também pensar UJAMAA. Se você tentar levantar algo pesado sozinho, será muito mais difícil do que se outras pessoas o ajudassem. Dessa forma, quanto mais trabalharmos juntos para elevar nossa comunidade, mais fortes seremos.
O que há para aqueles de nós que não possuem negócios? Quando as empresas em nossa comunidade estão indo bem, nossa economia prospera, ou seja, quanto mais o nosso dinheiro circular em nossa comunidade, mais famílias ajudamos.
As empresas que estão prosperando e podem oferecer mais produtos e serviços, expandir seu horário e oferecer produtos de melhor qualidade. Os proprietários de empresas podem contratar mais pessoas e pagar mais aos seus funcionários – para que suas famílias possam crescer e prosperar – espalhando a oportunidade de construir riqueza para mais pessoas.
Reflexão e exercício do dia
A primeira coisa a saber é que o seu dinheiro tem muito valor. Você ralou muito por cada centavo, tire a palavra gastei do vocabulário e use a palavra INVESTI. Esse investimento está sendo em primeiro lugar para você e consequentemente para os seus, os nossos.
O segundo exercício e não preciso dizer compre de pessoas pretas, mas irei mais além dos pequenos e médios produtores negros quero que reflita alguns pontos:
A população negra latina, americana, caribenha e africana vive em sua maioria trabalhos autônomos, atuando em projetos sociais, arte, cultura e lazer. Em síntese nossas mentes, nossas obras, nossas artes precisam também serem vistas como valor monetário, não é à toa que investimos em festas e shows caríssimos.
Quantos projetos sociais, artistas independentes você incentivou neste ano além do natal? De todo o seu dinheiro investido, separe dinheiro para investir neste ramo também, nem que seja R$5,00 por mês. Não pense no valor pense que se cada um fizer será um montante e para cada vitória de uma ou um é a vitória da arte e da cultura preta.
A terceira e última reflexão do princípio UJAMAA, não existe nada de graça nesta vida. A onda de recebidos do dia, me dá um brinde, pode fazer de graça? Não é correto para com os nossos. Acredite no universo da troca, o dinheiro existe para isso, mas se não há dinheiro há outros modos de se pagar. E lembre-se só prometa o que se pode e como se pode pagar a palavra é uma!
UJAMAA – Economia Colaborativa
Por fim, deixo aqui a música do dia. Gosto da frase da música em que diz:
Por quê você não vem me dar apoio do jeito que você sabe que pode!
Em primeiro lugar, bem-vinda, bem-vindo, bem vindes de volta em nossa celebração da Kwanzaa. No terceiro dia da Kwanzaa temos como princípio a UJIMA que significa a Trabalho Coletivo e Responsabilidade.
Antes de mais nada, é importante que saiba sobre a Kwanzaa, é uma palavra em suaíli que significa primeiros frutos, onde tudo começou. Suaíli é uma língua da África Ocidental falado pelos países (Quênia, Tanzânia, Congo, Uganda, Ruanda, Burundi, Moçambique, Somália, Zâmbia e Comores).
Neste sentido, a Kwanzaa é uma celebração realizada por algumas comunidades afro-americanas da Diáspora Africana desde 1966, sem nenhuma ligação religiosa e muito menos vem como substituição ao Natal, criada pelo Professor Dr. Maulana Karenga.
O terceiro princípio Kwanzaa – UJIMA – Trabalho Coletivo e Responsabilidade
No terceiro dia da Kwanzaa temos como princípio a UJIMA, neste dia a cor da vela que iremos acender é a vermelha. Assim que a chama é acesa, o brilho desta vela simboliza uma cintilação que significa que somos coletivamente responsáveis por nossas conquistas, bem como por nossos contratempos.
Então, devemos construir e manter nossa comunidade juntos e fazer dos problemas de nossos irmãos e irmãs nossos problemas e resolvê-los juntos.
Para os povos pretos, o viver em coletivo é saber que o trabalho e as vitórias são de todos. O trabalho coletivo é algo realmente mais difícil, pois lidamos com várias individualidades e desejo, porém mais prazeroso, pois todos ganham.
Esse princípio traz a reflexão da família. Quando trabalhamos coletivamente, é se importar com o outro, é saber que os nossos crescerão com tudo isso. Em um trabalho coletivo, todos tem a seu valor, assim como a importância do seu trabalho. Saber da potencial e dificuldade de cada um assim como a responsabilidade para com o coletivo se faz fundamental para o sucesso.
Reflexão e exercício do dia
Primeiramente antes de iniciarmos o exercício do dia, vamos aprender a pronúnciar a palavra UJIMA!
Gostaria de te trazer a reflexão do contexto familiar. Na cultura africana, os problemas familiares são discutidos em conjunto, são compartilhadas as angústias, assim como busca soluções coletivas. Se importar com o outro é respeito é saber que o seu problema é nosso.
Neste meio tempo, convido você a refletir quantas vezes você compartilhou os seus problemas com os seus familiares? Quantas vezes você foi ouvido e quantas vezes foi a voz ativa em pedir conselho aos mais velhos?
