Primeiro Encontro Bitonga Travel - 2019

Projeto

Bitonga Travel é uma proposta criativa, que surgiru em dezembro de 2018 e abre caminhos para a visibilidade de mulheres negras em transito e movimento pelo mundo. Um projeto que nasceu para compartilhar histórias de mulheres negras atino-americanas, caribenhas e africanas que viajam a relatar essas histórias de forma colaborativa com o intuito de potencializar meninas e mulheres a esse sonho que se parece tão distante.  A pluralidade é uma bandeira fundamental para que possamos incluir no coletivo aquelas que são silenciadas e/ou invisibilizadas – mulheres negras latino-americanas, caribenhas e africanas.

Origem do Nome – Bitonga Travel

Em primeiro lugar, precisamos contar um pouco sobre o significado do nosso nome – Bitonga Travel.

Bitonga é uma língua bantu de tronco nígero-congolês, mais especificamente da região do Inhambane, no Moçambique.

Travel que na língua inglêsa significa viajar, percorrer, andar, atravessar, passar por… O que significa muito além de viajar, por este motivo, escolheu-se a palavra travel para ser parte do nome.

Sendo assim, somos um povo/etnia Bitonga assim como atravessadoras desse mundo – Bitonga Travel.

Sobre o Coletivo

O fato das mulheres negras não se sentirem representadas pelo turismo, sendo muitas de nós por vezes excluídas e do mesmo modo desconsideradas pelos hotéis e demais serviços que temos tanto ou mais direito à acesso que a branquitude.

Assim como, quando olhamos para a propaganda, não somos representadas pela mídia.

Ao mesmo tempo, quando olhamos na televisão, não é nossa condição que é representada.

Então viajar o mundo é um sonho apenas branco?

Eu viajo de caminhão. Eu mesma, a Mary Ellen que vos escreve. Andei milhas e milhas, fundos e céus. Aprendi a criar o mundo na mochila, em um mapa. E a partir daí, lutar pela minha independência e pela liberdade das minhas ancestrais.

Ademais das questões externas, há também questões socialmente internalizadas que assolam os planos de viagens das tantas mulheres periféricas que sonham em viajar o mundo.

Somos constantemente julgadas pelo nosso movimento de partida ao mesmo tempo que a mulher branca está sendo parabenizada e aplaudida pela sua coragem de viajar dez dias no exterior, praticando idiomas que já tem acesso de maneira confortável, estratégica e meritocrática.

Viajar fruto de meritocracia?

Deixe, que eu mesma respondo. Em suma, para a mulher negra, não. A mulher, só por ser mulher, assim como, constantemente questionada por viajar sozinha:

Está se prostituindo?”, “Não é muito ligada à família”, “Não quer nada com a vida”, “Não quer estabilidade” estas são apenas algumas exclamativas que incluem os estereótipos mais uma vez pré-estabelecidos para mulheres que se lançam a todo machismo, racismo, homofobia, transfobia e disparições sociais do capital. As questões de gênero também são preocupações existentes para o Bitonga Travel. A mulher transexual e transgênere negra tem a liberdade de ir garantida assim como para a mulher cisgênere?

Convidamos a todas que possam participar deste processo. Bitonga Travel propõe o encontro na intenção de unir as mulheres negras viajantes-passantes e ressaltar em fotografias de viagem a estética natural pertencente à beleza diaspórica.

“Minhas viagens são sempre no modo roots. Mochila, comidas, ônibus, prato-feito baratinho […] Acredito que a presença de casais lésbicos negros nos espaços são importantes para que possamos nos reconhecer e reconectar.” Jhennifer Santine Se identifica como sapa preta de quebrada, amante da cultura popular.

Viajar vai muito além…

Outra grande questão que fomenta a exclusão do não-branco no turismo é o significado de viagem. Bitonga Travel lembra que viajar não é simplesmente se deslocar para o exterior, fazer um plano de viagem, hospedar-se num hotel prestigioso. Assim como, viajar vai muito além disso. Viajar é quando saímos do ABC e vamos para o centro da cidade, viajar é quando visitamos nossa tia na cidade vizinha. Também devemos considerar o ato de viajar é quando vamos ao bairro que crescemos.


“Viajar é IR! Não estamos sozinhas, estamos a viajar pelas nossas cidades e pelo nosso mundo, reunir mulheres negras é nos fortalecer e dizer que SIM, estamos presentes e somos viajantes.” Rebecca Aletheia – Mulher negra Amefricana.

Viajar para mulheres negras é pisar fora de casa e estar presente no mundo, ou seja, não só presente como resistente. O peixe que nada contra a correnteza. Convidamos a todas para viajar. Seja de avião, de barco, de ônibus, andando, de bicicleta, ou meramente de coração.

Por Mary Ellen Correspodente BitongaTravel

Venha ser parte!

Sendo assim, o projeto vai além tornando-se um coletivo, pois movidas pela ancestralidade africana, consideramos viver em coletividade uma ótima maneira de conseguirmos atravessar juntas e com menos dores.

Dessa forma, já somos mais de 250 mulheres que fazem parte desse coletivo ao redor de todo o Mundo.

Por fim, te convidamos para ser correspondente Bitonga Travel!



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