Para os dias de tristeza, viva como um adolescente Não daqueles que gritam sem parar ou choram sem motivo Mas, daqueles destemidos, que riem do nada e para o nada Que falam alto, cantam, dançam e vivem tão intensamente … Como se aquele momento fosse eterno.
Para os dias incertos, enxergue como um adolescente , Que acredita que o agora, o presente é o que importa. E, realmente importa. Mesmo que nos nublados dias a dúvida pairar, olhe para o horizonte como esse jovem, que apenas vê um horizonte, sol, chuva ou senti o vento.
Por instantes, permita-se ser esse adolescente, sem precisar arrumar resposta pra tudo e pra todos. Sinta o dia, a vida, o vento, o momento intenso que é estar no agora, no presente. Além disso, perceba quão importante é estar e viver aqui.
Como aquele adolescente, você meio que no turbilhão da onda pode escolher. Se viver intensamente ou curtir o marasmo?! Se ir a praia com os amigos ou ficar em casa?! Se ter ou não amigos?! Se sentir o pulsar da vida nas veias?!
Ainda que lá no futuro, e não um futuro longe. Mas o futuro do daqui a pouco, que possa te fazer se arrepender de algo, apenas se dê conta. Que no final das contas, quem sempre teve a rédea de tudo foi você.
Esse adolescente às avessas, em meio a risos e choros, alegrias e tristezas, caminhadas acompanhadas ou sozinhas, na chuva ou no sol conseguiu chegar até aqui. Fácil não foi! Mas, foi necessário viver tudo isso até agora.
Texto escrito por
Alê Adão –jornalista, professora, mulher negra e mochileira. Nas horas vagas se aventura a escrever alguns versos, como os recitados no vídeo. Além de já ter viajado por 7 países, ter contribuído em 2 publicações/coletânea, ama escrever poesia e sentir a sensação de liberdade e de estar ainda mais viva quando viaja. A propósito, a poesia ” A vida e o medo” teve início ou inspiração numa tarde no Rio Vermelho, em Salvador em 2018.
Da série mulher negra viajante que inspira contamos a história da Carina Silva, uma empreendedora que traz consigo a superação por de trás de cada viagem. Proprietária das empresas Destino Afro e Black Travelers .
Para algumas pessoas, viajar é um sonho nem sempre fácil de se realizar. Certa vez, uma colega me disse que queria muito de viajar, mas não tinha coragem devido ao medo de viajar sozinha. Ela dizia que viajar era um risco e que estar longe de casa em um imprevisto era arriscado. Na época eu era funcionária de uma agência de viagens e sugeri viagens em grupos e leituras sobre viagens. Ela até se animou, mas depois hesitou.
Quando penso na minha relação com viagens, vejo que desde o início sou uma viajante que sempre teve facilidade de viajar sozinha, seja pelo Brasil ou por exterior.
E faço isso quase que sem pensar em medos e anseios, na verdade, sei que viajar envolve desafios, mas o desejo e agora o hábito de viajar sempre foram mais fortes. E era interessante que esta paixão por viagens influenciava outras pessoas a viajar comigo. Em 2012 convenci minha mãe, irmã e ex namorado a viajar para Salvador juntos – foi a nossa primeira vez de avião. Foi fantástico. Nos próximos anos, isso se repetia – eu pensava em uma viagem, comprava a passagem e em seguida, amigos tomavam a coragem e vinham comigo. E foi assim para Gramado, Fortaleza, Europa e África do Sul. De certa forma, eu conseguia passar segurança para que as pessoas decidissem viajar.