Não é à toa que pessoas das quais gostamos muito mencionamos ela como membro da família, pois se trata de coletividade, alguém que aprendemos a amar e respeitar com todos os seus defeitos. Assim como nos enchemos de orgulho quando os nossos vencem.
Quando foi a última vez que compartilhou algo com a sua família? Que pediu colo para quem você sabe que nunca te abandonará? Assim como, quantas vezes você foi ouvido ou simplesmente chamou alguém dos seus para conversar e abrir o seu coração para que ambos crescessem?
Quais as responsabilidades no cuidado que você tem com os seus? O exercício de hoje é pensar que o trabalho coletivo que vai além da UMOJA – unidade. Logo, o compartilhar, tem a necessidade de se abrir, falar o que está acontecendo, respeitando o outro para não colocar juízo de valores ou punitivo. Mas sendo ouvido que escuta e braço que acolhe.
Dessa forma, tenha a sua família como o seu porto seguro e os que nunca irão te desamparar seja a sua família biológica ou o seu grupo de amigos que você considera mais que irmãos. Pratique o falar, pratique pedir ajuda, pratique o ouvir, pratique a responsabilidade do cuidado.
No segundo dia de celebração da Kwanzaa iremos refletir sobre a KUJICHAGULIA, que significa a Autodeterminação.
Antes que iniciemos, caso ainda não saiba, Kwanzaa, é uma palavra em suaíli que significa primeiros frutos, onde tudo começou. Suaíli é uma língua da África Ocidental falado pelos países (Quênia, Tanzânia, Congo, Uganda, Ruanda, Burundi, Moçambique, Somália, Zâmbia e Comores). É uma ação realizada por algumas comunidades afro-americanas da Diáspora Africana sem nenhuma ligação religiosa.
No período do dia 26 de dezembro ao dia 1 de janeiro, celebra-se a Kwanzaa e assim como a primavera, celebra-se o primeiro fruto em coletivo. Para cada dia irei trazer a reflexão de 7 princípios (Umoja, Kujichaguilia, Ujima, Ujamaa, Nia e Kuumba).
No texto anterior falamos sobre o princípio UMOJA – UNIDADE, caso ainda não tenha lido, deixarei por aqui para que possa ter acesso a essa material
Então, reflexões de coletividade para que possamos sair e adentrarmos da melhor forma no próximo ano que se inicia. Dessa forma, reforço o convite para o segundo dia da Kwanzaa refletindo sobre o princípio da Kujichagulia – Autodeterminação.
Kwanzaa, o segundo princípio é a KUJICHAGULIA – Autodeterminação
No ano em que tivemos literalmente nosso ar sufocado pelas notícias brutais de mortes pautadas pelo racismo. Pensar na Kwanzaa – Kujichagulia – Autodeterminação é extremamente importante para a nossa recomposição e darmos voz ao efeito de decidir por si mesmo.
O segundo princípio da Kwanzaa – Kujichagulia – Autodeterminação, o que isso significa?
“Numa época em que a ocupação e a opressão de países e povos são imoralmente apresentadas como necessárias e até salvíficas, o princípio de Kujichagulia (Autodeterminação) rejeita isso e reafirma o direito das pessoas e dos povos de determinarem seu próprio destino e seu cotidiano; viver em paz e segurança; e florescer em liberdade em todos os lugares. ” Dr. Maulana Karenga
Antes de mais nada a vela na cor vermelha é a representação da Kujichagulia, simbolizando a luta pela perseverança enquanto trabalhamos duro para superar a discriminação e as adversidades em nosso dia-a-dia.
Simbolizando a nossa determinação em assumir o controle de nosso futuro. Devemos trabalhar com todas as pessoas e culturas para o bem da comunidade; mas devemos fazer isso sem perder nossa identidade, objetivos e autossuficiência no processo.
Que desafio, não é mesmo? No exercício do dia quero que possamos refletir em que todos os NÃO que recebemos nessa vida, em todas as falas de menosprezo, ou pejorativo podem se somarem e fortalecer os nossos sonhos, acredite em SI! Você pode, você é dona/dono dos seus sonhos, faça a decisão por si mesmo.
Reflexão e exercícío do dia
Então, vamos reascender os sonhos ocultados? Sabe aquele sonhos que foram ofuscado e que por qualquer razão te convenceram que não seria possível? De antemão, busque a sua autodeterminação, não se agarre no que os outros dizem, se você acredita, NÓS TAMBÉM ACREDITAMOS!
Primeiramente escreva os seus sonhos, não se sabote, se olhe no espelho e em 3 minutos fale para si quem é você, se venda, como apresentaria essa pessoa ilustre que você é no maior evento da sua vida.
Em seguida, convido para que reflita sobre quantos sonhos você contribuiu para que virassem realizdade? Ao olhar Joyce Bello que é artista metroviária que toca banjo no metro e trem do Rio de Janeiro, dá lição de que sonhar também é fazer.
