Mulher preta viajante e a solidão na estrada

Mulher preta viajante e a solidão na estrada

Fui convidada para uma conversa via Instagram pela Flaviana Alves -para dialogar sobre o tema – Mulher preta viajante e a solidão na estrada. Essa conversa aconteceu em novembro 2019, sendo assim, resolvi organizar meus pensamentos e traduzi-los em palavras escritas, então vamos lá.

O que é Solidão?

Primeiramente, precisamos conseguir entender um pouco mais do significado da palavra SOLIDÃO. Em uma busca rápida pelo Google encontro a definição que considero muito perspicaz:

“A solidão não requer a falta de outras pessoas e geralmente é sentida mesmo em lugares densamente ocupados. Pode ser descrita como a falta de identificação, compreensão ou compaixão.”

Quando falamos de viagem acredito permear pela AUSÊNCIA da identificação de alguém igual a mim. Assim como, da compreensão do outra de mim enquanto mulher e negra e compaixão em compreender o outro, neste caso eu/nós sem invadir, no entanto, o meu/nosso espaço.

Na psicologia podemos encontrar a definição de solidão – superficialmente falando principalmente porque eu não sou psicóloga – como o sentimento de não pertencer ao mundo que nos cerca. Não conseguimos criar vínculos ou nos identificar com os outros. Entre as causas da solidão, estão a dificuldade para se relacionar com outras pessoas, medo de ser julgado e o vazio existencial.

Fazer a escolha de viajar é você quebrar uma barreira do universo que vivemos como uma forma de afrontamento de que o nosso corpo dos quais o sistema capitalista fará questão de trazer à tona a solidão. O que é diferente de um(a) viajante branco/a que viaja em busca da solitude – é o estado de se estar sozinho e afastado das outras pessoas, e geralmente implica numa escolha.

Mulher preta viajante e a solidão na estrada

Trago todos esses conceitos ou parte deles, porque acredito que os conceitos são bem mais profundos do que mencionei acima. Compartilhar a minha história que tenho certeza de que não é só minha, ela é muito parecida com a de muitas outras mulheres negras.

Sou uma viajante desde pequena. Para nós negras e negros volto a repetir, que esse prazer que nos privam, faz parte do sistema do qual vivemos – O capitalismo! É esse tal capitalismo que faz com que a burguesia nos aprisione dentro de nossas casas, comunidades, do nosso gueto. O trecho da música do RAP 2000 é emblemático em retratar o nosso rompimento de barreiras em descobrir o mundo: “Fui pra zona sul pra conhecer água de coco”, o nome disso é emancipação, e sinceramente? Isso incomoda muita gente.

Não acordo todos os dias pensando em incomodar! Saio ao mundo para pertencer, sou parte dele, eu sou o mundo, assim como, posso cruzar as fronteiras, atravessar, permear, dançar. Se sentir solta da zona leste à zona sul, por quaisquer zona e me sentir livre é poder quebrar todos os paradigmas da solidão.

O turismo pode ser uma armadilha para conosco, ou seja, ele vem vestido de traiçoeiro, e posso te explicar o porquê penso isso.

A chegada do turismo nas comunidades/favelas tem aumentado absurdamente, porque é chic estar na comunidade só de passagem. Mas agora morar, quero ver quem quer morar por lá. É bonito de se ver, mas de se viver deixo à vocês pobres e mortais. Quando pertencemos a lugares que nos foram tirado, como zona sul, passeios e viagens glamurosos nos questionam quem somos e de onde viemos. Nos atribuindo todos os estereótipos desse mundo maléfico, está certo isso?

Vista a minha pele

Solidão? Sim! Me sinto solitária quando o direito de viajar me é negado, quando a minha cor vem primeiro, meu gênero em segundo e o meu conhecimento subestimado. Como se sentir acolhida meio à tantos preconceitos e discriminação. Vista a minha pele por algumas horas, por alguns dias, por algumas viagens que tu irás ver o quão doloso é ser uma mulher negra brasileira pelo mundo.

Na estrada deste mundo e obviamente Brasil, me senti e muitas vezes sinto falta de identificação, compreensão ou compaixão, me sinto solitária! Nem sempre viajo sozinha, mas obviamente a maioria das vezes a faço, por ser mais prática de planejar e ter mais autonomia nas escolhas pré e durante a viagem. Quando éramos pequenas/os e viajávamos para a casa de praia do meu tio e tia, ambos negros, em um condomínio fechado no litoral norte. Éramos os negros do condomínio, os farofeiros a tradicional e literal família negra cheia de crianças e todas as idades a literalmente desfrutar do nosso direito, do nosso poder de pertencimento deste espaço.

A excessão deve ser a regra!