Em 2018, já com minha primeira empresa aberta – a Black Travelers, eu fiz minha primeira viagem à África, e fui sozinha – uma amiga decidiu passar uma semana comigo na Cidade do Cabo :D. O meu plano era passar 3 meses na África do Sul, mas lá inclui Moçambique de última hora. E fui. Em Maputo, pesquisei regiões próximas para visitar e cheguei a praia de Macaneta. Um vilarejo de casas sem muros, sem barulho e caminhos de areia. A praia era enorme, uma longa faixa dourada de areia entre o verde da vegetação e o azul do mar e do céu. A paisagem era linda. E não havia ninguém ali. Devo confessar que está praia me trouxe medo. Sabe por quê? Eu estava sozinha, era deserta.
Entre o medo e a coragem, decidi ficar. Caminhei por cerca de 30 minutos na presença da vegetação, areias, vento e cheiro do mar. Nenhum rastro de aves, muito menos de outro ser humano. Pensava em voltar, mas qual seria meu medo? Se não havia ninguém ali. Então continuei a caminhar e encontrei uns barcos de pescadores e cabanas onde fiz umas fotos. Clique para ver a Foto
Esta caminhada na praia sozinha, me fez superar um medo que eu não sabia que tinha: de estar sozinha com a natureza. Foi um momento de entrega, reflexão e acima de tudo superação. Quando vi que não sentia mais medo de estar sozinha, decidi voltar para a Pousada.
Ali mesmo, caminhando foi que pensei, se posso motivar amigos e familiares a viajar comigo, por que não motivar brasileiros a viajar para África e países da Diáspora? Senti que era um chamado. E dali decidi lançar o Grupo 2019, que me permitiu voltar a Moçambique com pessoas desconhecidas, que simplesmente foram tocadas por minhas histórias e vivências de viagens. O Grupo 2020 aconteceu em março em Cartagena na Colômbia, pouco antes da pandemia alastrar, mesmo em um cenário de futuro incerto, nosso grupo viveu momentos tão maravilhosos, que quase todos os dias compartilhamos fotos e vídeos sobre quão felizes estávamos apesar de as sombras das incertezas estarem na porta. E logo que a viagem encerrou, as janelas do mundo foram fechadas pela quarentena. O que fica? A gratidão em perceber que minha história pode ajudar pessoas a superarem medos e a ver quão belo, complexo e diverso o mundo é. Sejam elas físicas ou mentais, viajar é sobre superar fronteiras. Cruze as tuas!
Quem vôs escreve este texto é Rebecca Alethéia, enfermeira, infectologista e mestre em ciências da saúde, mas não quero colocar o ponto de vista de uma especialista do coronavírus porque neste exato momento sou uma mulher negra viajante, sozinha pelo continente Africano e quero falar nesta perspectiva de viajante pelo mundo.
Após 1 ano de voluntariado em Moçambique e viajando por países da África Austral, decidi revisitar outros países (África do Sul) assim como conhecer novos (Malawi, Tanzânia, Ruanda, Uganda, Quênia e Etiópia).
Com tudo que tem acontecido no mundo, parece que estou fora dele neste exato momento, não há pânico, medo, quarentena. Vos escrevo diretamente da Tanzânia em Zanzibar, precisava procurar um lugar em paz e para definitivamente tirar minhas férias uma vez que provavelmente não tenho muito para onde correr.
Falar de um continente e neste caso o africano e de uma pandemia denominado coronavírus em geral é delicado, pois como sabemos ou deveríamos saber a África possui 54 países e é dividida em África do Norte que é designada como a “África Branca” (Argélia, Egito, Libano, Marrócos, Saara Ocidental e Mauritânia) e África Negra ou subsaariana composta por 47 países África do Sul, Angola, Benin, Botsuana, Burkina Fasso, Burundi, Camarões, Cabo Verde, Chade, Congo, Costa do Marfim, Djibuti, Guiné Equatorial, Eritreia, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Ilhas Comores, Lesoto, Libéria, Madagascar, Malauí, Mali, Mauritânia, Maurício, Moçambique, Namíbia, Níger, Nigéria, Quênia, República Centro-Africana, Ruanda, República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Seychelles, Serra Leoa, Somália, Sudão, Suazilândia, Tanzânia, Togo, Uganda, Zâmbia e Zimbábue.