Agora me diz, para o seu sonho valer você precisa contribuir com os demais sonhos, assim como incentiválos e valorizá-los. Sempre que possível, valorize o trabalho do outro, valorize, confie e acredite nos trabalho das pessoas que estão ao seu lado.
Existem muitos trabalhos e trabalhadores incriveis em potencial ao seu lado que você não imagina, se estamos falando em Kwanzaa, é saber entender que tudo é possível se estamos junte. Dessa forma, valorize o trabalho das pessoas próximas, é por esse e outros motivos que o Black Money – Dinheiro dos Pretos tem valor!
Saiba em quem e para quem você investe o seu dinheiro, aliás esse é um grande impeditivo de que possamos fazer que os nossos sonhos se concretizem.
Kujichagulia – Autodeterminação
Em síntese, Kwanzaa Kujichagulia Autodeterminação trás conosco a reflexão de que confie em si, não deixem que continuem matando, roubando, driscriminando os seus sonhos
Por fim compartilho aqui uma música para que possamos materializar esse momento.
Por diversas vezes incorporamos celebrações ao redor do mundo como o Natal, Dia de ações de graças, Saint Patrick´s Day, Halloween dentre outros. Gostaria de te convidar para que celebremos a Kwanzaa, e que iniciemos para o Dia 1 Princípio UMOJA – UNIDADE.
Em primeiro lugar, gostaria de apresentar o que é a Kwanzaa, que significa primeiros frutos, palavra suaíli, onde tudo começou. Suaíli é uma língua da África Ocidental falado pelos países (Quênia, Tanzânia, Congo, Uganda, Ruanda, Burundi, Moçambique, Somália, Zâmbia e Comores). É uma ação realizada por algumas comunidades afro-americanas da Diáspora Africana sem nenhuma ligação religiosa.
No período do dia 26 de dezembro ao dia 1 de janeiro, celebras-se a Kwanzaa e assim como a primavera, celebra-se o primeiro fruto em coletivo. Para cada dia irei trazer a reflexão de 7 princípios (Umoja, Kujichaguilia, Ujima, Ujamaa, Nia e Kuumba).
Então, trarei reflexões de coletividade para que possamos sair e adentrarmos da melhor forma no próximo ano que se inicia. Dessa forma, reforço o convite para que iniciemos o primeiro dia da Kwanzaa refletindo sobre o princípio da UMOJA.
Kwanzaa, o primeiro princípio é a UMOJA – UNIDADE
Na data de hoje iremos falar sobre a necessidade de desenvolvermos e mantermos o senso da UNIDADE. A princípio é através da união dos pequenos e grandes grupos assim como nas relações significativas em forma de família, amizades, coletivos, escola, trabalho….
Nos princípios africanos ninguém pode viver sozinho, vive-se a unidade em coletividade, parece algo muito desconexo, porém conexo. Gostaria de trazer a reflexão da importância do respeito mútuo, justiça, cuidado e preocupação ao outro. Assim como compreender que todos somos iguais, ninguém é melhor, maior que ninguém neste grupo, a criança tem voz, assim como o idoso.
Traz também a reflexão da solidariedade ao próximo, a união ela sempre agrega mais um a qualquer momento do tempo, um casamento, um nascimento e assim trazemos conosco essa importância de agregar alguém que necessite, afinal de contas somos todos iguais e incluir essa pessoa ao círculo é importante para o crescimento de todos.
Vamos praticar?
No exercício do dia, como anda os seus círculos de UNIDADE, quem é você nos seus grupos? Alguém que está para somar ou dividir, alguém para criticar ou para ser a transformação? De cada um dos seus círculos, convido-te que vá elogiar alguém que foi muito importante para você neste ano. Alguém que talvez você não teve a oportunidade de dizer ou alguém que você realmente está bem distante, mas gostaria de se aproximar ou reaproximar.
Mande uma mensagem para ela dizendo o quanto ela é importante para você e o quanto você quer que ela continue sendo parte do seu novo ciclo.
Em segundo lugar, gostaria que pense em uma pessoa que ainda não é parte da sua unidade e que merece integrar. Talvez essa resposta não lhe venha tão rápida na mente, mas que você saiba o quanto você pode e deve ser apoio no ano de 2021 à pessoa da qual você escolher e que ela saiba que poderá contar com você independente de qualquer bem material e sim na questão de cumplicidade e apoio mútuo. Lembre-se o presente nesse momento serão as palavras, o cuidado, o carinho e o respeito, ok?
No ano das grandes perdas físicas de pessoas das quais amamos e não pudemos nos despedir, de quantas pessoas não pudemos abraçar, pense KWANZAA, UMOJA – UNIDADE, e saiba que só somos o que somos por termos o outro conosco, nos melhores e nos piores momentos.
Por fim, compartilho essa música para que ilustre este dia. Com a certeza que as mágoas e feridas sejam cicatrizadas e transformadas em UMOJA -UNIDADE.
Se chegou até aqui, agradeço a leitura e deixo aqui o segundo texto de celebração da Kwanzaa. Habari Gani – Feliz Kwanzaa!
