Como prometido no post anterior sobre a Indonésia vou falar um pouco sobre minha experiência no Ashram 🙂
Pelo pouco que conheço da Ásia (cultura e países) sempre senti que eles são muito evoluídos espiritualmente. Sempre me passam a sensação do quanto eles prezam o conforto, bem estar e o respeito ao próximo. Em Bali há muitos spas, casas de massagens, escolas de ioga e ashrams.
Ashram é um espaço para autodesenvolvimento, é como um retiro espiritual. Geralmente situados em lugares um pouco mais tranquilos, afastados da loucura da cidade. O que eu fiquei era um centro de além de autodesenvolvimento, com exercícios físicos e espirituais. Cercado por campos de arroz, a 3 km de Ubud. Há algum tempo, antes da viagem ao país, eu havia começado um trabalho de autoconhecimento. Nada muito complexo, como ficar num ashram. E uma amiga que já tinha viajado à Indonésia me indicou o Ashram Anand Ubud (Fundado pelo humanista espiritual Swami Anand Krishna).
Acessei o site deles e as informações eram muito claras sobre os objetivos do espaço, como funcionavam, a estrutura e o que se poderia esperar. Troquei alguns e-mails com a equipe e acabei fechando os meus 4 dias.
Eu até tinha a possibilidade de ficar mais, mas como não sabia como seria a minha experiência, decidi ficar apenas esse período.
Fiquei com aquele friozinho na barriga de como seriam os meus dias no ashram. Tanto pelo fato de serem vegetarianos quanto com o fato de eu ter que conviver com pessoas que eram mais evoluídas espritualmente do que eu. Mas como na maioria das situações, minha experiência fui muito melhor do que eu estava imaginando!!!! 🙂
Conheci pessoas que também estavam pela primeira vez passando por aquela experiência. Que para elas também era tudo uma novidade. E o mais engraçado, estavam tão perdidas quanto eu! rs
Cheguei no ashram no início da tarde. Fui super bem recebida. A equipe toda fala um inglês muito bem compreensível. E me mostraram o espaço inteiro. E esse foi o primeiro momento que notei que eram pessoas ‘normais’ rs. Não sei que mania que temos de fantasiar as coisas né? Sim.. eles sorriem, brincam, fazem piadas.. Tudo como qualquer outra pessoa!
Como em muitos estabelecimentos e casas, ficávamos descalços em nossos quartos ou locais sagrados. Antes de chegar na área dos dormitórios já havia um lugar para deixar nossos calçados. Uma curiosidade, cada quarto tinha o nome de um deus hindu. O meu quarto se chamava Bhavani (pela minhas pesquisas: doadora da vida; o poder da natureza ou fonte de energia criativa)! Bem inspirador! :)))
Nossa programação começava bem cedinho.
Das 6h00 até 6h30 tínhamos o chanting (canto de mantras). Começava pontualmente às 6h! A equipe tinha todo um cuidado de deixar disponível a letra dos mantras para que pudéssemos acompanhar.
Após o chanting tínhamos o agnihotra (cerimônia do fogo para limpeza do corpo, mente e emoções; também para a purificação da alma e do ambiente). Era uma cerimônia curta mas era um dos momentos que eu mais gostava. Achava muito lindo e me sentia super bem. E era o momento mais familiar que eu tinha. Porque eu conhecia um dos mantras que era cantado durante a cerimônia (Mantra Gayatri) 🙂
Ás 7h30 era o momento da ioga. A aula era muito inclusiva. Não havia asanas (posições) complexas, difíceis de fazer. E foi lá que eu aprendi posições super simples para trabalhar questões super complexas em nosso interior. Ioga é uma filosofia de vida!
E por fim o café da manhã! Isso mesmo! Depois de todas essas atividades, por último vinha o café! E juro que ninguém caiu duro de fome.
Sobre o momento das refeições
Realmente não imaginava quantas opções de pratos havia no cardápio vegetariano. Tanto o café da manhã quanto o almoço eram muito variados. Com pratos indonésios e indianos. A melhor parte era a socialização. Era neste momento que todos se juntavam à mesa para comer. Todos mesmo. O cozinheiro, a professora de ioga, o ‘rapaz do chanting e da cerimônia do fogo’… sempre tínhamos longas conversas. Todos brincalhões, simpáticos e sorridentes. É engraçado pensar que só porque as pessoas seguem uma filosofia de vida você acha que elas não expressam sentimentos algum.. “não vivem”. Posso dizer que os momentos das refeições foram para eu quebrar vários preconceitos.
A parte da tarde era basicamente livre. Podíamos fazer trabalho voluntário. Tinhamos acesso à pequena biblioteca; à healing pool (piscina de purificação – pensem numa água gelada!) ou podíamos dar uma voltinha pela região.
Há templos e belas plantações de arroz por todo o lado. Eu gostava muito de ir a um warung (café/restaurante) próximo ao ashram. Foi um outro lugar que percebi que o indonésio tinha senso de humor. Havia várias plaquinhas com dizeres bem engraçados.
Cada noite havia uma programação, todas sempre iniciadas com o chating. Algumas atividades eram abertas aos turistas e outras para os locais. Eu pude participar do Satsang Spiritual Dialogue com o Swami Anand, esse era o momento que ele abordava algum assunto e deixava aberto para discussões, era bem um bate papo mesmo; e em outra noite tivemos o Inner Jorney Meditation (meditação).
É uma vivência que acredito que todos deveriam passar em algum momento da vida. Claro que não precisa ir até a Indonésia e nem seguir uma religião específica. De repente até fazer uma simples viagem sozinha. O fato de ficar conectado consigo mesmo, longe da loucura do dia a dia é realmente renovador!
Posso dizer que foi uma experiência que levarei comigo em minha vida toda.