Quero trazer algumas
reflexões das minhas percepções de que como ainda possamos ter países onde os
casos sejam Zero ou menores de 100 casos continente Africano? Quando pensamos
em números de óbitos esses números
também são menores comparado a outros países ao redor do mundo? E novamente nos remetemos essa disparidade aos
países África Subsaariana, a África Negra. (dados do dia 26/04/2020.)
A segunda reflexão é
saber que na África do Norte (5 países), contabilizam mais de 12. 480 casos
confirmados da doença e 918 óbitos, o que somando toda a África Subsaariana (47
países) arredondo para um montante de 382 casos, sendo 87 desses casos da África
do Sul, e porque eu destaco a áfrica do Sul, pela população não negra vivendo
no país. ( Dados do dia 19/03/2020), é uma discrepância quando se falar no
mesmo continente, não acha? Mais uma vez estamos diante da questão racial.
Gosto de trazer a
reflexão referente aos países do continente africano quando temos a grande
circulação de Chineses, há quem diga que são os novos colonizadores da África,
desde 1990 sua entrada tem tido uma ascensão e
2013 quando se tornou o parceiro econômico da África de países como Botsuana,
Gana, Nigéria, Angola, Quênia, Madagascar, Namíbia, Tanzânia, África do Sul,
Zâmbia Zimbábue e Djibuti, todos esses localizados na África Subsaariana,
região que se concentra grande parte do investimento chinês. Acredito que não
restam dúvidas da grande circulação, moradores e trabalhadores chineses em
África, assim como turistas, viajantes de continente americano e europeus ao redor
de África, o local onde o aumento do turismo foi mais de 40% nos últimos anos.
Outra questão que considero importante refletirmos sobre “casos ZERO”, é pensar que não há capacidade de diagnóstico em muito desses países, sabemos a escassez de recursos que existe em alguns países africanos e laboratórios de ponta. Não acredito que não sejam capazes de diagnosticar, não estou dizendo isso, mas sabemos a precariedade que os serviços públicos têm de acessarem tecnologias e neste caso laboratório para confirmação diagnóstica. São os serviços públicos que devem traçar resposta de emergência e atuar frente a uma epidemia. Existem serviços privados na África, porém quando eles não conseguem dar resposta a muitas doenças e são os serviços públicos que devem dar uma resposta rápida e eficaz. E os serviços muitas às vezes não são gratuitos.
Caso Zero pelo fato de
as pessoas serem a sua maioria jovem? Boa parte da população africana é menor
de 60 anos, o que é comum encontrarmos um maior número da população idosa no
cenário asiático, europeu e americano, porém em África também tem as tais comorbidades
o que não exclui tal acometimento severo à esta população assim como as vivendo
com HIV/AIDS, tuberculose, malária.
Atravessei 3 fronteiras de países do continente africano e estive em 4 países no período de incertezas sobre o novo coronavírus, porém a calma e tranquilidade comparada ao que vejo na televisão de outros países, é dizer que estamos em completa paz por aqui. Os supermercados não têm escassez de produtos, encontro dificuldade de achar álcool em gel que só é comercializado nas farmácias, não porque não tenha, mas pelo fato de realmente não trabalharem com estoque. Mas sempre dizem: volte amanhã que terá, ou seja, não há falta no país.
As rotinas diárias seguem como nada estivesse acontecendo, e fico perguntando como isso pode acontecer? Perguntar ao garçom, motoristas de táxi, ao recepcionista de hotel, médicos do país. Não há respostas, o que compreendo é que para muitos dos países do continente africano o viver é hoje, esses países sempre foram e são assolados com epidemias – cólera, ebola e a pandemia de HIV/AIDS, H1N1 e agora Coronavírus. Não precisamos dizer a resistência e existência quando o assunto é epidemias e pandemias não é mesmo?