O ano de 2020 não foi um ano fácil para ninguém, dentre mil planos, mil sonhos e algumas viagens planejadas Daniela Romão teve a excelente ideia de não deixar histórias reais e fascinantes de mulheres negras viajantes latinas americanas, caribenhas e africanas morrer e reascendeu a chama da memória de viagens ao redor do Brasil e Mundo através do Podcast da Bitonga Travel assim ser fonte de inspiração para outras mulheres viajarem assim como seguirem as dicas.
Mas antes de irmos aos podcast vamos para alguns números bombásticos, são eles:
– 31 Episódios;
– 37 Participantes estiveram presentes;
– 24 países ouviram os Podcast da Bitonga Travel – Costa do Marfim, Eslováquia, Singapura, Áustria, Grécia, Hungria, Países Baixos, Noruega, Japão entre outros.
Para quem é fã de inverno, neve e clôse; este é episódio certo! Lais Batista não poupou dicas de como realizou o sonho de ir ao encontro da neve uma viagem que organizou as pressas afinal de contas ela queria estar bem plena em Santiago do Chile.
Como ver a Bahia através dos olhos de uma moçambicana? Chelsea Nzualo em seu mochilão pelo Brasil conta o quanto é e está apaixonada pela Bahia, uma mulher de uma sabedoria estupenda dá uma lição sobre afroturismo e sobre conexão com sua história em terras africana e atualmente na diáspora Africana.
Quem ama histórias de casais viajantes aqui temos o casal John e Eloá, casal viajante que contaram tudinho sobre o caribe colombiano, além do sotaque americano de Jon, esse episódio é bem gostoso de ouvir, pois, Eloá é ótima nos detalhes e como viajam sem muitos planos, o que realmente surpreendeu os telespectadores.
Apaixonada por Moçambique Rebecca Aletheia a também podcaster do programa trás um episódio para se apaixonar, a mesma fala sobre várias províncias. Após alguns moçambicanos escutarem reproduzo a mensagem recebida: amamos como mostrou Moçambique, obrigada por enaltecer o povo moçambicano, orgulho define.
Aos amantes de cultura popular brasileira, história e geografia esse é o episódio para navegar além do Rio Amazonas é fazer aquela imersão na maior ópera à céu aberto do mundo. Uma viagem que não se limitou em uma ida, mas em várias idas e uma especial com os sobrinhos Livia e Vinícius Ciriáco – que também passaram no Podcast da Bitonga Travel no especial dia das crianças como foi essa aventura pelo Estado do Amazonas.
Viajar para Cuba saindo da realidade americana, foi uma excelente experiência, afinal de contas mostrou uma Cuba fascinante através dos seus olhos e dando aquele sabor de quero ir o mais breve possível.
Aquela história para se apaixonar por Zimbábue, aquela mulher destemida que saiu do interior do Ceará e foi para suas férias pelo continente africano e não poupou esforços e foi ao Zimbábue conhecer cada lugarzinho deixando os corações aquecidos e com muita vontade de conhecer a maior queda de água natural do continente africano a Mosi-ao-Tunya conhecida assim pelos locais a Victoria Falls.
Viajando em família, Chris e o marido reuniram os filhos que vivem ao redor do mundo e organizou uma super viagem em família, não mediram esforços de conhecer cada cantinho de Cape Town assim como dar dicas excelentes do que fazer e como economizar.
Em segundo lugar ficou o episódio de Petrópolis – RJ, Karen é petropolitana e não mediu esforços em contar sobre a beleza da sua cidade, encorajando locais e não locais a visitarem suas cidades.
A história de viagem entre mãe e filhas viajando para Salvador foi realmente de se encantar e apaixonar, Priscila mostrou ser super possível viajar com criança e não mediu esforços em conhecer a tão sonhada Salvador.
Deixaremos aqui o Podcast Retrospectiva 2020 para quem ouviu todos e gostaria de recordar como foram as nossas viagens tívemos 3 convidadas (Belisa, Helen Rose dos Santos e Pâmela Rocha)pra lá de especial contando seus episódios favoritos.
Agradecemos imensamente a podcaster e editora de todos os episódios Daniela Romão e esperamos que vocês continuem ouvindo essas histórias e não deixando elas morrerem.
O ano 2020 foi instituído pela Organização Mundial da Saúde(OMS) e Organização Pan-Americana de Saúde(OPAS), como o ano internacional da Enfermagem e Obstetrícia. Mediante a este marco iremos apresentar ou relembrar 12 enfermeiras negras negligenciadas na história para conhecer.
Não foi à toa que se instituiu este ano para esta celebração,
mas por duas razões: o mundo precisa de mais de 9 milhões de enfermeiras(os) e obstetrizes
para atingir a meta de cobertura universal de saúde até 2030. E pelo 200º aniversário
de nascimento da Florence Nightingale – a fundadora da enfermagem moderna.