Rebecca Aletheia - Victoria Fall - Zimbabuê - África
Rebecca Aletheia – Victoria Fall – Zimbabuê – África

Tentavam nos intimidar, mas éramos muitas e muitos, não estávamos sós! Mas lembro perfeitamente a nossa felicidade ao ver e ter outra(s) famílias negras pelo condomínio. Era o assunto por dias entre nós, estávamos nos reconhecendo nunca perdendo o medo e muito menos nos sentindo intimidados por estamos lá. Trazíamos conosco nossa história e nossas raízes, nossos pais sempre traziam a discussão racial e a discussão de classe além das salas de aula, o mundo nos ensinava na prática e nossos pais nos davam a munição para enfrentar a vida.

Não éramos chamados para festinhas do condomínio assim como, não fazíamos parte do hall de amigos da pracinha, principalmente eu e minhas primas negras, eles/elas não queriam nossas/os amizades. Nem preciso dizer o porquê, aliás vou dizer: porque somos negras, sim sofríamos racismo, era nós por nós. Nosso quarto, a sala, a varanda era nosso espaço para nossas brincadeiras os olhares matavam mais do que bala de revolver.

Viajar e não encontrar outro viajante igual a mim tem muito significado, porque é encontrar-se literalmente só, é não poder compartilhar felicidades e angústias, é saber que aquela sua piada não fará sentido algum ao não negro. Desde ter a imensa felicidade em poder tomar um banho em uma banheira, desde a primeira vez que tomei um vinho ou na primeira vez que andei de helicóptero enquanto já era a segunda/terceira vez das pessoas que estavam comigo e eu ser a única negra do grupo. Com quem eu vou conversar? Quem veio da mesma realidade que eu? Quem compreende os mesmos sentimetos que o meu?

Afeto e reconhecimento entre os nossos

Vos escrevo como uma expatriada, ou seja, uma pessoa de uma nacionalidade vivendo em outro país. Este é o meu terceiro ano vivendo fora do Brasil, e infelizmente o meu conhecimento e minhas habilidades são sempre questionados por outros expatriados, assim como dificilmente consigo ter uma relação de amizade profunda, o nome disso é Solidão!

Desde sempre imperceptivelmente viajo para lugares afro centrado, onde há negros, mas isso não quer dizer que os negros estão viajando, mas são lugares onde a população negra está/vive. Como foi o caso de Salvador, Maranhão, Piaui, Rio de Janeiro, Pernambuco, Trinidad e Tobago onde morei por quase 6 meses, Moçambqiue, África do Sul, Swazilandia/Eswatini, Zimbabwe, Zambia, Botswana, Peru, Cuba, Panamá, Bolívia… onde tive literalmente o abraço da comunidade. Não foram os viajantes que me acolheram porque na sua maioria os negros não estavam nessa posição de viajante, foram e são os locais os que fazem e abrilhantam o turismo, assim fui abraçada/acolhida. O reconhecimento em verem uma mulher negra viajando é fazer com que elas/eles sintam-se representados pela ocupação deste espaço. Recebo tanto afeto, carinho, presentes físicos que só tenho a agradecer.

Não mexe comigo, que eu não ando só…

Mediante a discussão mulher preta viajante e a solidão na estrada, preciso dizer que por todos os lugares do mundo me oferecem orações nunca nego. Acredito que é por esse motivo que estou em pé, que tenho chegado com os meus pés e corpo por todos os lugares do mundo.

Finalizo aqui esse texto com um trecho para poder ilustrar melhor o nosso diálogo – Não mexe comigo – na voz de Maria Bethânia.

“Eu tenho zumbi, besouro o chefe dos tupis Sou tupinambá, tenho erês, caboclo boiadeiro Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris Zarabatanas, curarês, flechas e altares. A velocidade da luz no escuro da mata escura O breu o silêncio a espera. Eu tenho jesus, Maria e josé, todos os pajés em minha companhia O menino deus brinca e dorme nos meus sonhos O poeta me contou

Não mexe comigo que eu não ando só Eu não ando só, que eu não ando só Não mexe não”

Música: Não Mexe comigo – cartas de Amor

Artista: Maria Bethania e Compositores: Paulo Cesar Pinheiro

Por fim, te convido a ler o livro – Cartas de Uma viajante Negra ao redor do mundo e imergir nessa e mais reflexões da autora Rebecca ALetheia.

Assim como, deixa seu comentário sobre este tema – Mulher preta viajante e a solidão na estrada, vamos amar poder ler seu comentário por aqui.

Viva Air - Infoemções importante para não passar perrengue

Viva Air – 4 informações para não passar perrengue!

Tá sabendo da novidade, a companhia aérea Viva Air, colombiana e de baixo custo começou a operar no Brasil proporcionando vo baixo custo para a Colômbia, mas atente-se para não passar perrengue. Assim como, uma boa companhia baixo custo para viajar pela Colombia.

Mas antes, é importante saber algumas informações importantes sobre essa companhia e não ter nenhuma frustração.

1. Preço barato

Realmente os preços são muito baratos, mas atenção às entrelinhas. As passagens são extremamente baratas, porém, todavia, entretanto, nem tudo são flores! As passagens não inclui bagagem ou seja é necessário comprar com bagagem caso tenha bagagem.