Home-office e quarentena, como traduzir tais recomendações da Organização Mundial da Saúde para o continente africano? Quando a população vive da sua agricultura local e dos pequenos negócios? Como trabalhar de casa para não disseminar o vírus, como sustentar a família uma vez que a renda só dá para alguns dias? Onde está o dinheiro para fazer estoque de reserva e onde se estocar o mantimento é meio irônico tais recomendações como se pensar meios de adequação para tal?
Outro fato
importante são os recursos de água e sabão para higiene das mãos, comunidades e
grandes centros e serviços de saúde e espaços públicos onde temos a escassez de
água?
O que pensar enquanto estrangeira na África Subsaariana,
confesso que fui bem tratada, quando não havia mais turistas nos países, não
sofri qualquer discriminação por ser estrangeira ou proibida de entrar em
hotel, Airbnb muito pelo contrário, eu era vista como a potencial consumidora e
fonte de renda mesmo que fosse para auxiliar 1 família, cada compra era um
lucro para aquela população. Por incrível que pareça mesmo as fronteiras sendo
fechada eu recebia convites de uma comunidade de Uganda para trabalhar como
voluntária.
Otimista que sou, a experiência em contenção de disseminação
do ébola em países africanos me dão a grande certeza de que sim, é possível
países africanos conseguirem ter estratégias de controle de disseminação, gosto
de pensar sobre.
Aproveito este período para recomendar que assistam o filme nigeriano 93 Days, disponível no Netflix, que retrata a história de como a Nigéria atuou para salvar 21 milhões de vidas contra um surto de Ébola em 2014 com exemplo de sucesso, um filme que vale a pena ser visto ou revisto. Deixo o trailler do filme
Assim como um texto do que produzi sobre Coronavírus o que fazer durante a viagem e o aumento do dólar.
Em minhas idas e vindas para Maputo, capital de Moçambique, sempre via no mapa o país Reino de Eswatini, antiga Suazilândia, buscava por informações entre conversas e panfletos, de como chegar e quando ir, não eram tão fáceis de encontrar… E sempre vinha na minha mente, devo me arriscar .
Há agências de viagem que fazem day trip (bate e volta), mas não me adaptava ao roteiro e queria ir para a estrada, chegar como as pessoas que moram por lá chegavam.
Após a minha experiência eu quer compartilha tudinho com vocês, e são elas: existem duas opções para chegar ou de van ou de transporte público até a fronteira e depois é só pegar uma van até a capital.
Quanto custa atravessar a fronteira Suazilandia via Maputo?
A passagem de Van custou R$25,00, oi??? Isso mesmo para ir de uma capital à outra custava 90 Rands. A van só sai após encher o carro, isso significa que você poderá esperar uma eternidade 2 a 4 horas, considere que você irá esperar e muito comum e normal. Como as pessoas já sabem que só enche lá pras 11horas elas esperam 10:50 pra sair de casa com direito de pedir para motorista ligar quando estiver saindo.
Outra dica importante é que eles vão ficar segurando os passaportes para garantir o seu lugar. Talvez você terá receio de entregar, tive, mas depois compreendi como funcionava e fiquei mais tranquila e até ele já sabia que eu era uma estrangeira cheia de manias e mil recomendações de segurança.
Você também pode pegar uma van no terminal rodoviário Transfala, a oralidade é algo que você encontrará em Moçambique, ou seja, todas essas informações parecem uma escrita de pessoa maluca, que você não entenderá nada, mas fará muito sentido na pártica. Pergunte onde fica o terminal de ônibus de Maputo localizado na Baixa, as pessoas irão te ajudar.
Outro jeito de ir é de transporte público, viva eles existem!!! Porém saem por volta das 6 da manhã na frente do terminal de trem de Maputo, deixa em uma cidade e depois você deverá fazer baldeação, eu não lembro o nome das cidades porém em breve atualizo e o total foi R$4,00 até a fronteira e depois lá pega uma van de 70 Rands que deixa na capital.