No dia internacional da Enfermagem, 12 de maio, escrevo este texto com um histórico racial para que pensemos enfermeiras negras, que talvez não nos contaram nas aulas de história da enfermagem ou que no nosso dia-a-dia são negligenciadas devido seu estereótipo racial.
A enfermagem é conhecida como a arte do cuidar. E vamos trazer o histórico de mulheres negras tiradas forçadamente da África para o mundo, sendo submetidas a situação de escravidão e prestação do cuidado à todas as pessoas da sociedade colonial, em situações de manutenção da saúde ou na doença em todas as etapas do ciclo de vida. Neste contexto de escravidão nota-se que essas mulheres negras muitas vezes eram impedidas de cuidar de outras pessoas escravizadas e familiares, pois o cuidado exercido por estas mulheres negras no período colonial tinha como função social a servidão escravocrata. As mulheres negras prestavam o cuidado como negras domésticas, mães pretas, parteiras, enfermeiras e amas-de-leite.
No Brasil não seria diferente, o cuidado é/era exercido majoritariamente por mulheres negras. Atualmente no país há cerca de 3,5 milhões de profissionais da saúde, e aproximadamente 50% são da enfermagem, destes 86% são mulheres e 53% são negras e negros.
Neste texto gostaríamos de apresentar 12 mulheres negras que atuam como enfermeiras que fizeram e fazem parte da nossa história à nível mundial.
Mary Jane Seacole – Enfermeira negra jamaicana atuante na guerra da Crimeia, isso mesmo, a mesma guerra onde se tem o destaque para Florence Nightingale. Mary aprendeu através dos ensinamentos de sua mãe negra que praticava cuidados através da medicina tradicional, assim como o tratamento aos doentes e combate às doenças endêmicas. Em 1854, inscreveu-se para participar da equipe de enfermagem da Florence para cuidar dos soldados feridos da Guerra da Criméia, porém não foi aceita, apesar das cartas de recomendações dos governos da Jamaica e Panamá.
Um não, não é suficiente para barrar uma mulher negra, Mary Seacole arrecadou fundos para viajar por conta própria à frente de batalha. Com o dinheiro que obteve montou o British Hotel onde vendia comida e bebida aos soldados para custear as despesas do atendimento a doentes e feridos dos dois lados, teve como nome – Mãe Seacole.
Mary foi ignorada no Memorial da Guerra da Criméia, em Londres
em 1915, até ter sua autobiografia encontrada em um sebo. Onde foi homenageada
no Reino Unido e na Jamaica, onde dá nome à sede da Associação Jamaicana de
Enfermagem.
Ressaltamos a história de Mary Elisa P. Mahoney, primeira mulher negra americana diplomada enfermeira pelo New England Hospital for Women and Children, em Boston
Na história Brasileira, também temos a guerra e neste caso a do Paraguai e a enfermeira branca destaque – Ana Neri a percussora da Enfermagem no Brasil, como destacado na literatura. A guerra do Paraguai se deu no período da escravidão, ou seja, muitas mulheres negras enfermeiras estavam envolvidas porém com suas histórias negligenciadas.
Maria Jose Barroso, depois conhecida como “Maria Soldado” foi uma notória enfermeira de guerra. Atuou na guerra civil da revolução constitucionalista de 1932, inicialmente, seus feitos e posicionamento político eram exercidos como “enfermeira” da Legião Negra, posteriormente passando a atuar na linha de frente de batalha. Maria Soldado, é considerada a precursora da enfermagem moderna no Brasil. A mesma não ingressou em uma instituição de nível superior para diplomação em Enfermagem, pois não tinha os requisitos de ser a mulher ideal para compor a enfermagem profissional no Brasil por não ser “branca, culta, jovem e saudável”, assim excluía – se as mulheres negras.
A profissão de enfermeira para mulheres negras no Brasil foi negada durante 2 décadas 1920 e 1930, ou seja, na primeira escola de enfermagem, Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, pertencendo à Universidade do Rio de Janeiro – UNI-RIO, mulheres negras não eram bem-vindas.
Lydia das Dores Matta, Josephina de Melo, Lucia Conceição e Maria de Lourdes Almeida no ano 1943 na cidade de São Paulo, são as primeiras negras oriundas de estados pobres e distantes a ingressarem no Curso Básico de Enfermagem na Universidade de São Paulo, a escola de maior projeção da América Latina na época a ingressarem na universidade assim como formam-se en Enfermagem. A escola de enfermagem da USP foi criada em 1940, 3 anos depois ingressam as primeiras negras a cursar a universidade.
Rosalda Paim iniciou o curso em Enfermagem em 1947
pela Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa – EEAAC da Universidade
Federal Fluminense – UFF, na época denominada Escola de Enfermagem do Estado do
Rio de Janeiro, graduando – se em 1950. Com um currículo invejável de especializações,
visava romper com o modelo hegemônico curativista a o trazer conceitos que
ainda não eram discutidos e utilizados no sistema de saúde como, integralidade,
humanização, hierarquização dos serviços, referência e contra-referência.