2. Bagagem de mão

As bagagens de mão são realmente são malas de mão, ou seja, esqueça o jeitinho brasileiro eles vão fazer questão de pesar a mala ver o tamanho da mala e tudo mais que eles possam tirar vantagem.

Na dúvida minhas amigas e meus amigos não invente! Já compre a bagagem extra se este for seu caso.

3. Check in

O grande vilão das tarifas da Viva Air é o check-in. Se você optar por esta companhia (Viva Air) saiba que terá que realizar o check in pela internet 2 horas antes do voo, caso contrario terá que pagar para fazer o check-in no balcão. Devido aos preços baixos custos a companhia aérea poupa a atividade de check-in nos balcões sendo assim é extremamente importante gente ler as entrelinhas.

4. Compra pela Internet

A compra da passagem é possível comprar pela internet é super fácil, seguro e atualmente é possível pagar em reais! Não precisa comprar muito antecipado pois como já mencionado anteriormente ela é baixo custo então é possível comprar passagens 1 semana antes do vôo.

Por fim, após todas essas recomendações para salvar a sua vida e você não passar perrengue com a Viva Air. Anote, salve todas essas são as super dicas de como viajar pela Viva Air lines sem stress assim como eu – Rebecca Aletheia – e amigas passamos!

Leia e Escute…

Vamos viajar Quilombo Cafundo

Vamos viajar? Bitonga Travel visitará o Quilombo Cafundó!

Hey mulheres negras, vamos viajar juntas com o Coletivo Bitonga Travel para o Quilombo Cafundó – interior de São Paulo? A Agência de viagens – Rota da Liberdade juntamente conosco da Bitonga Travel tem o prazer de apresentar esse lindo roteiro. Antes de mais nada, você já ouviu falar do Quilombo do Cafundó? Se ainda não, então já pega a mala e vamos embarcar nessa viagem desde já!

Sua História

Localizado em Salto de Pirapora – SP, situada a 12 quilômetros dessa cidade, a 30 de Sorocaba e a não mais de 150 quilômetros da capital de São Paulo.

O Quilombo do Cafundó é destaque em produção de alimentos orgânicos. Dessa forma, tudo ali é cultivado sem uso de agrotóxicos, adubos químicos, aditivos sintéticos, antibióticos, hormônios, nem técnicas de engenharia alimentar.

Bem como, a língua africana de tronco bantu – Quibundo ( língua falada no noroeste da Angola) é preservada, sendo nomeada como cupópia.

Nossa viagem – Vamos viajar ao Quilombo do Cafundó – Bitonga Travel

Sendo assim, vamos viajar ao Quilombo do Cafundó – uma imersão cultural em um dos Quilombos mais importantes do
Brasil.

A viagem consiste em um famoso bate e volta, ou seja, passeio de 1 dia, como é próximo da capital consiste no máximo em 1 hora e meia de ida com uma parada técnica.

A Saída da capital de São Paulo, acontecerá Rua Vergueiro,1000 – Metrô Vergueiro sentido Centro às 07:00 da manhã. O retorno de Salto de Pirapora está previsto para as 17:00.

A data

Ao mesmo tempo, em celebração do dia da mulher negra latina americana e caribenha, 25 de julho – o coletivo Bitonga Travel, realizará viagem no dia 30 de julho de 2022 ao Quilombo Cafundó.

Nossas Programação

Jongo Quilombo Cafundo - SP
Jongo Quilombo Cafundo – SP

Ao chegar ao Quilombo, haverá a boas vindas com um delicioso café da manhã e uma roda de prosa.

Assim como, acontecerá 3 oficinas no dia e um passeio pelo campo de produção de produtos organicos.

  • Oficina de Jongo – história da comunidade, língua , personalidades quilombolas;
  • Oficina de Ervas- aprendizado sobre a importância das ervas para a comunidade e seus efeitos curativos;
  • Almoço
  • Oficina de Bonecas Abayomi;
  • Passeio pelo campo – o Quilombo do Cafundó é referência na produção de orgânicos no interior do Estado de São Paulo

Valores

Em síntese, a viagem tem como valor de investimento R$ 290,00 (duzentos e noventa reais) por pessoa.

Está incluido o transporte, seguro passeio, guia cadastur, almoço, assim como as atividades no Quilombo.

Vale lembrar que não está incluido qualquer despesa pessoal, assim como, compras.

Garanta a sua vaga!

A viagem tem vagas limitadas, ou seja, apenas 15 pessoas e estão se esgotando muito rápido!

Realização

Rota da Liberdade e Bitonga Travel

Por fim, aquela super dica além do blog

Escute o nosso episódio do podcast da Bitonga Travel – Quilombo Cafundó com Solange Barbosa e venha imergir nessa viagem disponível em todas as plataformas digitais!

Podcast Bitonga |Travel – Episódio Quilombo Cafundó com Solange Barbosa