Um mês depois fiz esse roteiro de transporte público e embarquei pela Baixa da cidade, quer dizer, fui até lá, cheguei 5:30 (tinha aprendido a lição de chegar cedo), porém o motorista da van me confirmou que só consegue encher às 11h da manhã ou no mínimo às 10 da manhã. Isso significa que há de esperar. Mas os rapazes que trabalham no terminal me deram outra alternativa de ir roots, ou seja, de transporte público (ônibus/auto carro) até a fronteira. Eles me deixaram dentro do ônibus municipal, a minha dica é vá lá e peça aos seguranças essa orientação de como ir até à fronteira Naamacha.
Quanto tempo de viagem?
A viagem pode demorar no mínimo 3 horas (depende de onde vai descer…) as vans vão direto e tem que passar pela fronteira.
De onde sai os Machibombo / Van?
Eu posso te garantir que essa foi uma das respostas mais difícil de encontrar mesmo eu estando em Maputo. Disseram que eu deveria ir para a Junta, um terminal de ônibus/vans que fica bem afastada da cidade, se informe porque a maioria dos ônibus/machibombo passam por lá e sai por 10 meticais o equivalente à R$0,60; se for de taxi vai ser o equivalente à R$36,00, ou seja, 600 meticais. Pasmem, é verdade o taxi para circular dentro da cidade é mais cara do que você viajar para outro país! Então vale a pena ir de ônibus/machibombo e as linhas locais passam a todo minuto. Foi aqui que eu paguei R$25,00 na van e demorou mais de horas para sair
Descobri apenas quando estava na eSwatini que tem vans que saem da Baixa da cidade, ou seja, dentro da cidade e não precisa dar essa volta toda pela cidade. Talvez o preço tenha uma diferença de 10 meticais da passagem, mas é mais perto.
Horário de partidas
Como dito anteriormente, as vans só saem se estiverem cheias, ou seja, você pode esperar muito, então a dica é chegue cedo aos pontos de partida, 5:30 da manhã é o melhor horário, porque assim você vai na primeiro carro. Mas se você chegar atrasada e estiver animada, tem rapazes que passam fazendo as unhas com desenhos e tudo e acompanha toda a vida no terminal da cidade. Eu esperei 5 horas, eu cheguei as 6:45; ainda paguei 2 passagens extra e fizemos vaquinha para que a van saísse mesmo sem o número total de passageiros, mas com o número de pagantes.
Fronteira e visto
Brasileiros não precisam de visto. Que ótima notícia #PARTIUeSWATINI!
Super Dica: você também pode ir de Johanesburgo para eSwatini, mas sinceramente não sei detalhes de preços, mas é muito comum, possível e fácil. E você pode ir de Eswatini até Moçambique ou Africa do Sul – Johanesburgo, tem transporte diários a saída e chegadas são de Manzini.
Espero que você arrisque e me conte, ou quem sabe eu faça essa rota!
Sara levantou-se correndo, com medo de ter despertado tarde demais e perdido o voo, afinal, havia organizado aquela viagem com tanto cuidado durante um ano que não podia acreditar que, por conta de uma falha no despertador do celular, iria ver todos os seus planos correndo entre seus dedos.
O alarme, na verdade, era o anúncio da mensagem recém-enviada por Nando, que, desde a noite anterior, tornara-se seu ex-namorado: “Mulheres que viajam sozinhas só podem ser loucas”, dizia o texto. A primeira reação de Sara foi soltar uma gargalhada bem alta, depois veio o receio… E se ele estivesse certo? Loucura, para muitos, ainda era um sinal de que havia algo errado a ser consertado, fora da norma, do padrão estabelecido pela sociedade. Desvio. Quebra de regras. Mas, e se justamente esse fosse o único jeito feliz de se viver? Bem, Sara não tinha tempo para grandes reflexões, precisava terminar de ajeitar a bagagem e seguir para o aeroporto.