A trajetória profissional de Rosalda Paim é norteada por
marcos teóricos, sociais e políticos da virada do século XX para o XXI no
Brasil e no Estado do Rio de Janeiro, de modo que a mesma teve um papel de
destaque no processo de modernização da enfermagem brasileira, na formação do
enfermeiro e profissionais de saúde, na democratização brasileira e na mudança
de paradigma na atenção em saúde.
Rosalda Paim, a primeira enfermeira parlamentar e negra do Brasil, exerceu o mandato de Deputada Estadual do Rio de Janeiro, pelo Partido Democrático Trabalhista – PDT no período de 1983 a 1987. Utilizando-se de sua formação em educação, saúde e enfermagem Paim criou e teve aprovada 20 leis na área de saúde e assistência social, assim ela exerceu uma atuação política notória e importante para a sociedade carioca e brasileira.
A enfermeira negra Izabel Santos iniciou sua trajetória profissional no Serviço Especial de Saúde Pública – SESP ligado a Opas – Organização Panamericana de Saúde na década de 50, onde atuou por 20 anos, posteriormente passou a integrar o quadro de professores Universidade Federal de Pernambuco – UFPB e por fim retoma seu vínculo com a OPAS em 1976, onde atuou como consultora até 1997, assessorando o Ministério da Saúde. A sua contribuição de maior destaque está na formação profissional de enfermagem, sobretudo no nível técnico com a idealização do Programa de Qualificação de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem – PROFAE.
Maria Stella de Azevedo dos Santos – Iyalorixá mãe Stella de Oxóssi, iniciou a graduação de enfermagem aos 15 anos de idade, tornou-se enfermeira pela Escola de Enfermagem e Saúde Pública da Universidade Federal da Bahia – UFBA. Após sua formatura especializou-se em Saúde Pública e passou integrar o quadro de enfermeiras sanitaristas da Secretária de Saúde do Estado da Bahia – SESAB em um Centro de Saúde.
Enfermeira e Iyalorixá torna-se imortal em 12 de setembro de
2013 ao assumir a cadeira de número 33 na Academia de Letras da Bahia após ser
eleita por unanimidade. Por essa cadeira que tem o poeta Castro Alves como
patrono, já foi ocupada pelo seu amigo, o também escritor Ubiratan Castro de
Araújo
Dona Ivone Lara formou-se
pela Faculdade de Enfermagem do Rio (atualmente Faculdade Alfredo Pinto, da
UNIRIO). Dedicou-se intensamente à profissão, especialmente à Saúde Mental.
Costumava percorrer as enfermarias e pavilhões do Instituto Psiquiátrico
Pedro II em busca das histórias, referências e laços familiares dos pacientes.
Era uma rotina, que além de dar-lhe satisfação, fazia parte do tratamento
terapêutico.
Prestou concurso público para o
Ministério da Saúde em 1942, antes de ingressar na Colônia Juliano Moreira,
onde atuou por mais de três décadas com pacientes afetados por graves
transtornos mentais. Fazia plantões de 24/48 horas que, segundo ela, eram
desgastantes, mas, ao mesmo tempo, muito gratificantes já que ajudavam a
diminuir o sofrimento dos que procuram as unidades públicas de saúde.
Atuou com Nise da Silveira, psiquiatra brasileira que rebelou-se contra a
lobotomia, eletrochoques e outros métodos agressivo de tratamento de Saúde
Mental, defendendo um tratamento humanizado da loucura. Com Nise,
especializou-se em terapia ocupacional.
Soube combinar a música e as habilidades de enfermeira para ajudar seus
pacientes a enfrentar transtornos mentais. A música funcionava como um bálsamo
consolador nas inúmeras festas que promovia com suas colegas de trabalho. Ela
cantava e dançava com os pacientes e, assim, transformava aquela rotina, tantas
vezes esgotantes, em momentos de felicidade.
E não poderia deixar de mencionar as duas ex-esposas de Mandela que se formaram enfermeiras Winnie Mandela e Evelyn Mase, mas essas histórias ficarão para outro texto.
Não há dúvidas que na nossa história existem muitas enfermeiras negras que fizeram e fazem história e que tem importância política nesta atuação, dispondo-se para serviços de guerras, endemias, pandemias, assim como atuação nas atividades científicas, hospitalares e nas comunidades.
Que essa profissão seja reconhecida e valorizada e com o seu devido destaque para a questão de gênero e raça.
Referência para esse texto foi o excelente estudo de graduação de Cláudio Bonfim de Oliveira Nascimento Junior: BLACK LADIES NURSES?! SIM: Enfermeiras negras e a construção da identidade da Enfermagem no Brasil
Boa parte do tempo não estamos satisfeitos e sempre irá faltar algo e talvez nunca iremos aceitar o porquê tudo isso está acontecendo, temos uma dificuldade em encontrar ou se sentir completas/os.
Darei alguns exemplos de pessoas que encontrei pelo mundo e
eu não compreendia as suas colocações e posteriormente a suas decisões:
— Eu estou cansado de viajar, vou retornar ao meu país!
Kevin, um viajante de bicicleta, que estava percorrendo o
mundo após longa conversa ele sentiu-se seguro em dizer a sua decisão. Nos
conhecemos no Tajiquistão e foi a primeira vez que eu ouvi alguém dizer isso principalmente
quando esta parece a melhor escolha da vida, viajar o mundo com o seu próprio meio
transporte. — Isso não quer dizer que ele parou de viajar, mas aquele plano por
hora foi feito, parar de dar a volta ao mundo.
— Estou num hotel 5 estrelas com tudo pago por 2 semanas. Eu
não queria estar aqui!
A frase da minha amiga Paloma — alterei o nome para preservar
a identidade, após diversas vezes dizer que este era o seu sonho, estar dias em
um hotel 5 estrelas, relaxando.
— Ficar em casa tem sido um saco. Não estou aguentando mais…
A frase mais comum nesta quarentena de norte a sul do mundo.
Sei que todo o mundo já verbalizou por diversas vezes a vontade de querer ficar
em casa vários dias.
Quando digo que temos dificuldade em estarmos satisfeitos é saber que queremos ter sempre algo novo, novidade e talvez em casa não há mais a tal novidade. Mas tenha calma, temos que recriar este novo mundo. A internet vai fichar chata, os filmes estarão sem graça, aliás, já assistimos todos, os livros serão poucos, os challenges serão cansativos. Ao reler e rever a história de Frida Khalo me foi um re-start de pensar como alguém pode viver 18 meses na cama engessada e reinventar a sua vida?
Não estou aqui querendo romantizar essa história ou trazer
toda a discussão sobre a sua vida entre prós e contras, mas pensar que uma
estudante de medicina se descobriu artista, teve que se reinventar. Usar a saia
para esconder as sequelas da paralisia infantil e usada como moda até os dias
atuais.
Frida Khalo teve problemas mentais, não é fácil estar a se redescobrir, reinventar e lidar com o seu eu diariamente, mas poder se encontrar, se ver, se entender e/ou se desentender é necessário.
Quais foram as novas reinvenções da sua vida neste novo momento?
Queremos as nossas vidas de volta, queremos estar com todo o
mundo, queremos essa tal liberdade de ir e vir, eu também! Como estamos nos
reinventando?
Quantas vezes agradecemos pela vida, pelo emprego que ainda temos, pela comida nas nossas mesas, pela oportunidade de não termos contraído nenhuma doença.
Tenho certeza, que quando acabar tudo isso, você no muro das lamentações irá ecoar aquela velha frase:
— Podíamos trabalhar de casa e vir apenas 2 dias na semana;
— Gostaria de ficar em casa todos os dias da semana;
— Odeio segunda-feira…
A diferença é que temos uma dificuldade de estarmos satisfeitos e estamos em busca de mais. Nem sempre o que não nos traz satisfação quer dizer que não seja bom, está apenas acontecendo que teremos que nos readaptar para tomar algumas novas decisões. Agradeça a oportunidade de poder estar quase tudo bem com você e a sua família, se recrie, não desista.
Eu não sou do mundo da moda e nem tenho pretensão de entrar neste mundo. Mas eu preciso dizer que ao longo da minha vida de viajante e quando a gente se encontra, quando nos conhecemos como parte neste mundo se vestir flui e não se torna um peso, se torna algo prático. Mas chega de romance amiguinhxs, antes de mostrar por onde vivi e por onde passei precisamos mostrar a caminhada e relação entre moda e viajem.
Criar a minha identidade pessoal em uma infância discriminatória, racista e machista fora do meu ambiente familiar foram sempre muito difíceis porém sempre me fortaleceram, longe de mim ser a super poderosa, a melhor bla, bla, bla. Saiba que essa não é questão de me enaltecer porque eu não preciso disso. Mas é pensar de onde surgiu esse EU!
Como criar minha identidade após anos/décadas as minhas roupas serem mencionadas como baiana? Como conseguir sobreviver sã com esse assa grave discriminação racista e xenofóbica, o que me fez a ter a minha consciência política de que SIM! Eu estou BAIANA e isso para mim, significa que estou mais linda.
Meus avós, nesse caso os três, Vó Alice, Vó Maria e Vô Sebastião vieram da Bahia e sempre nos ensinaram a ter orgulho e quanto a Bahia tinha muito a contribuir para todo o Brasil e eu não tenho dúvida, eles estavam certo, mostrando a sua importância na história, certamente meus irmãos e primos lembram da vó Maria dizendo todos os artistas baianos e sua importância para a nossa valorização cultural.
Eu sofri, ahh sofri muito, mas nunca deixei de ser eu, ter a minha personalidade, de ser livre em fazer minhas escolhas. Já contei para vocês no relato da minha história profissional parte 3 sobre como foi dolorosa a minha questões com roupas até para ser aceita no meu grupo de amigas quando eu usava uniforme para ir à escola no período do noturno quando não era obrigatório e quase ninguém usava.