Ao todo, foram dez horas dentro de uma aeronave cruzando o Atlântico e o Índico entre Brasil e Moçambique. Nunca em sua vida percorrera um caminho tão longo. Preferiu dormir para que o tempo passasse com um pouco mais de velocidade.
Desembarcando em terras nem assim tão firmes, logo se apressou para chegar ao ponto de onde partiria o machimbombo para seu destino final. Mais seis horas pela estrada e lá estava ela, somente com um leve vestido vermelho para proteger o corpo, pisando as areias finas de uma praia quase deserta.
Ainda parecia não acreditar no que via. O primeiro contato visual com a imensidão do mar sempre pode surpreender os olhares desavisados ou tão acostumados com paisagens nem assim tão belas. Sara estava em uma espécie de êxtase ao admirar aqueles tantos tons de azuis e a pensar no quanto havia sonhado estar ali.
Com pouco mais de quatro décadas de vida, dois filhos na bagagem e alguns relacionamentos desfeitos, essa era sua primeira viagem sozinha. Quando curiosos perguntavam qual seria o destino dessa “louca aventura”, ela teimava em responder: “Estou indo aonde meus pés me levarem”. E, assim, escolheu a África como destino. Muito mais do que um pensamento sobre um continente com tanta história, tratava-se de uma ligação marcada pela cor da pele e pelo sentimento de pertencimento àquela terra.
Sentou-se na areia e perdeu a noção do tempo observando o vaivém das ondas do Índico. Enquanto a noite se avizinhava, iniciou uma caminhada ao longo da praia, tocando, de vez em quando, os pés na água e agradecendo à Iemanjá por aquele momento.
O lugar era muito simples, não havia restaurantes chiques ou grandes casarões por perto, somente pequenas cabanas de palha e um bar que estava aberto naquele momento. Ela decidiu se arriscar, de novo e, adentrou o recinto. Os olhares masculinos a acompanhavam. Curiosos como se não pudessem acreditar no que viam: uma mulher sozinha, corpo úmido, carregava as sandálias nas mãos e parecia não se importar com ninguém ao redor. Caminhou até o balcão, pediu uma cerveja bem gelada e sentou-se à mesa aproveitando a brisa do mar e o som ambiente. Os homens, sempre tão corajosos e seguros de si, chegaram oferecendo “a melhor companhia da noite”. Sara, sempre com um leve sorriso no rosto, balançava a cabeça em tom negativo e dizia que aquela noite pertencia já estava dedicada a alguém muito especial. Em um misto de timidez e coragem, dançou sozinha duas músicas de Oliver Ngoma que embalaram a morna noite. E, finalmente, quando todos correram para perto da praia para acompanhar os poucos fogos de artifício que anunciavam a chegada de mais um novo ano, ela segurou o copo firme entre as duas mãos e levou-o ao céu brindando sua própria existência.
Crônica escrito pela Professora Valéria Lourenço – Escritora poeta e professora de língua portuguesa e literaturas no IFCE – Campus Crateús.
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Se viajar pela África é o seu sonho, Rebecca Aletheia, compartilha 10 dicas que irão dar-lhe razões de sobra para te inspirar a realizar de uma forma que nem imagina.
Em primeiro lugar, antes todas as dicas preciso dizer quais são os países que fazem parte da África Austral. São eles: África do Sul, Angola, Botsuana, ESwatini/Suazilândia, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Moçambique, Namíbia, Zâmbia e Zimbabué.
1 — Visto
Brasileiros dispensam de visto para entrar na África do Sul, Botsuana, Reino de ESwatini/Suazilândia e Namíbia, assim como podemos ficar até 90 dias.
Em relação aos demais países é possível tirar o visto na entrada do país, ou seja, nos aeroportos e fronteiras terrestres.