Misturo cores, hoje você diz ser bonito, mas por muito tempo eu ouvi ser dito como ridículo. Doeu, mas eu nunca esmoreci, sobrevivi, o que você diz ser moda e viajem hoje, eu te digo, foi a minha teimosia e resistência.
Sempre fui apaixonada por cores e tenho um pai que tem muito estilo até mais que mamãe, tudo tem que se conectar, combinar, ser original e autêntico. Aprendi a importância de valorizar os artesãos e os produtores locais que não há preço que pague esse trabalho e reconhecer quem produz.
Eu nem preciso dizer que AMO CORES e poder viver por mais de um ano nos países dos tecidos(Tadjiquistão e Moçambique) foi uma realização, era como se eu estivesse no universo mágico das cores, se você der um Google sobre Tadjiquistão você não irá encontrar muitas informações e para a minha felicidade ao chegar por lá o país é colorido e cheio de tecidos um mais lindo que o outro, cada esquina uma loja de tecidos, ahhh eu estava no paraíso e reacendia o meu contato com moda e viajem.
Moçambique o país das capulanas, assim como chamam os tecidos africanos por aqui, nem preciso dizer que amo e como eu não coso, isso mesmo, eu não COSO! Em Moçambique a palavra costurar é dita como Coser, amo criar amo olhar o tecido e pensar no que podemos transformar esse tecido e fazer com que fique mais lindo. Os tecidos africanos têm uma pegadinha com os desenhos precisam ser simetricamente compostos e isso é realmente para especialistas e eu não me arrisco a cozer. Queria fazer aula de costura, mas era muita atividade para uma mulher só, ainda amo poder cada dia descobrir uma nova costureira ou costureiro e pensar ideias juntas, poder imaginar uma nova roupa, poder contribuir mais para a comunidade.
Sou do universo criativo, não sou das habilidades manuais, eu não tenho muita paciência, quero que as coisas fiquem prontas rápidas, mas no universo da costura, da moda tudo tem o seu tempo. Eu consigo compreender que está tudo bem em eu não poder fazer tudo e que tem pessoas aptas para todos os tipos de atividade, porém preciso cooperar para que todos os produtores tenham o seu legitimo e merecido reconhecimento.
Vivendo no Tadjiquistão, mas especificamente na rota da seda, fiz questão de ir em uma plantação de algodão e colher para sentir na pele que tudo tem uns preços e valores que não fazemos ideia o quão trabalhoso é desde o plantio e a colheita. Eu senti a dor em colher algodão, assim machuquei a minha mão. Isso para mim era pensar em moda e viajem. Pude parar para admirar o agricultor a rezar para Alá agradecendo a possibilidade de não ter tido praga este ano.
Tentei por diversas vezes aprender a costurar, mamãe tentou, porém, santa de casa não faz milagre. Minha primeira vez com uma professora de costura ela só falava em Tadjique, ou seja, era no olho e por algumas palavras que eu podia entender. Cheguei a comprar a minha primeira máquina de costura no Tadjiquistão, tive uma relação de amor e ódio, a gente não se entendia, eu não sabia costurar e não sabia quantos detalhes tem a máquina. Comprei com um rapaz que só falava tadjique e o Sasha(motorista) me ajudava a traduzir, mas ele não falava muito bem inglês e me traduzia como conseguia. Eu voltava com a máquina toda semana e dizia que não funcionava, até o Sasha sugerir que eu pedisse a um tradutor para ir comigo, mas nada de eu aprender a coser, não era nosso tempo. Aprendi a passar a linha na máquina, aprendi a rebobinar aprendi a ter paciência assim como doei a máquina a um colega do trabalho que queria presentear a esposa fazia anos, porém não tinha dinheiro. Ele me liga até hoje agradecendo a máquina.
Voltei ao Brasil e fiz um curso básico de corte costura com as Candaces Moda Afro, foi muito legal e dessa vez em Português. Hoje me sinto muito segura em fazer bainha, considero um trabalho árduo preciso dizer.
Aprendi também que implorar desconto nem sempre é justo com todos os meios de produção é negligenciar cada ato da produção, considero a importância de poder pensar nas minhas roupas. Valorizar os produtores das regiões, países dos quais passo e pensar em um consumo consciente em doar quando tenho em excesso e doar enquanto está em boa qualidade, de poder fazer meus bazares de troca assim como fazer meu brechó de desapego. E hoje compartilho meu guarda-roupa de roupas para que as pessoas possam alugar peças ao redor do mundo na Ubuntu Guarda-Roupas
Diminui meu guarda-roupa e acredito que nossas roupas assim como eu uma viajante, as minhas roupas precisam voar, precisa encontrar outros corpos e fazer com que nossa energia circule (como a Thalita Fonseca me ensinou), não podemos nos apegar às peças de roupa, precisamos é saber que tudo deve ser consciente, que além de ter é ser! A roupa traça a nossa personalidade, mas podemos trazer a nossa personalidade a roupa e é isso que temos que fazer.
Esta é a minha história com moda e viajem, viajem e eu. Conte-nos a sua história