2 — Viajar por 2/3 países na mesma viagem
Ao mesmo tempo, uma dica ouro, é possível viajar mais de 2 países da África Austral na mesma viagem. Não vou estender-me nos roteiros, mas deixo aqui uma leve ideia do que é poderá fazer, são eles:
África do Sul, Moçambique, Reino de Eswatini
Uma viagem por Joanesburgo, Kruger Park, Maputo, Mebabane e Lombaba; é um roteiro possível e magnífico. Vivenciar as diferenças e similaridades perceptíveis pelas roupas tradicionais e línguas locais entre esses países traz a possibilidade de ver a migração dos povos zulu.
Essa viagem é possível via agências de turismo assim como de forma independente de ônibus, autocarro ou vans.
África do Sul e Namíbia
Um roteiro bem realizado nos últimos anos por carro saindo de Cape Town sendo possível visitar boa parte da Namíbia, ou seja, uma viagem pelo deserto africano regado de muita cultura e um país não muito explorado pelos turistas. É possível encontrar agências de viagem fazem esse passeio.
África do Sul e Lesoto
Joanesburgo, Pretoria e Lesoto — Um roteiro pouco realizado pelos viajantes, mas é possível ir para Lesoto e uma rota comum de carro pelos sul africanos.
Zimbabué, Botsuana e Zâmbia
Na região das Cataratas Vitórias é possível visitar os 3 países, pois são muito próximos, Zâmbia e Zimbabué dá para cruzar a fronteira caminhando, contemplando e sentindo toda a atmosfera da Victória Falls.
3 — Clima de inverno é possível
Engana-se quem pensa que na África só existe calor extremo, vou dizer-te que é possível passar frio por esses países, ou seja, é possivel encontrar neve em Lesoto devido a sua altitude, nos meses de maio a agosto tem mínima de -1 °C e máxima de 15 °C.
Nesta mesma época a temperatura não é diferente nos países ao redor, Zimbabué mínimo 8ºC e máxima de 22 ºC; ESwatini/Suazilândia o clima é entre 6 °C a 23ºC ; África do Sul de 2ºC a 26 °C.
4 — Festivais de música
Todos os países da África Austral contam com festivais musicais incríveis e muito bem organizados com infraestrutura de primeiro mundo, ocorrem em épocas diferentes e há uma movimentação enorme para estar presente e poder ouvir excelentes artistas. Deixo aqui alguns links do website desses festivais.
Bush Fire
O maior festival de música da África ocorre todos os anos em ESwatini vem pessoas do mundo inteiro para apreciar e poder vivenciar a tradição do festival, vale muito a pena esse festival! https://www.bush-fire.com/
Azgo
Festival de arte e cultura com um forte enfoque em artistas de Moçambique e de todo o continente africano. Me surpeendeu do começo ao fim, ou seja, se programe para ir neste festival! https://www.azgofestival.com/
Deixo aqui um relato e um vídeo que pude produzir este ano no festival.
Acontece em Lesoto mais especificamente próximo às cachoeiras Maletsunyane, sim na catarata que foi certificada pelo Guiness como o maior rappel de gota única, operado comercialmente pelo mundo. https://www.maletsunyanebraaifest.co.ls/
Lake of Stars
Este festival ocorre no Malawi ao redor do lago Malawi, e não há melhor combinação para uma só festa entre música, lago e cultura africana. https://lakeofstars.org/
5 — É possível viajar sozinha
Tomar a decisão de viajar sozinha é sempre uma grande e corajosa decisão. E uma das primeiras perguntas ao escolher o local é, este local é seguro para viajar sozinha? Para realizar essa viagem a “sós”, vou dizer-lhe que essa palavra a sós não existe, porque o espírito de coletividade e ajuda mútua é vivo em África. Porém, cuidado e cautela cabem em todos os lugares.
Países como Angola e Moçambique tem o português como língua oficial, ou seja, o que facilita muito aos não falantes de inglês.
Os demais países da África Austral é o inglês. Assim como, em muitas cidades irão encontrar o idioma de cada província, região, vilarejos. Porém a língua predominante é o inglês ou o português dependendo do país (Angola e Moçambique).
7 — Imersão cultural
De antemão, a imersão na cultura africana é algo que acontece naturalmente! Assim como, imergir na riqueza cultural gastronómica, danças, músicas, pinturas, cerimonias e rituais são momentos que precisam e devem ser vividos.
Cada país tem a sua própria cultura e arte, vale ressaltar a importância do respeito, assim como pedir licença para participar, assistir, filmar, fotografar.
Muitos ritos têm muito significado aos ancestrais, espíritos e para as comunidades. Conhecer a história do berço da humanidade, assim como, compreender o processo de imigração, escravização dos povos africanos é poder está disposto a trocar e aprender lições para a vida que talvez nunca foram contadas na escola.
8 — África é Rica
A África além de riqueza cultura, de pessoas afetuosas, do espírito mútuo, da coletividade e obviamente das riquezas naturais. É possível encontrar um país rico em desenvolvimento em muitas áreas.
As capitais são muito desenvolvidas assim como as Províncias/Estados possuem poder possibilitando autonomia nas suas fontes de renda e desenvolvimento local.
É possível encontrar pessoas com ótimas condições de vida. Um exemplo prático que gosto de compartilhar, África do Sul, por exemplo, em algumas cidades são possíveis encontrar UBER assim como Moçambique, app de táxi.
Os países têm buscado acompanhar o desenvolvimento mundial.
9 — Previna-se contra a Malária
Em primeiro lugar, é importante lembra malária é endémica na maioria desses países! Então, já anote, repelente nunca é D+, é aquele amigo para todas as horas e obviamente procure repelentes específicos para viagens.
Outra dica importante é beber a água tônica com quinina. Que nada mais é um alcaloide de gosto amargo que tem funções antitérmicas, antimaláricas e analgésicas, há estudos e relatos que a ingestão de uma lata diária previne malária, sendo assim, não custa acreditar.
Outra dica importante, caso a sua viagem seja maior 30 dias, há quem arrisque o uso da profilaxia antimalária. Mas lembre-se é importante sempre conversar com o seu médico sobre essa opção.
Ao mesmo tempo, se contrair malária é o seu maior medo para não viajar à África. Vou dizer-lhe que temos a Dengue no Brasil, que também mata se não tratada em imediato assim como a malária. Muitos desses países têm sistema de saúde excelente e com profissionais muito bem qualificados, África do Sul e Angola.
10 — Beleza Natural
África e os seus encantos! Quando viajamos queremos lugares paradisíacos, lindos, certo? E se possível na sua maior diversidade que são montanhas, praias, lagos, savana, cachoeiras, cataratas e deserto.
Há atividades para todos os gostos assim como a junção destes no mesmo local. Fazer a combinação de beleza natural com os esportes radicais são muito comuns assim como o maior Bungee Jump de ponte do mundo na ponte Bloukrans. A Victoria Falls, maior catarata e atração turística da África Austral.
O tal Safari e passeios marítimos
O safari sempre está entre as atividades mais famosas pelos seus belos animais da selva. Existe a possibilidade de ser feitos na maioria dos países citados, mas destaco 3 são eles: o Kruguer Park (África do Sul), Chope Nacional Park e/ou Okavango Delta, (Botsuana) Gorongosa (Moçambique) são alguns dos lugares desfrutar na África Austral.
Assim como, tem-se a possibilidade de ver pinguins, focas, tubarões e as baleias que no mês de julho encantam os mares do sul ao norte da costa do oceano índico. Indico um mergulho na praia do Tofo em Moçambique é de tirar o folego.
Espero que essas dicas tenham sido importante para que possa realizar o seu sonho de viajar pela África e neste caso a Austral ou simplesmente entrar na sua lista dos sonhos.
Por fim, te convido a acompanhar os destaques do instagram sobre esses países no meu instagram Rebecca Aletheia.